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Lima Barreto

Lista de 10 exercícios de Literatura com gabarito sobre o tema Lima Barreto com questões de Vestibulares.


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01. (ACAFE) Leia os textos a seguir e identifique as citações extraídas da obra Cemitério dos Vivos, de Lima Barreto.

I - “Se quereis emendar a administração da Casa Verde, estou pronto a ouvir-vos; mas, se exigis que me negue a mim mesmo, não ganhareis nada. Poderia convidar alguns de vós em comissão dos outros a vir ver comigo os loucos reclusos; mas não o faço, porque seria dar-vos razão do meu sistema, o que não farei a leigos nem a rebeldes.”

ll - “Os guardas em geral, principalmente os do pavilhão e da seção dos pobres, têm os loucos na conta de sujeitos sem nenhum direito a um tratamento respeitoso, seres inferiores, com os quais eles podem tratar e fazer o que quiserem. Já lhes contei como baldeei no pavilhão, como lavei o banheiro e como um médico ou interno me tirou a vassoura da mão quando estava varrendo o jardim.”

III - “[…] eu pulei em cima da mesa, […], taquei o vidro de suco de tomate com toda a força e ele botou a galinha de lado, ficou de pé na pata traseira e me enfrentou feito homem. Pela alma da minha mãe, doutor, me representou um homem vestido de rato!”

IV - “Estive mais de uma vez no hospício, passei por diversas seções e eu posso dizer que me admirei que homens rústicos, os portugueses, mal saídos da gleba do Minho, os brasileiros, da mais humilde extração urbana, pudessem ter tanta resignação, tanta delicadeza relativa, para suportar os loucos e as suas manias. Nem todos são insuportáveis; na maioria, são obedientes e dóceis; mas os poucos rebeldes e aqueles que se enfurecem, de quando em quando, são por vezes de fazer um homem perder a cabeça.”

V - “Tu vens exata e diretamente do Darwin, da forma ancestral comum dos seres organizados: eu te vejo bem as saliências cranianas do Orango, o gesto lascivo, o ar animal e rapace do símio.”

As citações extraídas da obra Cemitério dos Vivos, de Lima Barreto, de cima para baixo, são:

  1. III - V
  2. I - III - IV
  3. II - IV
  4. I - II - V

02. (UFRGS) Lima Barreto é um autor que se caracteriza por criar tipos:

  1. rústicos, ligados ao campo.
  2. aristocratas, ligados ao campo.
  3. aristocratas, ligados à cidade.
  4. burgueses, ligados à cidade.
  5. populares, ligados ao subúrbio.

03. (UFPR) Considere o seguinte trecho do romance Clara dos Anjos, de Lima Barreto:

Por esse intrincado labirinto de ruas e bibocas é que vive uma grande parte da população da cidade, a cuja existência o governo fecha os olhos, embora lhe cobre atrozes impostos, empregados em obras inúteis e suntuárias noutros pontos do Rio de Janeiro.

(Clara dos Anjos, p. 38.)

Com base no trecho selecionado e na leitura integral do romance Clara dos Anjos, de Lima Barreto, assinale a alternativa correta.

  1. O narrador é imparcial ao descrever os cenários do subúrbio e de outros pontos da cidade, demonstrando neutralidade na constatação das diferenças entre as regiões.
  2. O subúrbio é descrito ora de modo realista, ora de modo idealizado, contribuindo para a construção de uma visão, por vezes, romantizada da pobreza.
  3. O narrador disseca com rigor quase sociológico os problemas políticos da época, citando fatos e personagens históricos reais que se misturam à narrativa.
  4. O romance apresenta o ambiente do subúrbio aliando a descrição pormenorizada do espaço físico à caracterização dos personagens que o habitam.
  5. Os vários bairros e personagens que estão nos arredores da linha férrea do trem urbano são descritos como um conjunto indiferenciado, como se cada bairro não tivesse sua característica própria.

04. (UFAM PSC) Sobre o escritor Lima Barreto pode-se afirmar:

I. É reconhecido por ter mantido uma escrita de estilo livre e muito mais despojada que o estilo dos empolados parnasianos do seu tempo.

II. Forte denunciador da questão do preconceito racial, tanto por suas crônicas quanto por seus romances.

III. São temas recorrentes em sua obra: a injustiça com relação aos afrodescendentes e pobres que residiam em subúrbios cariocas, a crítica política com relação aos problemas do país e as mazelas de uma sociedade escravocrata.

