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Humanismo

Lista de 20 exercícios de Literatura com gabarito sobre o tema Humanismo com questões de Vestibulares.

O Humanismo surgiu no século XIV, e durou até o final do século XV, o movimento humanista foi o ponto de partida para surgir o movimento Renascentista.


Você pode conferir as videoaulas, conteúdo de teoria, e mais questões sobre o tema Humanismo.




1. (UFES) A imagem do “Homem Vitruviano” é uma representação elaborada no final do século XV por Leonardo da Vinci e exprime o antropocentrismo e a harmonia das formas que caracterizaram as obras artísticas do período renascentista. Sobre o renascimento, não é correto afirmar que:

  1. um dos seus principais fundamentos intelectuais foi o Humanismo, concepção segundo a qual o homem deveria ser valorizado como o epicentro do mundo e da história, como havia ocorrido na Antiguidade Clássica.
  2. o estudo do homem e da natureza, nesse período, fundamentava-se no espírito crítico, o que possibilitou o desenvolvimento do pensamento científico, como se comprova na defesa da teoria heliocêntrica por Nicolau de Cusa e Nicolau Copérnico.
  3. os homens da época tenderam a valorizar a produção artística e intelectual das civilizações do Oriente Médio, especialmente a egípcia e a mesopotâmica, pela conexão que estas guardavam com a história hebraica descrita na Bíblia.
  4. um dos seus maiores expoentes foi Leonardo da Vinci, um modelo do intelectual renascentista, pelo fato de se ter dedicado a múltiplas áreas do conhecimento, como, por exemplo, à Anatomia, à Física e à Botânica, além de à Pintura.
  5. o termo “Renascimento” designa uma modalidade de expressão intelectual urbana e burguesa originária da Península Itálica, que se constituiu a partir do sincretismo entre a Cultura Clássica e a tradição judaico-cristã.

2. (UEL-PR) O renascimento, amplo movimento artístico, literário e científico, expandiu-se da Península Itálica por quase toda a Europa, provocando transformações na sociedade. Sobre o tema, é correto afirmar:

  1. O racionalismo renascentista reforçou o princípio da autoridade da ciência teológica e da tradição medieval.
  2. Houve o resgate, pelos intelectuais renascentistas, dos ideais medievais ligados aos dogmas do catolicismo, sobretudo na concepção teocêntrica do mundo.
  3. Nesse período, reafirmou-se a ideia do homem cidadão, que terminou por enfraquecer os sentidos de identidade nacional e cultural, os quais contribuíram para o fim das monarquias absolutas.
  4. O humanismo pregou a determinação das ações humanas pelo divino e negou que o homem tivesse a capacidade de agir sobre o mundo, transformando-o de acordo com sua vontade e interesse.
  5. Os estudiosos do período buscaram apoio na observação, no modelo experimental e na reflexão racional, valorizando a natureza e o ser humano.

3. (FUVEST-SP) Caracteriza o teatro de Gil Vicente:

  1. A revolta contra o cristianismo.
  2. A obra escrita em prosa.
  3. A elaboração requintada dos quadros e cenários apresentados.
  4. A preocupação com o homem e com a religião.
  5. A busca de conceitos universais.

4. (FUVEST-SP) Aponte a alternativa correta em relação a Gil Vicente::

  1. Compôs peças de caráter sacro e satírico.
  2. Introduziu a lírica trovadoresca em Portugal.
  3. Escreveu a novela Amadis de Gaula.
  4. Só escreveu peças e português.
  5. Representa o melhor do teatro clássico português.

05. (UFN) “Nos séculos XV e XVI, houve no mundo universitário [europeu] um intenso debate filosófico (...) com o resgate do platonismo, que estava associado à inquietação de muitos religiosos e teólogos em relação ao rigor doutrinário e institucional da Igreja. Assim como os artistas, eles desejavam humanizar a religião e o divino.”

(VAINFAS, Ronaldo e outros. História – vol. 1. SP: Saraiva, 2010. p. 236).

A partir do trecho acima, relativo ao Renascimento e ao Humanismo, considere as afirmativas:

I. O resgate de filosofia da Antiguidade Clássica visava à renovação de uma sociedade transformada pelo crescimento urbano e comercial.

