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Memórias Póstumas de Brás Cubas

Lista de 15 exercícios de Literatura com gabarito sobre o tema Machado de Assis: Memórias Póstumas de Brás Cubas com questões de Vestibulares.


Você pode conferir as videoaulas, conteúdo de teoria, e mais questões sobre o tema Memórias Póstumas de Brás Cubas.




01. (UNEMAT) "[...] Dito isto, expirei às duas horas da tarde de uma sexta-feira do mês de agosto de 1869, na minha bela chácara de Catumbi. Tinha uns sessenta e quatro anos, rijos e prósperos, era solteiro, possuía cerca de trezentos contos e fui acompanhado ao cemitério por onze amigos. Onze amigos! Verdade é que não houve cartas nem anúncios. Acresce que chovia — peneirava uma chuvinha miúda, triste e constante, tão constante e tão triste, que levou um daqueles fiéis da última hora a intercalar esta engenhosa ideia no discurso que proferiu à beira de minha cova: — “Vós, que o conhecestes, meus senhores, vós podeis dizer comigo que a natureza parece estar chorando a perda irreparável de um dos mais belos caracteres que têm honrado a humanidade. Este ar sombrio, estas gotas do céu, aquelas nuvens escuras que cobrem o azul como um crepe funéreo, tudo isso é a dor crua e má que lhe rói à Natureza as mais íntimas entranhas; tudo isso é um sublime louvor ao nosso ilustre finado.

[...]”

ASSIS, Machado. Memórias Póstumas de Brás Cubas. Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 1994.

Memórias Póstumas de Brás Cubas é o romance com o qual Machado de Assis inaugura o Realismo no Brasil, cujo narrador protagonista conta as suas memórias depois de morto, sendo também o responsável pela caracterização das demais personagens.

As narrativas machadianas fazem, com frequência, um jogo temporal, oscilando as ações entre o cronológico e o psicológico.

Considerando o texto base, é correto afirmar que o fragmento apresenta:

  1. Não apresenta marca de tempo, nem cronológico, muito menos psicológico.
  2. Marcas exclusivamente do tempo psicológico, constituindo-se um tempo interno e individual, com influência de emoções e sentimentos.
  3. Não apresenta marcas do tempo cronológico.
  4. Marcas do tempo cronológico e do tempo psicológico.
  5. Marcas do tempo cronológico, pois é o tempo real, aquele marcado pelo calendário e pelo relógio.

02. (PUC-SP) Não acabarei, porém, o capítulo, sem dizer que vi morrer no hospital da Ordem, adivinhem quem? ... a linda Marcela; e vi-a morrer no mesmo dia em que, visitando um cortiço, para distribuir esmolas, achei... Agora é que não são capazes de adivinhar... achei a flor da moita, Eugênia, a filha de Dona Eusébia e do Vilaça, tão coxa como a deixara, e ainda mais triste.

O trecho acima é do romance Memórias Póstumas de Brás Cubas, de Machado de Assis e refere personagens que tiveram relacionamentos amorosos na vida do narrador. Assim, indique a alternativa correta sobre tais relacionamentos.

  1. Marcela fora, na adolescência, a protagonista de um amor tumultuado com Brás Cubas, mas interrompido pelo pai furioso que o envia a Coimbra para estudar Direito.
  2. Ambas exerceram grande poder de sedução sobre Brás Cubas, mas foram preteridas por Virgília, com quem Brás acabou se casando.
  3. Nenhuma delas afetou os sentimentos amorosos do narrador, pois este estava decidido a casar-se com Eulália, moça pretendida pela família para unir-se a ele.
  4. Eugênia, bonita e coxa, alimentou esperança de casamento com Brás Cubas e foi plenamente correspondida por ele que lhe dedicou amor sincero e incondicional.

03. (PUC-PR) Leia o seguinte excerto de Flaubert, iniciador do realismo literário.

O autor, em sua obra, deve ser como Deus no universo, presente em toda parte, e visível em parte nenhuma. A arte sendo uma segunda natureza, o criador dessa natureza deve agir com o procedimento análogo. Que se sinta em todos os átomos, em todos os aspectos, uma impassibilidade escondida e infinita. O efeito, para o espectador, deve ser uma espécie de assombro. Como tudo isto foi feito? É o que se deve dizer, e sentir-se, esmagado sem saber por quê.

(FLAUBERT, Gustave. Cartas exemplares. Rio de Janeiro: Imago, 2005, p. 83.)