Assinale a alternativa correta:

  1. Somente as afirmativas I e II estão corretas.
  2. Somente as afirmativas I e III estão corretas.
  3. Somente a afirmativa II está correta.
  4. Somente a afirmativa III está correta.
  5. Todas as afirmativas estão corretas.

05. (UFPR) No romance Clara dos Anjos, de Lima Barreto, o narrador tece considerações generalizantes a respeito da sociedade de sua época, ao mesmo tempo em que narra a vida da protagonista, de sua família e a malandragem de Cassi Jones. A respeito de aspectos da construção de Clara ou de fatos de que ela participa, assinale a alternativa correta.

  1. A afirmação “é próprio do nosso pequeno povo fazer uma extravagante amálgama de religiões e crenças de toda a sorte, e socorrer-se desta ou daquela, conforme os transes e momentâneas agruras de sua existência” (capítulo I) explica a frequência de Clara a igrejas e templos de diferentes religiões.
  2. A frase “A gente pobre é difícil de se suportar mutuamente; por qualquer ninharia, encontrando ponto de honra, brigando, especialmente as mulheres” (capítulo VII) alude às provocações que Clara desferia contra suas vizinhas.
  3. A ponderação “Cada um de nós, por mais humilde que seja, tem que meditar, durante a sua vida, sobre o angustioso mistério da Morte, para poder responder cabalmente, se o tivermos que o fazer, sobre o emprego que demos a nossa existência” (capítulo VIII) refere-se à cena da morte de Clara.
  4. O comentário “O seu ideal na vida não era adquirir uma personalidade, não era ser ela, mesmo ao lado do pai ou do futuro marido. Era constituir função do pai, enquanto solteira, e do marido, quando casada. Não imaginava as catástrofes imprevistas da vida” (capítulo VIII) prenuncia as dificuldades que Clara enfrentou no seu casamento com Cassi.
  5. A análise “A educação que recebera, de mimos e vigilâncias, era errônea. Ela devia ter aprendido da boca dos seus pais que a sua honestidade de moça e de mulher tinha todos por inimigos, mas isto ao vivo, com exemplos, claramente...” (capítulo X) denuncia a frágil educação recebida por Clara como responsável pelo seu destino.

06. (Unioeste) Com base no conto A nova Califórnia, de Lima Barreto, assinale a alternativa INCORRETA.

  1. Na descrição do Capitão Pelino, o narrador ironiza a literatura elitista, centrada na valorização da língua culta e das normas gramaticais.
  2. Ao discorrer sobre a forma como Raimundo Flamel tratava as crianças, o narrador expõe mazelas do tecido social e racial brasileiro.
  3. O erro do químico Flamel – semelhante ao do escritor francês Saint-Pierre, em relação aos escravos – foi desconsiderar o ambiente que o cercava.
  4. Ao apontar o único crime registrado na pacífica cidade de Tubiacanga, o narrador ironiza os que se valem do poder na defesa dos próprios interesses.
  5. Quando descobre o processo alquímico de fabricar ouro – a partir dos ossos das pessoas mortas – Raimundo Flamel é covardemente assassinado.

07. (UFRGS) Considere o fragmento abaixo, extraído do conto Mágoa que Rala, do escritor Lima Barreto, que aborda a estada de D. João VI e da família real em terras brasileiras.

Dos chefes de Estado que tem tido o Brasil, o que mais amou, e muito profundamente o Rio de Janeiro, foi sem dúvida, D. João VI [...]. A gente para eles [os artistas], um pouco mais que animais, eram uns negros à toas; e a natureza, um flagelo de mosquitos e cascavéis, sem possuir uma proporcionalidade com o homem, como a de Portugal, que parecia um jardim feito para o homem.

Mesmo os nossos poetas mais velhos nunca entenderam a nossa vegetação, os nossos mares, os nossos rios; não compreendiam as nossas coisas naturais e nunca lhes pegaram a alma, o substractum; e se queriam dizer alguma coisa sobre ela caíam no lugar comum amplificado e no encadeamento de adjetivos grandiloquentes, quando não voltavam para a sua arcadiana livresca floresta de álamos, plátanos, mirtos, com vagabundíssimas ninfas e faunos idiotas, segundo a retórica e a poética das suas cerebrinas escolas, cheias de pomposos tropos, de rapé, de latim, e regras de catecismo literário. [...] como se poderia exigir de funcionários, fidalgos limitados na sua própria prosápia, uma maior força de sentimento diante dos novos quadros naturais que a luminosa Guanabara lhes dava, cercando as águas de mercúrio de suas harmoniosas enseadas?