II. Os humanistas, orientados pelo pensamento greco-romano, criticavam a Igreja, mas não se colocavam como anticristãos.

III. A Igreja abrigava a inquietação dos humanistas, como bem demonstra a pintura de Michelangelo nas paredes do Vaticano.

IV. A valorização do humano, pelos pensadores humanistas, não abalou a crença na existência de Deus.

Estão corretas

  1. apenas I e II.
  2. apenas II e III.
  3. apenas II e IV
  4. apenas III e IV.
  5. I, II, III e IV.

06. (UNICAMP) Em 1516, Thomas Morus criou a ideia de utopia, ao descrever uma ilha imaginária. Surgia um gênero literário, associado à história, à filosofia e à política. A lógica dessa ideia levou à construção de critérios universalmente válidos para cada atividade, com normas e códigos. Surgiram assim os tratados sobre o perfeito cortesão, sobre o perfeito homem do mundo, sobre a cidade perfeita.

(Adaptado de Carlos Eduardo O. Berriel, “Cidades Utópicas do Renascimento”. Ciência e Cultura, São Paulo, v. 56, n. 2. abr./jun. 2004. Disponível em http://cienciaecultura.bvs.br /scielo.php? script=sci_arttext&pid=S0009-67252004000200021.)

Considerando o texto acima e seus conhecimentos, assinale a alternativa correta.

  1. A obra de Morus, escrita na Inglaterra, baseou-se na experiência de soberanos da Itália e da Alemanha que construíram novas cidades no século XV, planejadas geometricamente.
  2. Grão-chanceler da Inglaterra, Morus exerceu uma ação humanista em um mundo renascentista de crises e instabilidades contínuas. Neste contexto publicou sua obra Utopia.
  3. A partir do princípio filosófico da utopia, foram escritos vários tratados renascentistas. O Príncipe, de Maquiavel, ilustra a melhor versão do cortesão atuante no mundo utópico.
  4. A ilha da Utopia, perfeitamente racionalizada, marcou o urbanismo renascentista na Europa e no Novo Mundo. O esgotamento dessa ideia de utopia ocorreu com a ideia de distopia, no século XX.

07. (UEFS) A Literatura apresenta, de imediato, uma novidade, que é a utilização das novas línguas nacionais, derivadas do latim: o espanhol, o português, o italiano, o francês. Tendo como tema central o Homem, os escritores, com profundo senso crítico, buscaram elaborar um novo conceito de vida e de homem. A época medieval foi profundamente satirizada em seus valores essenciais: a cavalaria, a Igreja, a nobreza. (FARIA et al, 1993, p. 51).

As características da literatura renascentista, descritas no texto, estão associadas a um contexto histórico no qual se destacava

  1. o poder da nobreza feudal, responsável pelo governo das cidades e pela cobrança dos impostos das terras reais.
  2. a desagregação da economia da Baixa Idade Média, como resultado da atuação das Cruzadas no contato com o Oriente.
  3. a permanência do escravismo, paralelamente ao trabalho dos servos, como base da produção da riqueza na economia da Baixa Idade Média.
  4. o processo de urbanização, de ascensão da burguesia e da revolução comercial, que marcou a Baixa Idade Média e o início da Idade Moderna.
  5. a formação do Sacro Império Romano Germânico e do Império Italiano, forças políticas controladoras da Europa na Idade Moderna.

08. (IFRR) O Humanismo foi um movimento com desdobramentos filosóficos, políticos, culturais e artísticos. Sobre o Humanismo, é INCORRETO afirmar que:

  1. Durante a Renascença se inspirou nos conhecimentos da antiga civilização grecoromana;
  2. Valorizava o saber crítico voltado para um maior conhecimento do homem e uma cultura capaz de desenvolver as potencialidades da condição humana.
  3. Difundiu ideias que se opunham ao teocentrismo reinante, compreendendo o Homem como maior obra divina.
  4. Defendia a capacidade humana de criação e transformação da realidade natural e social, reafirmando a ideia de livre-arbítrio.
  5. Defendia a necessidade da intervenção religiosa em todas as áreas da vida humana a fim de promover o progresso e a unidade dos espíritos e indivíduos.

09. (UEMA) O Auto da Barca do Inferno é uma das três peças que compõem a Trilogia das Barcas do teatro vicentino. Gil Vicente é autor do período literário português, conhecido como Humanismo.

Texto I

ANJO: Que mandais?


