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Poemas Escolhidos: Gregório de Matos

Lista de 10 exercícios de Literatura com gabarito sobre o tema Poemas Escolhidos: Gregório de Matos com questões de Vestibulares.


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01. (UFPR) Leia atentamente o poema:

Soneto


Carregado de mim ando no mundo,

E o grande peso embarga-me as passadas,

Que como ando por vias desusadas,

Faço o peso crescer, e vou-me ao fundo.


O remédio será seguir o imundo

Caminho, onde dos mais vejo as pisadas,

Que as bestas andam juntas mais ousadas,

Do que anda o engenho mais profundo.


Não é fácil viver entre os insanos,

Erra, quem presumir que sabe tudo,

Se o atalho não soube dos seus danos.


O prudente varão há de ser mudo,

Que é melhor neste mundo, mar de enganos,

Ser louco c’os demais, que só, sisudo.

A poesia satírica de Gregório de Matos emprega modelos e procedimentos variados. José Miguel Wisnik indica que ela pode ser entendida como “uma luta cômica entre duas sociedades, uma normal e outra absurda”. (WISNIK, J. M. “Prefácio”. Poemas escolhidos de Gregório de Matos. São Paulo: Companhia das Letras, 2012, p.23). Com base nisso, é correto dizer que este soneto:

  1. apresenta a imagem de um “mundo às avessas”, em que a maioria aceita a sociedade absurda como se fosse a ideal.
  2. desenha a sociedade ideal e utópica, que deverá ser alcançada no futuro.
  3. explora a dualidade conflituosa entre corpo e espírito e associa a vertente satírica à sacro-religiosa.
  4. apresenta um sujeito poético “sisudo e só”, o que retira do soneto o tom cômico que caracteriza a sátira.
  5. apresenta a crítica aberta e racional como solução para o estado insano do mundo.

Resposta: A

Resolução: Este soneto apresenta a imagem de um "mundo às avessas", em que a maioria aceita a sociedade absurda como se fosse a ideal. O poema de Gregório de Matos critica a sociedade da época, destacando o absurdo e a insensatez que ele observa ao seu redor. A ideia de que "o prudente varão há de ser mudo" sugere que, na sociedade retratada, aqueles que veem o absurdo à sua volta muitas vezes escolhem ficar em silêncio e não enfrentar as questões, aceitando assim o estado insano do mundo como algo normal. Isso está de acordo com a definição de Wisnik sobre a poesia satírica de Gregório de Matos como uma "luta cômica entre duas sociedades, uma normal e outra absurda".

02. (UEFS) Senhor Antão de Sousa Meneses,

Quem sobe a alto lugar, que não merece,

Homem sobe, asno vai, burro parece,

Que o subir é desgraça muitas vezes.


A fortunilha autora de entremezes

Transpõe em burro o herói, que indigno cresce:

Desanda a roda, e logo o homem desce,

Que é discreta a fortuna em seus reveses.

MATOS, Gregório de. Soneto. Poemas escolhidos. São Paulo: Círculo do Livro, s.d. p. 93.

Os versos de Gregório de Matos — poeta baiano do século XVII — buscam

  1. mostrar a doutrina do bem viver seguida pelos políticos.
  2. sinalizar os vícios em que a cidade da Bahia estava mergulhada.
  3. criticar a ambição desenfreada dos homens, geradora de injustiça social.
  4. satirizar um indivíduo que alcança posição social elevada sem ter mérito para isso.
  5. advertir os que querem viver na Bahia para os riscos que correm aqueles que desejam prestígio social.

Resposta: D

Resolução: Os versos de Gregório de Matos buscam satirizar um indivíduo que alcança uma posição social elevada sem ter mérito para isso. O poema critica a ascensão de alguém (representado por "Homem") a uma posição elevada (um "alto lugar") sem que ele realmente o mereça. A ideia central é a de que a pessoa sobe na hierarquia social, mas se comporta de maneira inadequada e inapropriada, agindo como um "burro". Portanto, os versos satirizam a ambição desenfreada dos homens que alcançam posições sociais elevadas sem mérito, gerando críticas à injustiça social.

03. (UPE) Texto 5

Buscando a Cristo


A vós correndo vou, braços sagrados,

Nessa cruz sacrossanta descobertos,

Que, para receber-me, estais abertos,

E, por não castigar-me, estais cravados.


[5] A vós, divinos olhos, eclipsados

De tanto sangue e lágrimas abertos

Pois, para perdoar-me, estais despertos,

E, por não condenar-me, estais fechados.


