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Vidas Secas: Graciliano Ramos

Lista de 10 exercícios de Literatura com gabarito sobre o tema Vidas Secas: Graciliano Ramos com questões de Vestibulares.


Você pode conferir as videoaulas, conteúdo de teoria, e mais questões sobre o tema Vidas Secas: Graciliano Ramos.




01. (FUVEST) (...) procurei adivinhar o que se passa na alma duma cachorra. Será que há mesmo alma em cachorro? Não me importo. O meu bicho morre desejando acordar num mundo cheio de preás. Exatamente o que todos nós desejamos. A diferença é que eu quero que eles apareçam antes do sono, e padre Zé Leite pretende que eles nos venham em sonhos, mas no fundo todos somos como a minha cachorra Baleia e esperamos preás. (...)

Carta de Graciliano Ramos a sua esposa

(...) Uma angústia apertou-lhe o pequeno coração. Precisava vigiar as cabras: àquela hora cheiros de suçuarana deviam andar pelas ribanceiras, rondar as moitas afastadas. Felizmente os meninos dormiam na esteira, por baixo do caritó onde sinha Vitória guardava o cachimbo.

(...)

Baleia queria dormir. Acordaria feliz, num mundo cheio de preás. E lamberia as mãos de Fabiano, um Fabiano enorme. As crianças se espojariam com ela, rolariam com ela num pátio enorme, num chiqueiro enorme. O mundo ficaria todo cheio de preás, gordos, enormes.

Graciliano Ramos, Vidas secas.

A comparação entre os fragmentos, respectivamente, da Carta e de Vidas secas, permite afirmar que

  1. “será que há mesmo” e “acordaria feliz” sugerem dúvida.
  2. “procurei adivinhar” e “precisava vigiar” significam necessidade.
  3. “no fundo todos somos” e “andar pelas ribanceiras” indicam lugar.
  4. “ padre Zé Leite pretende” e “Baleia queria dormir” indicam intencionalidade.
  5. “todos nós desejamos” e “dormiam na esteira” indicam possibilidade.

02. (FUVEST) (...) procurei adivinhar o que se passa na alma duma cachorra. Será que há mesmo alma em cachorro? Não me importo. O meu bicho morre desejando acordar num mundo cheio de preás. Exatamente o que todos nós desejamos. A diferença é que eu quero que eles apareçam antes do sono, e padre Zé Leite pretende que eles nos venham em sonhos, mas no fundo todos somos como a minha cachorra Baleia e esperamos preás. (...)

Carta de Graciliano Ramos a sua esposa

(...) Uma angústia apertou-lhe o pequeno coração. Precisava vigiar as cabras: àquela hora cheiros de suçuarana deviam andar pelas ribanceiras, rondar as moitas afastadas. Felizmente os meninos dormiam na esteira, por baixo do caritó onde sinha Vitória guardava o cachimbo.

(...)

Baleia queria dormir. Acordaria feliz, num mundo cheio de preás. E lamberia as mãos de Fabiano, um Fabiano enorme. As crianças se espojariam com ela, rolariam com ela num pátio enorme, num chiqueiro enorme. O mundo ficaria todo cheio de preás, gordos, enormes.

Graciliano Ramos, Vidas secas.

As declarações de Graciliano Ramos na Carta e o excerto do romance permitem afirmar que a personagem Baleia, em Vidas secas, representa

  1. o conformismo dos sertanejos.
  2. os anseios comunitários de justiça social.
  3. os desejos incompatíveis com os de Fabiano.
  4. a crença em uma vida sobrenatural
  5. o desdém por um mundo melhor.

03. (ESPM) Fragmento 1:

Fabiano atentou na farda com respeito e gaguejou, procurando as palavras de seu Tomás da Bolandeira:

− Isto é. Vamos e não vamos. Quer dizer. Enfim, contanto, etc.

É conforme.

...

(...) Era bruto, sim senhor, nunca havia aprendido, não sabia explicar-se. Estava preso por isso? Como era? Então mete-se um homem na cadeia porque ele não sabe falar direito?