FIDALGO: Que me digais,

pois parti tão sem aviso,

se a barca do paraíso

é esta em que navegais.


ANJO: Esta é; que lhe buscais?


FIDALGO: Que me deixeis embarcar;

sou fidalgo de solar,

é bem que me recolhais.


[...]


ANJO: Pra vossa fantasia

mui pequena é esta barca.


FIDALGO: Pra senhor de tal marca

não há aqui mais cortesia?

VICENTE, Gil. Auto da Barca do Inferno. São Paulo: FTD, 1997.

Os diálogos entre o anjo e o fidalgo põem em discussão não só os valores de um mundo medieval, mas também do mundo contemporâneo. A atualidade dessa discussão decorre de que o homem de hoje, ainda, assume falsos posicionamentos semelhantes ao de uma das personagens da cena. Essa atualidade é apresentada, por meio de

  1. limitações retóricas.
  2. alianças subversivas.
  3. falhas na comunicação.
  4. atos de falas impositivas.
  5. comportamentos antidemocráticos.

10. (UNEMAT) Sobre o Auto da Barca do Inferno, do escritor português Gil Vicente, assinale a alternativa incorreta.

  1. Personagens como o Onzeneiro, o Fidalgo e o Sapateiro, representam tipos sociais contra os quais o autor tece sua crítica, em forma de sátira.
  2. O elemento religioso presente no auto é originário da rica tradição do teatro popular medieval.
  3. A concepção de mundo cristã, marcada pela simplicidade e de forte teor popular, aproxima o auto de Gil Vicente do Auto da Compadecida, de Ariano Suassuna.
  4. O uso de uma linguagem solene, austera e requintada caracteriza a personagem Diabo, diferenciando-a das demais personagens, cuja linguagem é coloquial, irônica e jocosa.
  5. O recurso à alegoria pode ser percebido ao longo de toda a obra, como, por exemplo, na personagem Frade, uma alegoria à corrupção do clero português.

11. (UNEMAT) Levando-se em consideração que a peça O Auto da Barca do Inferno é uma sátira típica do teatro vicentino, assinale a alternativa correta.

  1. As personagens do povo têm mais densidade psicológica.
  2. A sátira é demolidora, indiscriminada, não tendo preferência por nenhum tipo social em particular.
  3. O moralismo de Gil Vicente localiza os defeitos e vícios em todas as camadas da sociedade.
  4. Cada cena da peça apresenta a crítica a uma única classe social.
  5. O teatro vicentino foi o primeiro a questionar as fronteiras entre o bem e o mal.

12. (UNEMAT) Sobre a obra literária portuguesa, o Auto da Barca do Inferno, obra satírica de Gil Vicente (1465 – 1537), é incorreto afirmar.

  1. A obra dramática voltou-se criticamente para o seu tempo, a época dos descobrimentos em Portugal.
  2. A época da obra compreende o período de ebulição com a chegada das riquezas provenientes das navegações, fato que colocava Lisboa como a Corte mais rica da Europa.
  3. A obra satiriza o afastamento da população rural do trabalho e dos meios de produção, que se transfere para a Corte, passando a viver no luxo excessivo, deixando o trabalho pesado para os escravos capturados na África e na Ásia
  4. A sátira de Gil Vicente pune com humor, o sapateiro ladrão, a esposa adúltera, as alcoviteiras, o escudeiro malandro, o frade enamorado, etc.
  5. O teatro de Gil Vicente não foi popular na forma e no conteúdo. Suas raízes se fundam nos princípios do dogmatismo da Santa Inquisição, daí a obra ter como título Auto da Barca do Inferno.

13. (UFPA) O monólogo dramático O pranto de Maria Parda, de Gil Vicente, é um desses textos emblemáticos da produção de um dos mais respeitáveis autores portugueses. A peça dispõe de um conteúdo pelo qual perpassam variados sentidos, ligados a problemas sociais, a preconceito, à paródia, ao grotesco, enfim, nela se encontra uma espécie de mosaico de informações de toda ordem. A riqueza de questões suscitadas no monólogo ainda hoje pode ser considerada, como é da natureza do texto vicentino, de atualidade indiscutível.