A vós, pregados pés, por não deixar-me,

[10] A vós, sangue vertido, para ungir-me,

A vós, cabeça baixa p‘ra chamar-me.


A vós, lado patente, quero unir-me,

A vós, cravos preciosos, quero atar-me,

Para ficar unido, atado e firme.


GUERRA, Gregório de Matos. Poemas Escolhidos. São Paulo: Editora Cultrix, 1989.

Considerando a escola literária Barroco, analise as afirmativas a seguir:

I. O soneto apresenta metonímias que vão relacionando as partes de Cristo ("braços", "olhos", "pés", "sangue", "cabeça"), substituindo, aos poucos, o todo: Cristo crucificado. Com esse recurso, percebe-se que cada uma das partes do corpo revela uma atitude acolhedora, de bondade e de comiseração, o que assegura ao eu lírico fé e confiança.

II. Nesse poema, é perceptível o trabalho com figuras de linguagem representando o aspecto conceptista do Barroco. É um jogo de palavras que se desenvolve também com outros recursos, como as anáforas em “Vós” (v. 5, 9, 10, 11, 12 e 13), o que parece registrar o desejo do eu lírico de se encontrar com Cristo.

III. No soneto, nota-se uma das características típicas da estética barroca, o uso de situações ambivalentes, que permitem a dupla interpretação, como se vê nessa passagem – “braços abertos e cravados” (presos); os braços estão abertos para receber o fiel e, ao mesmo tempo, fechados para não castigá-lo pelos pecados cometidos.

IV. O texto expõe, de maneira exemplar, ao longo dos versos decassílabos, em linguagem rebuscada, o tema do fusionismo na personificação do fiel, que reconhece os sinais do acolhimento de Cristo e, por isso, esse fiel manifesta o seu desejo de “ficar unido, atado e firme”, reforçando ainda a constatação da fragilidade humana.

V. Por suas idiossincrasias quanto à visão dos pares antagônicos – pecado/perdão – o poeta utiliza, no final do poema, alguns versos livres e brancos, com os quais obtém um efeito mais leve, de caráter religioso, também cultivado pelo conceptista Padre Vieira.

Está CORRETO o que se afirma em

  1. I, II e III.
  2. I, III e IV.
  3. II, III e IV.
  4. II, IV e V.
  5. III, IV e V.

Resposta: B

Resolução: I. O soneto apresenta metonímias que vão relacionando as partes de Cristo ("braços", "olhos", "pés", "sangue", "cabeça"), substituindo, aos poucos, o todo: Cristo crucificado. Com esse recurso, percebe-se que cada uma das partes do corpo revela uma atitude acolhedora, de bondade e de comiseração, o que assegura ao eu lírico fé e confiança.

III. No soneto, nota-se uma das características típicas da estética barroca, o uso de situações ambivalentes, que permitem a dupla interpretação, como se vê nessa passagem – “braços abertos e cravados” (presos); os braços estão abertos para receber o fiel e, ao mesmo tempo, fechados para não castigá-lo pelos pecados cometidos.

IV. O texto expõe, de maneira exemplar, ao longo dos versos decassilábicos, em linguagem rebuscada, o tema do fusionismo na personificação do fiel, que reconhece os sinais do acolhimento de Cristo e, por isso, esse fiel manifesta o seu desejo de “ficar unido, atado e firme”, reforçando ainda a constatação da fragilidade humana.

04. (UFVJM) Leia atentamente este soneto de autoria do poeta barroco Gregório de Matos.

A Jesus Cristo nosso Senhor

Pequei, Senhor; mas não porque hei pecado,

Da vossa alta clemência me despido;

Porque, quanto mais tenho delinquido,

Vos tenho a perdoar mais empenhado.


Se basta a vos irar tanto pecado,

A abrandar-vos sobeja um só gemido:

Que a mesma culpa, que vos há ofendido,

Vos tem para o perdão lisonjeado.


Se uma ovelha perdida e já cobrada

Glória tal e prazer tão repentino

Vos deu, como afirmais na sacra história,


Eu sou, Senhor, a ovelha desgarrada,

Cobrai-a; e não queirais, pastor divino,

Perder na vossa ovelha a vossa glória.

GLOSSÁRIO: Despido = despeço / Cobrada = recuperada.

Fonte: MATOS, Gregório de. Poemas escolhidos. São Paulo: Companhia das Letras, 2010, p.313.