Fragmento 2:

(...) Ele nunca tinha ouvido falar em inferno. Estranhando a linguagem de Sinha Terta, pediu informações. Sinha Vitória, distraída, aludiu vagamente a certo lugar ruim demais, e como o filho exigisse uma descrição, encolheu os ombros.

...

(...) Não obteve resposta, voltou à cozinha, foi pendurar-se a saia da mãe: − Como é?

Sinha Vitória falou em espetos quentes e fogueiras.

− A senhora viu?

Aí Sinha Vitória se zangou, achou-o insolente e aplicou-lhe um cocorote.

O menino saiu indignado com a injustiça (...).

Os fragmentos são de Vidas Secas, de Graciliano Ramos. No fragmento 1, Fabiano foi preso pelo soldado amarelo e, no 2, o menino mais velho é castigado por querer satisfazer uma curiosidade. A partir dos excertos, pode-se dizer que a obra aborda a questão da linguagem como:

  1. privilégio de uma elite social que a usa como forma de manter um status dentro da comunidade na qual está inserida.
  2. representação da cultura oficial e um anseio da população mais carente, ávida de um instrumento de defesa.
  3. instrumento de poder e repressão, uma vez que quem não a possui é vítima da violência física e psicológica.
  4. manipulação de conceitos abstratos, permitindo a quem domina a linguagem alterar o significado dos paradigmas.
  5. forma de justificativa à agressão, já que quem detém o conhecimento considera o ignorante um ser inferior.

04. (PUC-Campinas) Iriam para diante, alcançariam uma terra desconhecida. Fabiano estava contente e acreditava nessa terra, porque não sabia como ela era nem onde era. (...) E andavam para o Sul, metidos naquele sonho. Uma cidade grande cheia de pessoas fortes. Os meninos em escolas, aprendendo coisas difíceis e necessárias. (...) Chegariam a uma terra desconhecida e civilizada, ficariam presos nela. E o sertão continuaria a mandar gente para lá. O sertão mandaria para a cidade homens fortes, brutos, como Fabiano, Sinha Vitória e os dois meninos.

(RAMOS, Graciliano. Vidas secas. São Paulo: Martins, 27. ed., s/d, p. 172)

Nessas frases finais do romance Vidas secas,

  1. a família de migrantes anima-se ao ter notícias de que uma vida melhor já lhes estava reservada.
  2. como que voltando ao ponto inicial da narrativa, a família põe-se em marcha, tocada pela seca.
  3. o temor silencioso que assalta Fabiano e sua família é o de se manterem presos à terra desconhecida.
  4. o narrador faz ver ao leitor quão atípica se tornou a situação daquela família de nordestinos.
  5. como que insinuando a impossibilidade de Fabiano alcançar seu destino, o narrador se vale do futuro do pretérito.

05. (UFVJM) O livro Vidas Secas, de Graciliano Ramos, se esforça para revelar a desumanização promovida pela seca nos personagens. Dessa forma, com relação aos personagens da obra, é correto afirmar que

  1. Fabiano, o pai, oscila entre a condição de homem e a de animal.
  2. Sinhá Vitória, a mãe, acompanha a condição de seu marido.
  3. o filho Menino mais Novo se identifica com a mãe.
  4. o filho Menino mais Velho se identifica com o pai.

06. (PUC-Campinas) Iriam para diante, alcançariam uma terra desconhecida. Fabiano estava contente e acreditava nessa terra, porque não sabia como ela era nem onde era. (...) E andavam para o Sul, metidos naquele sonho. Uma cidade grande cheia de pessoas fortes. Os meninos em escolas, aprendendo coisas difíceis e necessárias. (...) Chegariam a uma terra desconhecida e civilizada, ficariam presos nela. E o sertão continuaria a mandar gente para lá. O sertão mandaria para a cidade homens fortes, brutos, como Fabiano, Sinha Vitória e os dois meninos. (RAMOS, Graciliano. Vidas secas. São Paulo: Martins, 27. ed., s/d, p. 172)

Publicado em 1938, o romance Vidas secas tem como contexto histórico e literário

  1. a consagração do movimento modernista, notadamente quanto à nova forma narrativa que nele se preconizava.
  2. um conjunto de textos ficcionais, os quais se restringiam à análise de caracteres e à investigação psicológica.
  3. uma sucessão de movimentos locais libertários, provocados sobretudo pelo descontentamento com a República.
  4. a consagração do naturalismo científico, no qual a documentação histórica dava base à narrativa ficcional.
  5. um conjunto de obras ficcionais pelo qual se revelavam aspectos socioeconômicos de regiões brasileiras.