A partir dessa afirmação e levando em conta a obra madura de Machado de Assis, sobretudo Memórias Póstumas de Brás Cubas, é CORRETO afirmar:

  1. Memórias Póstumas de Brás Cubas está para a literatura brasileira assim como Madame Bovary está para a francesa: ambas as obras iniciaram o realismo em seus respectivos países e em ambas as obras o narrador/autor se ausenta da narração, fazendo a narrativa parecer uma “segunda natureza”.
  2. Machado de Assis soube se apropriar como ninguém dos procedimentos inventados ou desenvolvidos por Gustave Flaubert, como o discurso indireto livre e a invisibilização do narrador.
  3. O narrador de Machado de Assis, em Memórias póstumas de Brás Cubas, toma emprestado de Flaubert não somente a forma de narrar linear e objetivista, mas também a “pena da galhofa e a tinta da melancolia”, mencionadas na abertura do livro, inaugurando assim o realismo no Brasil, com fortes traços de pessimismo e ceticismo.
  4. Embora considerado o inaugurador do realismo no Brasil, Machado de Assis destoa completamente da máxima de Flaubert, pois seus narradores deixam claro o tempo todo que os leitores estão diante não de uma segunda natureza, mas de uma narração.
  5. Se o realismo de Flaubert está ancorado num narrador “presente em toda parte e visível em parte nenhuma”, o realismo de Machado, por sua vez, embora em grau menor, também se baseia num narrador que, por conta de sua condição de defunto, se distancia dos fatos narrados, tornando-se de certa forma “invisível”.

04. (UNICAMP) O romance Memórias póstumas de Brás Cubas é considerado um divisor de águas tanto na obra de Machado de Assis quanto na literatura brasileira do século XIX. Indique a alternativa em que todas as características mencionadas podem ser adequadamente atribuídas ao romance em questão.

  1. Rejeição dos valores românticos, narrativa linear e fluente de um defunto autor, visão pessimista em relação aos problemas sociais.
  2. Distanciamento do determinismo científico, cultivo do humor e digressões sobre banalidades, visão reformadora das mazelas sociais.
  3. Abandono das idealizações românticas, uso de técnicas pouco usuais de narrativa, sugestão implícita de contradições sociais.
  4. Crítica do realismo literário, narração iniciada com a morte do narrador-personagem, tematização de conflitos sociais.

05. (PUC-PR) Leia o seguinte fragmento do livro Um mestre na periferia do capitalismo, de Roberto Schwarz, a respeito de Memórias póstumas de Brás Cubas.

A solução artística elaborada no Brás Cubas marcava o fim de um ciclo da literatura nacional. A figura do narrador desacreditado e pouco estimável não se prestava ao papel construtivo que por mais de um século os escritores, tanto árcades como românticos, impregnados pelo movimento de afirmação da nacionalidade, haviam atribuído às letras e a si mesmos.

(SCHWARZ. Roberto. Um mestre na periferia do capitalismo: Machado de Assis. São Paulo: Duas Cidades. Ed. 34, 2000. p. 118.)

Com base nesse excerto é correto afirmar que

  1. com Memórias póstumas de Brás Cubas, Machado de Assis rompe definitivamente com seu passado arcádico e romântico, iniciando o Realismo na literatura brasileira.
  2. esse romance é o marco inicial do Realismo, pois com ele, pela primeira vez na narrativa de ficção brasileira, aparece um herói verdadeiramente positivo, capaz de representar em si o movimento de afirmação da nacionalidade.
  3. com a figura de Brás Cubas, o narrador-protagonista, um “autor defunto”, inaugura-se um novo ciclo na literatura brasileira, um ciclo de maior liberdade e pesquisa formal, que resultaria no Modernismo de 1922.
  4. Machado de Assis, com esse romance, assinala uma ruptura não somente com o romantismo, mas com toda a linhagem da literatura nacional desde o Arcadismo.
  5. como “a figura do narrador desacreditado e pouco estimável não se prestava ao papel construtivo que por mais de um século os escritores, tanto árcades como românticos”, haviam buscado, Machado de Assis, em Memórias póstumas, parte em busca de um novo narrador determinado, íntegro e viril, imagem da nação que se pretendia construir.

06. (PUC-Campinas) Brás Cubas busca articular a política de domínio paternalista, sob fogo cerrado nos anos 1870, com aspectos da onda de ideias cientificistas europeias do tempo – especialmente no que tange ao darwinismo social como forma de explicar a origem e a reprodução das desigualdades sociais.