Nesse soneto, é INCORRETO afirmar que:

  1. no verso inicial ocorre um paradoxo quando o eu-lírico faz uma afirmação contraditória e desafia o raciocínio lógico do leitor.
  2. no primeiro terceto ocorre um hipérbato quando o poeta barroco produz uma inversão sintática na ordem convencional da frase.
  3. no primeiro quarteto ocorre uma sátira quando o poeta “Boca do Inferno” afirma que é o pecador quem deve se empenhar em perdoar a Jesus.
  4. no terceto final do poema ocorrem metáforas quando o eu-lírico é comparado a uma ovelha desgarrada, e Jesus é equiparado a um pastor.

Resposta: C

Resolução: O quarteto inicial do poema não faz uma afirmação de que é o pecador quem deve se empenhar em perdoar a Jesus. Pelo contrário, o eu-lírico reconhece seus pecados e se dirige a Jesus Cristo em busca de perdão. Portanto, não há sátira nesse trecho do poema.

05. (UFPR) Considere o soneto a seguir, de Gregório de Matos:

Descreve com galharda propriedade o labirinto confuso de suas desconfianças


Ó caos confuso, labirinto horrendo,

Onde não topo luz, nem fio achando;

Lugar de glória, aonde estou penando;

Casa da morte, aonde estou vivendo!


Oh voz sem distinção, Babel* tremendo;

Pesada fantasia, sono brando;

Onde o mesmo que toco, estou sonhando;

Onde o próprio que escuto, não o entendo;


Sempre és certeza, nunca desengano;

E a ambas pretensões com igualdade,

No bem te não penetro, nem no dano.


És ciúme martírio da vontade;

Verdadeiro tormento para engano;

E cega presunção para verdade.


*Babel: bíblico, torre inacabada por castigo divino; quando de sua construção os homens viram seus idiomas se confundirem, gerando o desentendimento que os obrigou a se dispersarem. Por extensão, desentendimento, confusão.

(MATOS, Gregório de. Poemas escolhidos. Seleção e organização: José Miguel Wisnik. São Paulo: Companhia das Letras, 2010. p. 219.)

O soneto transcrito apresenta características recorrentes da poesia de Gregório de Matos e do período literário em que ele o escreveu, o Barroco. Acerca desse soneto, é correto afirmar:

  1. O poema descreve um labirinto e, de modo semelhante à imagem descrita, utiliza uma linguagem em que a ideia central só se apresenta no fim do texto.
  2. O poema se apropria de duas imagens, Babel e labirinto, com a intenção de tematizar um sentimento conturbado: a presunção.
  3. O poema se estrutura como um soneto típico, em que a ideia central está apresentada no primeiro quarteto.
  4. As figuras de linguagem utilizadas associam ideias contrárias, o que se contrapõe às imagens do labirinto e de Babel.
  5. O poema apresenta nos quartetos duas imagens concretas, dissociadas das abstrações apresentadas nos tercetos.

Resposta: A

Resolução: O poema de Gregório de Matos utiliza uma linguagem que, de forma semelhante à descrição de um labirinto, apresenta uma ideia central apenas no final do texto, o que é uma característica típica do estilo barroco.

06. (Cefet-MG) Já desprezei, sou hoje desprezado,

Despojo sou, de quem triunfo hei sido,

E agora nos desdéns de aborrecido,

Desconto as ufanias de adorado.

O amor me incita a um perpétuo agrado,

O decoro me obriga a um justo olvido:

E não sei, no que empreendo, e no que lido,

Se triunfe o respeito, se o cuidado.

Porém vença o mais forte sentimento,

Perca o brio maior autoridade,


Que é menos o ludíbrio, que o tormento.

Quem quer, só do querer faça vaidade,

Que quem logra em amor entendimento,

Não tem outro capricho, que a vontade.

(Gregório de Matos. Poemas escolhidos de Gregório de Matos. São Paulo: Companhia das Letras, 2010.)

Em termos formais e temáticos, as principais carac – terísticas barrocas do soneto são, respectivamente,

  1. a sintaxe rebuscada e o culto aos contrastes.
  2. o rigor métrico e a crítica ao sentimentalismo.
  3. o vocabulário erudito e a reflexão sobre o amor.
  4. as rimas alternadas e o embate entre emoção e razão.