07. (UEMA) Vidas Secas, de Graciliano Ramos, obra da segunda fase do Modernismo brasileiro, conta a saga de uma família de retirantes, marcada por uma ostensiva exclusão social.

Texto III

[...]

Olhou em torno, com receio de que, fora os meninos, alguém tivesse percebido a frase imprudente. Corrigiu-a, murmurando:

- Você é um bicho, Fabiano. Isto para ele era motivo de orgulho. Sim senhor, um bicho capaz de vencer dificuldades.

Chegara naquela situação medonha – e ali estava, forte, até gordo, fumando o seu cigarro de palha.

- Um bicho, Fabiano.

[...]

Era. Apossara-se da casa porque não tinha onde cair morto, passara uns dias mastigando raiz de imbu e sementes de mucunã. Viera a trovoada. E, com ela, o fazendeiro, que o expulsara. Fabiano fizera-se desentendido e oferecera seus préstimos, resmungando, coçando os cotovelos, sorrindo aflito. O jeito que tinha era ficar. E o patrão aceitara-o, entregara-lhe as marcas de ferro.

Agora Fabiano era vaqueiro, e ninguém o tiraria dali. Aparecera como um bicho, mas criara raízes, estava plantado. Olhou as quipás, os mandacarus e os xiquexiques. Era mais forte que tudo isso, era como as catingueiras e as baraúnas. Ele, a sinhá Vitória, os dois filhos e a cachorra Baleia estavam agarrados à terra.

[...]

Entristeceu. Considerar-se plantado em terra alheia!

[...]

RAMOS, Graciliano. Vidas Secas. 127 ed. Rio de Janeiro: Record, 2015.

Com marcas temporais adequadas, o narrador usa o recurso do flashback para

  1. fazer digressões do narrador, fora do contexto das personagens.
  2. fazer valer momentos memoráveis da vida de uma das personagens.
  3. focar o cenário onde se passa a história narrada.
  4. dar maior dinamismo à fala das personagens.
  5. evitar recorrências na tessitura narrativa.

08. (UEMA) No livro Vidas Secas, tanto as dificuldades de interlocução de Fabiano como o silêncio que lhe é característico, relacionam-se à condição subalterna que a personagem vivencia em seu meio social. Essa relação é evidenciada no seguinte fragmento:

  1. “Às vezes dizia uma coisa sem intenção de ofender, entendiam outra, e lá vinham questões. Perigoso entrar na bodega. O único vivente que o compreendia era a mulher. Nem precisava falar: bastavam gestos.”
  2. “Fabiano também não sabia falar. Às vezes largava nomes arrevesados, por embromação. Via perfeitamente que tudo era besteira. Não podia arrumar o que tinha no interior. Se pudesse... Ah! Se pudesse, atacaria os soldados amarelos que espancam as criaturas inofensivas.”
  3. “Conteve-se, notou que os meninos estavam perto, com certeza iam admirar-se ouvindo-o falar só. E, pensando bem, ele não era homem: era apenas um cabra ocupado em guardar coisas dos outros.”
  4. “Vivia longe dos homens, só se dava bem com os animais. Os seus pés duros quebravam espinhos e não sentiam a quentura da terra. Montado, confundia-se com o cavalo, grudava-se a ele. E falava uma linguagem cantada, monossilábica e gutural, que o companheiro entendia.”
  5. “Era como se Fabiano tivesse esfolado um animal. A barba ruiva e emaranhada estava invisível, os olhos azulados e imóveis fixavam-se nos tições, fala dura e rouca entrecortava-se de silêncios.”

09. (UFRGS) Leia os trechos abaixo, retirados respectivamente do segundo e do penúltimo capítulos de Vidas Secas, de Graciliano Ramos.

– Fabiano, você é um homem, exclamou em voz alta.