Com base no comentário acima, é correto afirmar, relativamente à linguagem e ao conteúdo da peça de Gil Vicente, que

  1. a linguagem da peça é rica de lamentos, pragas, pedidos, promessas e muitas exclamações apelativas.
  2. os taberneiros de Lisboa constituem uma espécie de coro, na peça, com a função de comentar os lamentos expressos nas falas de Maria Parda.
  3. há, na peça, uma enfática oposição ao uso de vinho, manifesta no discurso de sacerdotes, escudeiros e barqueiros.
  4. Gil Vicente cria um personagem com as características referidas aqui: doente, envelhecida, “sem gota de sangue nas veas”, de corpo “tão seco”.
  5. Maria Parda – mestiça, atrevida e sexualmente livre – é um personagem que representa a base da pirâmide social lisboeta da época.

14. (UNICID) A variedade da produção literária renascentista é muito grande. Os gêneros utilizados pelos literatos geralmente remetiam aos gêneros da antiguidade clássica, como é fácil de supor. Tínhamos assim o poema épico, a poesia lírica, o drama pastoral, as narrativas satíricas, a tragédia e a comédia, dentre outros.

(Nicolau Sevcenko. O Renascimento, 1985.)

Também caracteriza a literatura do Renascimento

  1. a defesa dos rigores morais da Inquisição católica.
  2. a denúncia da intolerância religiosa contra os cristãos.
  3. o emprego do ateísmo como mecanismo de combate à Igreja Católica.
  4. as cantigas de amigo e de maldizer.
  5. a construção e a utilização das línguas nacionais.

15. (FACASPER) Sobre Auto da barca do inferno, de Gil Vicente, é correto afirmar que:

  1. A figura dramática do Parvo serve para tornar mais clara a baixeza das outras personagens que aparecem no cais, já que ele, o único provido de juízo, é capaz de reconhecer que o que elas fizeram em vida não lhes dá direito de embarcar para a Glória.
  2. A peça procura endossar algumas crenças bastante comuns na época, apontando, por exemplo, que ouvir missas ou pedir para que estas fossem rezadas garantiam, às vezes, a salvação daqueles que se esquecessem de viver de acordo com os preceitos cristãos.
  3. Ao representar tipos humanos considerados baixos, a peça parece querer alertar para a necessidade urgente de se corrigirem os costumes de acordo com a tradição cristã. Para tanto, nada melhor do que representar os vícios em sua forma mais vil, através da ridicularização das personagens que o cometeram.
  4. A disputa que se dá entre as personagens e os representantes das barcas revela a necessidade de se conhecer a compaixão, e esta se torna urgente para os espectadores que ainda têm a possibilidade de entrar na barca do Anjo, se tiverem uma vida correta, sem pecados.
  5. Através do riso, propiciado pela falta de decoro e pela ridicularização da cegueira dos personagens, que admitem que seus atos sejam considerados dignos de censura, o espectador é levado a reconhecer quais ações impedirão que seja aceito na barca do Anjo.

16. (URCA) TEXTO 2

Para Viver Um Grande Amor

Vinicius de Moraes

Para viver um grande amor, preciso é muita concentração e muito siso, muita seriedade e pouco riso — para viver um grande amor.

Para viver um grande amor, mister é ser um homem de uma só mulher; pois ser de muitas, poxa! é de colher... — não tem nenhum valor.

Para viver um grande amor, primeiro é preciso sagrarse cavalheiro e ser de sua dama por inteiro — seja lá como for. Há que fazer do corpo uma morada onde clausurese a mulher amada e postarse de fora com uma espada — para viver um grande amor.

Para viver um grande amor, vos digo, é preciso atenção como o "velho amigo", que porque é só vos quer sempre consigo para iludir o grande amor. É preciso muitíssimo cuidado com quem quer que não esteja apaixonado, pois quem não está, está sempre preparado pra chatear o grande amor.

Para viver um amor, na realidade, há que compenetrarse da verdade de que não existe amor sem fidelidade — para viver um grande amor. Pois quem trai seu amor por vanidade é um desconhecedor da liberdade, dessa imensa, indizível liberdade que traz um só amor.

Para viver um grande amor, il faut além de fiel, ser bem conhecedor de arte culinária e de judô — para viver um grande amor.

Para viver um grande amor perfeito, não basta ser apenas bom sujeito; é preciso também ter muito peito — peito de remador. É preciso olhar sempre a bemamada como a sua primeira namorada e sua viúva também, amortalhada no seu finado amor.