Resposta: A

Resolução: Nesse soneto de Gregório de Matos, podemos identificar características típicas do estilo barroco, como a sintaxe rebuscada e o culto aos contrastes, que se manifestam na oposição entre sentimentos de triunfo e desprezo, agrado e olvido, respeito e cuidado, entre outros. Essas dualidades e a elaboração formal do poema são marcas do Barroco.

07. (EsPCEx)

(…)

O Amor é finalmente

um embaraço de pernas,

uma união de barrigas,

um breve tremor de artérias.

Uma confusão de bocas,

uma batalha de veias,

um reboliço de ancas,

quem diz outra coisa é besta.

(Fragmento do poema “Definição do Amor”, de Gregório de Matos)

Fonte: MATOS, Gregório de. Poemas escolhidos. Sel., introdução e notas de José Miguel Wisnik. São Paulo: Editora Cultrix, 1981, p. 25.

Sobre o poeta citado em fragmento, verifique as proposições abaixo e, em seguida, assinale a alternativa que apresenta a sequência correta

I. O poema pertence à poesia erótica ou érotico-irônica de Gregório de Matos.

II. Há, no poema, desprezo pela concepção amorosa cristã e idealizada do amor, ao optar por uma definição do amor ligada ao corpo e à sua experiência direta.

III. O poema possui um teor lírico e amoroso, quase religioso, na exaltação que faz à mulher.

IV. Pertence à poesia religiosa de Gregório de Matos, sendo um dos poemas mais significativos por sua definição do Amor, com letra maiúscula.

  1. Somente I e III estão corretas.
  2. Somente II e III estão corretas.
  3. Somente I e II estão corretas.
  4. Somente II e IV estão corretas.
  5. Somente III e IV estão corretas.

Resposta: C

Resolução: I. O poema pertence à poesia erótica ou erótico-irônica de Gregório de Matos.

II. Há, no poema, desprezo pela concepção amorosa cristã e idealizada do amor, ao optar por uma definição do amor ligada ao corpo e à sua experiência direta.

As proposições I e II estão corretas. O poema "Definição do Amor" de Gregório de Matos pertence à sua poesia erótica e irônica, e ele apresenta uma visão do amor que contrasta com a idealização amorosa cristã, enfatizando o aspecto físico e carnal da experiência amorosa.

08. (UNIFENAS) Na questão, use os textos seguintes.

Texto I

Anjo no nome, Angélica na cara

Isso é ser flor, e Anjo juntamente:

Ser Angélica flor, e Anjo florente,

Em quem, senão em vós, se uniformara:


Quem vira uma planta, que a não cortara,

De verde pé, da rama florescente;

E quem um Anjo vira tão luzente,

Que por seu Deus o não idolatrara?


Se pois como Anjo sois dos meus altares,

Fôreis o meu Custódio, e a minha guarda,

Livrara eu de diabólicos azares.


Mas vejo, que por bela, e por galharda,

Posto que os Anjos nunca dão pesares,

Sois Anjo, que me tenta, e não me guarda.

(Gregório de Matos – Poemas Escolhidos. Org. José Miguel Wisnik, Ed. Cultrix, SP, 1997. pág. 202)

Texto II

A Mulher que Passa


Meu Deus, eu quero a mulher que passa.

Seu dorso frio é um campo de lírios

Tem sete cores nos seus cabelos

Sete esperanças na boca fresca!


Oh! como és linda, mulher que passas

Que me sacias e suplicias

Dentro das noites, dentro dos dias!


Teus sentimentos são poesia

Teus sofrimentos, melancolia.

Teus pelos leves são relva boa

Fresca e macia.

Teus belos braços são cisnes mansos

Longe das vozes da ventania.

Meu Deus, eu quero a mulher que passa!

[...]

No santo nome do teu martírio

Do teu martírio que nunca cessa

Meu Deus, eu quero, quero depressa

A minha mulher que passa!


Que fica e passa, que pacifica

Que é tanto pura quanto devassa

Que boia leve a cortiça

E tem raízes como a fumaça.

Vinícius de Moraes, in Literatura Comentada. Org.e notas- Carlos Felipe Moisés. São Paulo: Abril Educação, 1980, páginas 23/24)

I – Nota-se que os textos em questão trazem “perfis femininos”, mas diferem quanto à modalidade: o primeiro é eminentemente descritivo; o segundo, narrativo.

II – No texto I, a mulher é focalizada do ponto de vista da ambiguidade (anjo e demônio ao mesmo tempo), aspecto inexistente no texto II, em que nem mesmo é sugerido.