Conteve-se, notou que os meninos estavam perto, com certeza iam admirar-se ouvindo-o falar sozinho. E, pensando bem, ele não era um homem; era apenas um cabra ocupado em guardar coisas dos outros. Vermelho, queimado, tinha olhos azuis e os cabelos ruivos; mas como vivia em terra alheia, cuidava de animais alheios, descobria-se, encolhia-se na presença de brancos e julgavase cabra. (Capítulo II).

Cabra ordinário, mofino, encolhera-se e ensinara o caminho. Esfregou a testa suada e enrugada. Para que recordar a vergonha? Pobre dele. Estava tão decidido que ele viveria sempre assim? Cabra safado, mole. Se não fosse tão fraco, teria entrado no cangaço e feito misérias. Depois levaria um tiro de emboscada ou envelheceria na cadeia, cumprindo sentença, mas isto não era melhor que acabar-se numa beira de caminho, assando no calor, a mulher e os filhos acabando-se também. Devia ter furado o pescoço do amarelo com faca de ponta, devagar. Talvez estivesse preso e respeitado, um homem respeitado, um homem. Assim como estava, ninguém podia respeitá-lo. Não era homem, não era nada. Aguentava zinco no lombo e não se vingava. (Capítulo XII).

Assinale a alternativa CORRETA sobre os trechos acima.

  1. No segundo trecho, Fabiano revela o projeto de virar cangaceiro para ser respeitado como um homem.
  2. No primeiro trecho, Fabiano revela vergonha de se afirmar como homem, por ser apenas um cabra ocupado em guardar as coisas dos outros.
  3. No primeiro e no segundo trechos, a sensação de não ser homem permanece, apesar de Fabiano ter furado o pescoço do soldado amarelo.
  4. Em ambos os trechos, Fabiano revive a vergonha de ter dito que era homem para o soldado amarelo.
  5. Na presença dos meninos, Fabiano luta para superar a vergonha de ser cabra e de se afirmar como homem.

10. (UFRR) TEXTO

“As manchas dos juazeiros tornaram a aparecer, Fabiano aligeirou o passo, esqueceu a fome, a canseira e os ferimentos. As alpercatas dele estavam gastas nos saltos, e a embira tinha-lhe aberto entre os dedos rachaduras muito dolorosas. Os calcanhares, duros como cascos, gretavam-se e sangravam. Num cotovelo do caminho avistou um canto de cerca, encheu-o a esperança de achar comida, sentiu desejo de cantar. A voz saiu-lhe rouca, medonha. Calou-se para não estragar força.”

“Deixaram a margem do rio, acompanharam a cerca, subiram uma ladeira, chegaram aos juazeiros. Fazia tempo que não viam sombra. Sinhá Vitória acomodou os filhos, que arriaram como trouxas, cobriu-os com molambos. O menino mais velho, passada a vertigem que o derrubara, encolhido sobre folhas secas, a cabeça encostada a uma raiz, adormecia, acordava. E quando abria os olhos, distinguia vagamente um monte próximo, algumas pedras, um carro de bois. A cachorra Baleia foi enroscarse junto dele.”

“Estavam no pátio de uma fazenda sem vida. O curral deserto, o chiqueiro das cabras arruinado e também deserto, a casa do vaqueiro fechada, tudo anunciava abandono. Certamente o gado se finara e os moradores tinham fugido.”

Vidas Secas. Graciliano Ramos.

A partir da leitura dos excertos da obra Vidas Secas, de Graciliano Ramos, mostrados no texto, podemos observar:

  1. Uma linguagem bruta que se sobrepõe a qualquer valor sentimental entre os personagens da narrativa.
  2. Um processo de migração em busca das necessidades básicas de sobrevivência, ao mesmo tempo em que revela a expressão de relações humanas prejudicadas pela aridez do ambiente, atenuada pela presença de Baleia.
  3. A perspectiva de um narrador em primeira pessoa que revela suas próprias experiências diante da secura do ambiente e da necessidade de migrar.
  4. A seca do Nordeste apresentada numa perspectiva de sofrimento, a partir da visão de Fabiano, que revela os percalços do caminho em busca de alimento e de abrigo.
  5. A secura do ambiente e a aridez da vida, destacando o otimismo de Fabiano diante das dificuldades.

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