É muito necessário ter em vista um crédito de rosas no florista — muito mais, muito mais que na modista! — para aprazer ao grande amor. Pois do que o grande amor quer saber mesmo, é de amor, é de amor, de amor a esmo; depois, um tutuzinho com torresmo conta ponto a favor...

Conta ponto saber fazer coisinhas: ovos mexidos, camarões, sopinhas, molhos, strogonoffs — comidinhas para depois do amor. E o que há de melhor que ir pra cozinha e preparar com amor uma galinha com uma rica e gostosa farofinha, para o seu grande amor?

Para viver um grande amor é muito, muito importante viver sempre junto e até ser, se possível, um só defunto — pra não morrer de dor. É preciso um cuidado permanente não só com o corpo mas também com a mente, pois qualquer "baixo" seu, a amada sente — e esfria um pouco o amor. Há que ser bem cortês sem cortesia; doce e conciliador sem covardia; saber ganhar dinheiro com poesia — para viver um grande amor.

É preciso saber tomar uísque (com o mau bebedor nunca se arrisque!) e ser impermeável ao diz que — que não quer nada com o amor.

Mas tudo isso não adianta nada, se nesta selva escura e desvairada não se souber achar a bemamada — para viver um grande amor.

São características do Humanismo, EXCETO:

  1. Momento em que o antropocentrismo ocupa o lugar do teocentrismo.
  2. É o período entre a Idade Média e o Renascimento.
  3. Tem em Fernão Lopes o grande cronista.
  4. Predomina o teocentrismo.
  5. Cancioneiro Geral é uma coletânea desta época.

17. (UESB) TEXTO:

Auto da Barca do Inferno

(Aproxima-se um corregedor com uma vara na mão e diz chegando à Barca do Inferno:)

Corregedor – Hou da barca?

Diabo – Que quereis?

Corregedor – Está aqui o senhor juiz.

Diabo – Oh amador de perdiz* / quantos processos trazeis?

Corregedor – Por trazê-los, bem vereis, / venho muito contrafeito.

Diabo – Como anda lá o Direito?

Corregedor – Nos autos constatareis.

Diabo – Ora, pois, entrai, vejamos / o que dizem tais papéis.

Corregedor – Para onde vai o batel?

Diabo – No inferno nós ancoramos.

Corregedor – Como? À terra dos demônios / há de ir um corregedor? [...]

Diabo – Ora, entrai nos negros fados. / Ireis ao lago dos cães / e vereis os escrivães / como estão bem prosperados.

Corregedor – Vão à terra dos danados / os novos evangelistas?

Diabo – Os mestres das fraudes vistas / lá estão bem atormentados [...]

*“amador de perdiz” – referência ao fato de os juízes aceitarem, como agrado, a doação de coelhos e perdizes.

VICENTE, GIL. Três autos: da alma; da barca do inferno; de Mofina Mendes. Livre adaptação de Walmir Ayala. Rio de Janeiro: Ediouro; São Paulo: Publifolha, 1997. p. 145 -153.

Sobre o trecho da cena transcrito e a obra de onde foi extraído, é correto afirmar:

I. A cena se inicia com a chegada do corregedor, que é representante do judiciário, à Barca do Inferno, quando o Diabo lhe dirige a primeira acusação: a de corrupção, por manipular a justiça em benefício próprio, com a aceitação de suborno sob a forma de presentes ou doações.

II. Na obra, através de farta argumentação e de provas forjadas, o corregedor consegue convencer o Diabo e o Anjo de sua inocência. Por isso, após ser perdoado, aceita o pedido de desculpas de ambos e se encaminha para a Barca do Paraíso, onde é recebido com muitos festejos e intensa louvação.

III. Na obra, o autor, para relativizar os conceitos de bem e mal, de certo e errado, evitando uma perspectiva maniqueísta, coloca circunstâncias em que o Anjo e o Diabo trocam de papéis e passam a dirigir, respectivamente, a Barca do Inferno e a Barca da Glória. Com isso, o julgamento se torna mais preciso e a punição mais justa.

IV. O cenário da obra é um porto onde se encontram ancoradas duas barcas: uma, guiada pelo Diabo, tem como destino o inferno; outra, guiada por um Anjo, leva ao paraíso. Nelas são acomodadas as pessoas que se aproximam e que já morreram, selecionadas pelo Diabo ou pelo Anjo, segundo sua conduta quando estavam vivas.