D. João VI, porém, nobre de alta linhagem e príncipe do século de Rousseau, mal enfronhado na literatura palerma dos árcades, dos desembargadores e repentistas, estava mais apto para senti-los de primeira mão, diretamente.

Considere as seguintes afirmações sobre esse fragmento.

I - Ao abordar a estada de D. João VI e da família real em terras brasileiras, o autor condena os artistas que não se deixaram tocar pela força da paisagem brasileira, preferindo cenários e personagens artificiais.

II - Ao apresentar uma leitura amargurada sobre os burocratas e intelectuais da época, o autor revela sua condição social inferior: mulato pobre no aristocrático meio intelectual da virada do século XIX para o XX.

III - Ao contemplar a “luminosa Guanabara”, D. João VI, por desconhecer os preceitos da “literatura palerma dos árcades”, deixou-se sensibilizar diante dos novos quadros naturais.

Quais estão corretas?

  1. Apenas I.
  2. Apenas II.
  3. Apenas I e III.
  4. Apenas II e III.
  5. I, II e III.

08. (ENEM 2012) Desde dezoito anos que o tal patriotismo lhe absorvia e por ele fizera a tolice de estudar inutilidades. Que lhe importavam os rios? Eram grandes? Pois que fossem... Em que lhe contribuiria para a felicidade saber o nome dos heróis do Brasil? Em nada... O importante é que ele tivesse sido feliz. Foi? Não. Lembrou-se das coisas do tupi, do folk-lore, das suas tentativas agrícolas... Restava disso tudo em sua alma uma satisfação? Nenhuma! Nenhuma!

O tupi encontrou a incredulidade geral, o riso, a mofa, o escárnio; e levou-o à loucura. Uma decepção. E a agricultura? Nada. As terras não eram ferazes e ela não era fácil como diziam os livros. Outra decepção. E, quando o seu patriotismo se fizera combatente, o que achara? Decepções. Onde estava a doçura de nossa gente? Pois ele não a viu combater como feras? Pois não a via matar prisioneiros, inúmeros? Outra decepção. A sua vida era uma decepção, uma série, melhor, um encadeamento de decepções.

A pátria que quisera ter era um mito; um fantasma criado por ele no silêncio de seu gabinete.

BARRETO, L. Triste fim de Policarpo Quaresma. Disponível em: www.dominiopublico.gov.br. Acesso em: 8 nov. 2011.

O romance Triste fim de Policarpo Quaresma, de Lima Barreto, foi publicado em 1911. No fragmento destacado, a reação do personagem aos desdobramentos de suas iniciativas patrióticas evidencia que

  1. a dedicação de Policarpo Quaresma ao conhecimento da natureza brasileira levou-o a estudar inutilidades, mas possibilitou-lhe uma visão mais ampla do país.
  2. a curiosidade em relação aos heróis da pátria levou-o ao ideal de prosperidade e democracia que o personagem encontra no contexto republicano.
  3. a construção de uma pátria a partir de elementos míticos, como a cordialidade do povo, a riqueza do solo e a pureza linguística, conduz à frustração ideológica.
  4. a propensão do brasileiro ao riso, ao escárnio, justifica a reação de decepção e desistência de Policarpo Quaresma, que prefere resguardar-se em seu gabinete.
  5. a certeza da fertilidade da terra e da produção agrícola incondicional faz parte de um projeto ideológico salvacionista, tal como foi difundido na época do autor.

09. (UPE) Triste Fim de Policarpo Quaresma é um romance em terceira pessoa, em que se nota maior esforço de construção e acabamento formal. Lima Barreto nele conseguiu criar uma personagem que não fosse mera projeção de amarguras pessoais como o amanuense Isaías Caminha, nem um tipo pré-formado, nos moldes das figuras secundárias que pululam em todas as suas obras. O Major Quaresma não se exaure na obsessão nacionalista, no fanatismo xenófobo; pessoa viva, as suas reações revelam o entusiasmo do homem ingênuo, a distanciá-lo do conformismo em que se arrastam os demais burocratas e militares reformados cujos bocejos amornecem os serões do subúrbio.

Bosi, Alfredo. História Concisa da Literatura Brasileira. São Paulo: Editora Cultrix, 1998

Quais dos trechos a seguir são da obra Triste Fim de Policarpo Quaresma?

I. “Seriam nove horas do dia. Um sol ardente de março esbate-se nas venezianas que vestem as sacadas de uma sala, nas Laranjeiras. A luz coada pelas venezianas empanadas debuxa com a suavidade do nimbo o gracioso busto de Aurélia sobre o aveludado escarlate do papel que forra o gabinete. Reclinada na conversadeira com os olhos a vagar pelo crepúsculo do aposento, a moça parece imersa em intensa cogitação. O recolho apaga-lhe no semblante, como no porte, a reverberação mordaz que de ordinário ela desfere de si, como a chama sulfúrea de um relâmpago.”