(CHALHOUB, Sidney. Machado de Assis Historiador. São Paulo: Companhia das Letras, 2003, p. 96)

Quanto ao ponto de vista da narração, atribuída a um “defunto autor”, o romance Memórias póstumas de Brás Cubas constitui um relato

  1. fantasioso, sem qualquer compromisso com as tendências realistas da época.
  2. satírico, no qual se critica com mordacidade a personagem histórica que lhe dá o título.
  3. elegíaco, marcado pela amargura com que o narrador fantasmagórico desfia suas dores.
  4. irônico, no qual o narrador se apossa de sua biografia integral afetando distância e isenção.
  5. poético, por cujas imagens já foi classificado como um longo poema em prosa.

07. (PUC-Campinas) O que singulariza o pessimismo de Machado de Assis é a sua posição antagônica em relação ao evolucionismo oitocentista, ao culto do progresso e da ciência. Frente às ingenuidades do cientificismo, o sarcasmo de Brás Cubas reabre a interrogação metafísica, a perplexidade radical ante a variedade do ser humano. Um artista como Machado levou mais a sério do que os arautos do evolucionismo cientificista o golpe que Darwin tinha desfechado contra as ilusões antropocêntricas da humanidade.

(MERQUIOR, José Guilherme. De Anchieta a Euclides. Rio de Janeiro: José Olympio, 1977, p. 171-172)

É exemplo da atmosfera superiormente sarcástica com que Brás Cubas conduz suas memórias póstumas o fato de que, nesse romance magistral,

  1. o tom crítico-documental serviu às gerações seguintes como uma cruel historiografia da 2a metade do século XIX.
  2. a personagem que narra logrou combinar a pena da galhofa com a tinta da melancolia, tal como confessa ao seu leitor.
  3. o narrador, um diplomata já aposentado, refaz sua vida valendo-se das confissões mais impiedosas.
  4. o tom fantástico da narrativa aproxima-o das melhores páginas da ficção científica que predominará no século XX.
  5. a estranha narrativa é conduzida de tal modo que apaga quaisquer traços realistas da sociedade da época.

08. (PUC-SP) O Almocreve

Vai então, empacou o jumento em que eu vinha montado; fustiguei-o, ele deu dois corcovos, depois mais três, enfim mais um, que me sacudiu fora da sela, com tal desastre, que o pé esquerdo me ficou preso no estribo; tento agarrar-me ao ventre do animal, mas já então, espantado, disparou pela estrada fora. Digo mal: tentou disparar, e efetivamente deu dois saltos, mas um almocreve, que ali estava, acudiu a tempo de lhe pegar na rêdea e detê-lo, não sem esforço nem perigo. Dominado o bruto, desvencilhei-me do estribo e pus-me de pé.

- Olhe do que vosmecê escapou, disse o almocreve.

( ...) Resolvi dar-lhe (...) uma recompensa digna da dedicação com que ele me salvou.

•Este trecho é retirado do capítulo que exemplifica bem a personalidade e o caráter do narrador. Assim, considerando o episódio como um todo, no ato final da recompensa, Brás Cubas

  1. foi extremamente generoso e deu ao almocreve três moedas de ouro das cinco que trazia consigo.
  2. ofertou-lhe apenas um cruzado em prata e considerou que havia pagado bem o gesto de seu salvador.
  3. reduziu a recompensa para apenas uma moeda de ouro, pois afinal o almocreve era um pobre diabo.
  4. deu-lhe umas moedas de cobre e considerouse pródigo, pois entendeu que não houve mérito algum no gesto do almocreve e que ele fora apenas um instrumento da Providência.

09. (PUC-SP) Leia os textos abaixo

Texto a) Em verdade vos digo que toda a sabedoria humana não vale um par de botas curtas.

Tu, minha Eugênia, é que não as descalçaste nunca; foste aí pela estrada da vida, manquejando da perna e do amor, triste como os enterros pobres, solitária, calada, laboriosa, até que vieste também para esta outra margem ... O que eu não sei é se a tua existência era muito necessária ao século. Quem sabe?

Texto b) Aí tem, o leitor, em poucas linhas, o retrato físico e moral da pessoa que devia influir mais tarde na minha vida; era aquilo com dezesseis anos. Tu que me lês, se ainda fores viva, quando estas página vierem à luz, - tu que me lês, Virgília amada, não reparas na diferença entre a linguagem de hoje e a que primeiro empreguei quando te vi? Crê que era tão sincero então como agora; a morte não me tornou rabugento, nem injusto.