V. A obra é uma sátira social e moral, pois veicula criticas aos costumes impróprios ou pecados de figuras poderosas da época, que são julgadas e punidas com a condenação ao inferno. Trata-se de uma temática que, embora contextualizada no século XVI, em Portugal, guarda certa atualidade e pertinência com questões contemporâneas.

A alternativa em que todas as afirmativas indicadas estão corretas é a

  1. I e III.
  2. II e IV.
  3. II e V.
  4. I, IV e V.
  5. II, III, e V.

18. (UEMA)

O Texto II mostra um diálogo entre o Diabo e a segunda personagem, o Onzeneiro, quando chega à Barca do Inferno.

Leia-o para responder à questão proposta.

Texto II

ONZENEIRO: Para onde caminhais?

DIABO: Oh! Que má-hora venhais,

onzeneiro meu parente!

[...]

DIABO: Ora mui muito me espanto

não vos livrar o dinheiro.

ONZENEIRO: Nem tão só para o barqueiro

não me deixaram nem tanto.

[...]

E para onde é a viagem?

DIABO: Para onde tu hás-de ir;

estamos para partir,

não cures de mais linguagem.

[...]

VICENTE, Gil. Auto da Barca do Inferno. São Paulo: FTD, 1997.

O Diabo ouve o pretexto do Onzeneiro, mas não se deixa levar pelos artifícios da eloquência do passageiro. Essa atitude do Diabo pode ser comprovada no verso

  1. “não cures de mais linguagem.”
  2. “Oh! Que má-hora venhais,”
  3. “onzeneiro meu parente!”
  4. “não vos livrar o dinheiro.”
  5. “Para onde tu hás-de ir;”

19. (FAMEMA) Leia o texto para responder a questão

Vem um Sapateiro com seu avental e carregado de formas, chega ao batel1 infernal, e diz:

Hou da barca!

Diabo – Quem vem aí?

Santo sapateiro honrado, como vens tão carregado?

Sapateiro – Mandaram-me vir assi...

Mas para onde é a viagem?

Diabo – Para a terra dos danados.

Sapateiro – E os que morrem confessados onde têm sua passagem?

Diabo – Não cures de mais linguagem! que esta é tua barca, esta!

Sapateiro – Renegaria eu da festa e da barca e da barcagem!

Como poderá isso ser, confessado e comungado?

Diabo – Tu morreste excomungado, não no quiseste dizer.

Esperavas de viver; calaste dez mil enganos, tu roubaste bem trinta anos o povo com teu mister.

Embarca, pobre de ti, que há já muito que te espero!

Sapateiro – Pois digo-te que não quero! Diabo – Que te pese, hás de ir, si, si!

(Gil Vicente. Auto da Barca do Inferno. Adaptado.)

1batel: pequena embarcação.

O texto transcrito de Gil Vicente assume caráter

  1. moralizante, uma vez que traz explícita crítica aos costumes do personagem.
  2. educativo, pois o personagem reconhece seu erro e, ao final, é perdoado.
  3. humorístico, com intenção de entreter mais do que condenar comportamentos.
  4. doutrinário, considerando a devoção do personagem à religião quando em vida.
  5. edificante, já que o comportamento do personagem se torna exemplo a seguir.

20. (UCS) INSTRUÇÃO: A questão baseia-se no texto abaixo. A Salamanca do Jarau

[1] No tempo dos padres jesuítas, existia um moço sacristão no Povo de Santo Tomé, na Argentina, do outro lado do rio

Uruguai. Ele morava numa cela de pedra nos fundos da própria igreja, na praça principal da aldeia.

Ora, num verão mui forte, com um sol de rachar, ele não conseguiu dormir a sesta. Vai então, levantou-se, assoleado

e foi até a beira da lagoa refrescar-se. Levava consigo uma guampa, que usava como copo.

[5] Coisa estranha: a lagoa toda fervia e largava um vapor sufocante e qual não é a surpresa do sacristão ao ver sair

d'água a própria Teiniaguá, na forma de uma lagartixa com a cabeça de fogo, colorada como um carbúnculo. Ele, homem

religioso, sabia que a Teiniaguá – os padres diziam isso – tinha partes com o Diabo Vermelho, o Anhangá-Pitã, que tentava

os homens e arrastava todos para o inferno. Mas sabia também que a Teiniaguá era mulher, uma princesa moura

encantada jamais tocada por homem. Aquele pelo qual se apaixonasse seria feliz para sempre.