II. “Na ficção, havia unicamente autores nacionais ou tidos como tais: o Bento Teixeira, da Prosopopeia; o Gregório de Matos, o Basílio da Gama, o Santa Rita Durão, o José de Alencar (todo), o Macedo, o Gonçalves Dias (todo), além de muitos outros. Podia-se afiançar que nem um dos autores nacionais ou nacionalizados de oitenta pra lá faltava nas estantes do major.”

III. “Uma noite destas, vindo da cidade para o Engenho Novo, encontrei no trem da Central um rapaz aqui do bairro, que eu conheço de vista e de chapéu. Cumprimentou-me, sentou-se ao pé de mim, falou da Lua e dos ministros, e acabou recitando-me versos. A viagem era curta, e os versos pode ser que não fossem inteiramente maus. Sucedeu, porém, que, como eu estava cansado, fechei os olhos três ou quatro vezes; tanto bastou para que ele interrompesse a leitura e metesse os versos no bolso. — Continue, disse eu acordando. — Já acabei, murmurou ele. — São muito bonitos.”

IV. “De sorte que quem o contorna, seguindo para o norte, observa notáveis mudanças de relevos: a princípio o traço contínuo e dominante das montanhas, precintando-o, com destaque saliente, sobre a linha projetante das praias; depois, no segmento de orla marítima entre o Rio de Janeiro e o Espírito Santo, um aparelho litoral revolto, feito da envergadura desarticulada das serras, riçado de cumeadas e corroído de angras, e escancelando-se em baías, repartindo-se em ilhas, e desagregando-se em recifes desnudos, à maneira de escombros do conflito secular que ali se trava entre os mares e a terra; em seguida, transposto o 15° paralelo, a atenuação de todos os acidentes — serranias que se arredondam e suavizam as linhas dos taludes, fracionadas em morros de encostas indistintas no horizonte que se amplia; até que em plena faixa costeira da Bahia, o olhar, livre dos anteparos de serras que até lá o repulsam e abreviam, se dilata em cheio para o ocidente, mergulhando no âmago da terra amplíssima lentamente emergindo num ondear longínquo de chapadas.”

V. “Tinha todos os climas, todos os frutos, todos os minerais e animais úteis, as melhores terras de cultura, a gente mais valente, mais hospitaleira, mais inteligente e mais doce do mundo - o que precisava mais? Tempo e um pouco de originalidade. Portanto, dúvidas não flutuavam mais no seu espírito, mas no que se referia à originalidade de costumes e usanças, não se tinham elas dissipado, antes se transformaram em certeza após tomar parte na folia do “Tangolomango”, numa festa que o general dera em casa.”

Estão CORRETOS, apenas, os itens

  1. I, II e III.
  2. I e III.
  3. II e IV.
  4. II e V.
  5. IV e V.

10. (ENEM PPL 2017) Chamou-me o bragantino e levou-me pelos corredores e pátios até ao hospício propriamente. Aí é que percebi que ficava e onde, na seção, na de indigentes, aquela em que a imagem do que a Desgraça pode sobre a vida dos homens é mais formidável. O mobiliário, o vestuário das camas, as camas, tudo é de uma pobreza sem par. Sem fazer monopólio, os loucos são da proveniência mais diversa, originando-se em geral das camadas mais pobres da nossa gente pobre. São de imigrantes italianos, portugueses e outros mais exóticos, são os negros roceiros, que teimam em dormir pelos desvãos das janelas sobre uma esteira esmolambada e uma manta sórdida; são copeiros, cocheiros, moços de cavalariça, trabalhadores braçais. No meio disto, muitos com educação, mas que a falta de recursos e proteção atira naquela geena social.

BARRETO, L. Diário do hospício e O cemitério dos vivos. São Paulo: Cosac& Naify, 2010.

No relato de sua experiência no sanatório onde foi interno, Lima Barreto expõe uma realidade social e humana marcada pela exclusão. Em seu testemunho, essa reclusão demarca uma

  1. medida necessária de intervenção terapêutica.
  2. forma de punição indireta aos hábitos desregrados.
  3. compensação para as desgraças dos indivíduos.
  4. oportunidade de ressocialização em um novo ambiente.
  5. conveniência da invisibilidade a grupos vulneráveis e periféricos.

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