Esses trechos acima são de Memórias Póstumas de Brás Cubas, de Machado de Assis.

Considerando-os, bem como o romance como um todo, NÃO SE PODE afirmar que

  1. em ambos, o narrador assume a sua condição de defunto autor para considerar coisas a respeito da vida das mulheres com quem se relacionou.
  2. no Texto a, o narrador indicia que também ela (Eugênia) havia morrido e que se encontrava no mesmo lado em que ele estava, após sofrer as vicissitudes de uma vida cheia de decepções.
  3. em ambos, predomina a função conativa da linguagem, já que o narrador atua sobre as personagens, tornandoas suas interlocutoras.
  4. no Texto b, o narrador ressalta a diferença de linguagem no trato da figura da mulher amada que, em verdade, não chega a influir mais tarde em sua vida social e amorosa.

10. (PUC-Campinas) O que singulariza o pessimismo de Machado de Assis é a sua posição antagônica em relação ao evolucionismo oitocentista, ao culto do progresso e da ciência. Frente às ingenuidades do cientificismo, o sarcasmo de Brás Cubas reabre a interrogação metafísica, a perplexidade radical ante a variedade do ser humano. Um artista como Machado levou mais a sério do que os arautos do evolucionismo cientificista o golpe que Darwin tinha desfechado contra as ilusões antropocêntricas da humanidade.

(MERQUIOR, José Guilherme. De Anchieta a Euclides. Rio de Janeiro: José Olympio, 1977, p. 171-172)

Ao afirmar que Machado de Assis referendou o golpe que Darwin tinha desfechado contra as ilusões antropocêntricas da humanidade, o autor do texto dá força à ideia de que o criador de Brás Cubas

  1. deixou-se levar pelo cientificismo dos pesquisadores mais ingênuos.
  2. acabou se identificando com os arautos do progresso histórico.
  3. alinhou-se ao pessimismo darwinista em relação ao futuro da humanidade.
  4. rechaçou a ideia de que os homens constituam o centro privilegiado do universo.
  5. considerou que a ciência da época soube como aliar-se às elucubrações da metafísica.

11. (UFF) Óbito do autor

Algum tempo hesitei se devia abrir estas memórias pelo princípio ou pelo fim, isto é, se poria em primeiro lugar o meu nascimento ou a minha morte. Suposto o uso vulgar seja começar pelo nascimento, duas considerações me levaram a adotar diferente método: a primeira é que eu não sou propriamente um autor defunto, mas um defunto autor, para quem a campa foi outro berço; a segunda é que o escrito ficaria assim mais galante e mais novo. Moisés, que também contou a sua morte, não a pôs no intróito, mas no cabo: diferença radical entre este livro e o Pentateuco.

(Machado de Assis. Memórias póstumas de Brás Cubas.)

Assinale a afirmativa que não corresponde ao texto de Machado de Assis.

  1. Este narrador em primeira pessoa é uma alternativa ao narrador intimista tradicional, que tem seu ponto de vista absolutamente limitado pelas circunstâncias e pelo que o narrador-personagem pode conhecer a partir delas.
  2. Este narrador em primeira pessoa é uma alternativa ao narrador onisciente, tradicional do Realismo.
  3. Memórias póstumas de Brás Cubas foi publicado depois que Machado de Assis morreu, razão pela qual Machado declara que não é propriamente um autor defunto, mas um defunto autor, para quem a campa foi outro berço.
  4. A hesitação expressa pelo narrador (pôr em primeiro lugar seu nascimento ou sua morte) não faz parte do repertório tradicional de autores realistas ou naturalistas.
  5. O narrador declara que é um defunto autor, para quem o túmulo foi um outro berço porque somente depois de morto ele resolveu produzir a narrativa que o vai transformar em autor.

12. (PUC-Campinas) Brás Cubas busca articular a política de domínio paternalista, sob fogo cerrado nos anos 1870, com aspectos da onda de ideias cientificistas europeias do tempo – especialmente no que tange ao darwinismo social como forma de explicar a origem e a reprodução das desigualdades sociais.

(CHALHOUB, Sidney. Machado de Assis Historiador. São Paulo: Companhia das Letras, 2003, p. 96)

O comentário sobre a onda de ideias cientificistas se aplica de modo inteiramente adequado às convicções que nortearam

  1. os romances de tese do século XIX, reconhecidos como expressão do Naturalismo.
  2. a ficção regionalista retomada nos anos de 1930, de que é exemplo o romance Caetés.
  3. a poesia nacionalista e libertária do jovem autor da Lira dos vinte anos.
  4. os primeiros textos emancipacionistas dos nossos autores pré-românticos.
  5. a exaltação de valores da cultura nativa, presente nos cantos de Gonçalves Dias.