[10] Assim, num gesto rápido, aprisionou a Teiniaguá na guampa e voltou correndo para a igreja, sem se importar com o

calor. Passou o dia inteiro metido na cela, inquieto, louco que chegasse a noite. Quando as sombras finalmente desceram

sobre a aldeia, ele não se sofreu: destampou a guampa para ver a Teiniaguá. Aí, o milagre: a Teiniaguá se transformou na

princesa moura, que sorriu para ele e pediu vinho, com os lábios vermelhos. Ora, vinho só o da Santa Missa. Louco de

amor, ele não pensou duas vezes: roubou o vinho sagrado e assim, bebendo e amando, eles passaram a noite.

[15] No outro dia, o sacristão não prestava para nada. Mas, quando chegou a noite, tudo se repetiu. E assim foi até que os

padres finalmente desconfiaram e numa madrugada invadiram a cela do sacristão. A princesa moura transformou-se em

Teiniaguá e fugiu para as barrancas do rio Uruguai, mas o moço, embriagado pelo vinho e de amor, foi preso e

acorrentado.

Como o crime era horrível – contra Deus e a Igreja – foi condenado a morrer no garrote vil, na praça, diante da igreja

[20] que ele tinha profanado.

No dia da execução, todo o povo se reuniu diante da igreja de São Tomé. Então, lá das barrancas do rio Uruguai a

Teiniaguá sentiu que seu amado corria perigo. Aí, com todo o poder de sua magia, começou a procurar o sacristão abrindo

rombos na terra, uns valos enormes, rasgando tudo. Por um desses valos ela finalmente chegou à igreja bem na hora em

que o carrasco ia garrotear o sacristão. O que se viu foi um estouro muito grande; nessa hora, parecia que o mundo inteiro

[25] vinha abaixo: houve fogo, fumaça e enxofre e tudo afundou e tudo desapareceu de vista. E quando as coisas clarearam, a

Teiniaguá tinha libertado o sacristão e voltado com ele para as barrancas do rio Uruguai.

Vai daí, atravessou o rio para o lado de cá e ficou uns três dias em São Francisco de Borja, procurando um lugar

afastado onde os dois apaixonados pudessem viver em paz. Assim, foram parar no Cerro do Jarau, no Quaraí, onde

descobriram uma caverna muito funda e comprida. E lá foram morar, os dois.

[30] Essa caverna, no alto do Cerro, ficou encantada. Virou Salamanca, que quer dizer "gruta mágica", a Salamanca do

Jarau. Quem tivesse coragem de entrar lá, passasse 7 provas e conseguisse sair, ficava com o corpo fechado e com sorte

no amor e no dinheiro para o resto da vida.

Na Salamanca do Jarau a Teiniaguá e o sacristão se tornaram os pais dos primeiros gaúchos do Rio Grande do Sul.

Ah, ali vive também a Mãe do Ouro, na forma de uma enorme bola de fogo. Às vezes, nas tardes ameaçando chuva, dá

[35] um grande estouro numa das cabeças do Cerro e pula uma elevação para outra. Muita gente viu.

(http://www.paginadogaucho.com.br/lend/sala.htm publicado por Roberto Cohen em 18 de dezembro de 2003. Fonte: Livro "Mitos e Lendas do Rio Grande do Sul" de Antonio Augusto Fagundes. Martins Livreiro Editor. 1996. Baseado na obra de João Simões Lopes Neto. Acesso em: 12 abril 2013. Adaptado.)

A expressão sorte no amor e no dinheiro (linhas 31 e 32) pode ser interpretada como

  1. a influência marxista nas primeiras obras da literatura brasileira.
  2. a transição do feudalismo indígena para o capitalismo europeu no século XVI.
  3. o lema do modelo político do século XX que estabeleceu as fronteiras da região sul do Brasil.
  4. uma síntese do ideal romântico que caracteriza a primeira fase do Romantismo.
  5. uma previsão do sucesso comercial que a transgenia induzida pelo homem terá no século XIX.

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