III – Embora modernista, o texto II é impregnado do sentimentalismo tipicamente romântico, mas atenuado por uma linguagem que soa mais natural, menos “solene”.

  1. I, II e III – corretos.
  2. II e II – corretos; III – incorreto.
  3. I e II - incorretos; III – correto.
  4. I – correto; II – incorreto; III- correto.
  5. I - incorreto; II e III – corretos.

Resposta: C

Resolução:

I. Nota-se que os textos em questão trazem “perfis femininos”, mas diferem quanto à modalidade: o primeiro é eminentemente descritivo; o segundo, narrativo. (CORRETO - O Texto I é descritivo, enquanto o Texto II é narrativo.)

II. No texto I, a mulher é focalizada do ponto de vista da ambiguidade (anjo e demônio ao mesmo tempo), aspecto inexistente no texto II, em que nem mesmo é sugerido. (CORRETO - O Texto I apresenta uma mulher ambígua, enquanto o Texto II não sugere essa ambiguidade.)

III. Embora modernista, o texto II é impregnado do sentimentalismo tipicamente romântico, mas atenuado por uma linguagem que soa mais natural, menos “solene”. (INCORRETO - O Texto II não é modernista, ele pertence ao movimento literário anterior ao modernismo, e não é caracterizado pelo sentimentalismo romântico.)

09. (FAMEMA) A veia lírico-amorosa do poeta barroco Gregório de Matos (1636-1696) está bem exemplificada em:

  1. “Que és terra, homem, e em terra hás de tornar-te,
    Te lembra hoje Deus por sua Igreja;
    De pó te faz espelho, em que se veja
    A vil matéria, de que quis formar-te.”
  2. “Aquele não sei quê, que, Inês, te assiste
    No gentil corpo, e na graciosa face,
    Não sei donde te nasce, ou não te nasce,
    Não sei onde consiste, ou não consiste.”
  3. “A cada canto um grande conselheiro,
    Que nos quer governar cabana e vinha;
    Não sabem governar sua cozinha,
    E podem governar o mundo inteiro.”
  4. “Senhor Antão de Sousa de Meneses,
    Quem sobe a alto lugar, que não merece,
    Homem sobe, asno vai, burro parece,
    Que o subir é desgraça muitas vezes.”
  5. “Ofendi-vos, meu Deus, é bem verdade,
    É verdade, Senhor, que hei delinquido,
    Delinquido vos tenho, e ofendido,
    Ofendido vos tem minha maldade.”

Resposta: B

Resolução: Este poema de Gregório de Matos expressa a veia lírico-amorosa do autor, com uma reflexão sobre o amor e a beleza de uma mulher. É um exemplo típico do aspecto lírico-amoroso presente na poesia barroca.

10. (CFTMG) Definição do amor


Mandai-me, Senhores, hoje

que em breves rasgos descreva

do Amor a ilustre prosápia,

E de Cupido as proezas.


Dizem que de clara escuma,

dizem que do mar nascera,

que pegam debaixo d’água

as armas que o Amor carrega.


[...]


O arco talvez de pipa,

A seta talvez esteira,

Despido como um maroto,

Cego como uma toupeira.


[...]


E isto é o Amor? É um corno.

Isto é o Cupido? Má peça.

[...]


O amor é finalmente

Um embaraço de pernas,

Uma união de barrigas,

Um breve tremor de artérias

Uma confusão de bocas,

Uma batalha de veias,

Um reboliço de ancas,

Quem diz outra coisa é besta.

Gregório de Matos: Poemas escolhidos (Seleção, prefácio e notas de José Miguel Wisnik). São Paulo: Cia. das Letras, 2010, p. 301-312 (fragmento).

Gregório de Matos viveu no Brasil no século XVII e é um importante escritor desse primeiro momento da literatura brasileira. A leitura do poema permite a identificação de características do pensamento barroco, vigente no período, especialmente no que diz respeito à

  1. crítica à idealização amorosa.
  2. valorização da cultura clássica.
  3. escolha pela linguagem formal.
  4. estima pelos desejos subjetivos.

Resposta: A

Resolução: Neste poema de Gregório de Matos, o autor critica a idealização amorosa e descreve o amor de forma realista, destacando aspectos físicos e mundanos, o que é uma característica típica do pensamento barroco. Ele ironiza a concepção idealizada do amor ao descrevê-lo de maneira crua e carnal, desmistificando a visão romântica e elevada desse sentimento.

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