13. (UNICAMP) (...) pediu-me desculpa da alegria, dizendo que era alegria de pobre que não via, desde muitos anos, uma nota de cinco mil réis.

– Pois está em suas mãos ver outras muitas, disse eu.

– Sim? acudiu ele, dando um bote pra mim.

– Trabalhando, concluí eu. Fez um gesto de desdém; calou-se alguns instantes, depois disse-me positivamente que não queria trabalhar.

(Machado de Assis, Memórias póstumas de Brás Cubas. São Paulo: Ateliê Editorial, 2001, p.158.)

O trecho citado diz respeito ao encontro entre Brás Cubas e Quincas Borba, no capítulo 49, e, mais precisamente, apanha o momento em que Brás dá uma esmola ao amigo. Considerando o conjunto do romance, é correto afirmar que essa passagem

  1. explicita a desigualdade das classes sociais na primeira metade do século XIX e propõe a categoria de trabalho como fator fundamental para a emancipação do pobre.
  2. indica o ponto de vista da personagem Brás Cubas e propõe a meritocracia como dispositivo pedagógico e moral para a promoção do ser humano no século XIX.
  3. elabora, por meio do narrador, o preconceito da classe social a que pertence Brás Cubas em relação à classe média do século XIX, na qual se insere Quincas Borba.
  4. sugere as posições de classe social das personagens machadianas, mediante um narrador que valoriza o trabalho, embora ele mesmo, sendo rico, não trabalhe.

14. (UENP) Algum tempo hesitei se devia abrir estas memórias pelo princípio ou pelo fim, isto é, se poria em primeiro lugar o meu nascimento ou a minha morte. Suposto o uso vulgar seja começar pelo nascimento, duas considerações me levaram a adotar diferente método: a primeira é que eu não sou propriamente um autor defunto, mas um defunto autor, para quem a campa foi outro berço; a segunda é que o escrito ficaria assim mais galante e mais novo.

(ASSIS, M. de. Memórias Póstumas de Brás Cubas. 18 ed. São Paulo: Ática, 1992. p. 17.)

De acordo com o início do primeiro capítulo de Memórias póstumas de Brás Cubas, assinale a alternativa correta.

  1. O romance é narrado em primeira pessoa, e Brás Cubas pode ser compreendido como autor-personagem das memórias.
  2. O fato de o autor das memórias ser Brás Cubas impede que ele seja reconhecido como personagem do romance.
  3. O uso do narrador em primeira pessoa faz-se apenas nesse capítulo inicial; depois, o romance passa a ser narrado em terceira pessoa.
  4. A primeira pessoa que se manifesta no trecho é Machado de Assis, o que reforça a verossimilhança do romance.
  5. Quando o narrador se refere a “autor defunto”, o autor referido é Machado de Assis, o que permite distingui-lo de Brás Cubas.

15. (FUVEST) CAPÍTULO LIII

. . . . . . .

Virgília é que já se não lembrava da meia dobra; toda

ela estava concentrada em mim, nos meus olhos, na minha

vida, no meu pensamento;—era o que dizia, e era verdade.

Há umas plantas que nascem e crescem depressa;

[5] outras são tardias e pecas. O nosso amor era daquelas;

brotou com tal ímpeto e tanta seiva, que, dentro em pouco,

era a mais vasta, folhuda e exuberante criatura dos bosques.

Não lhes poderei dizer, ao certo, os dias que durou esse

crescimento. Lembra-me, sim, que, em certa noite, abotoou-

[10] se a flor, ou o beijo, se assim lhe quiserem chamar, um beijo

que ela me deu, trêmula,—coitadinha,—trêmula de medo,

porque era ao portão da chácara. Uniu-nos esse beijo único,

— breve como a ocasião, ardente como o amor, prólogo de

uma vida de delícias, de terrores, de remorsos, de prazeres

[15] que rematavam em dor, de aflições que desabrochavam em

alegria,— uma hipocrisia paciente e sistemática, único freio

de uma paixão sem freio,—vida de agitações, de cóleras, de

desesperos e de ciúmes, que uma hora pagava à farta e de

sobra; mas outra hora vinha e engolia aquela, como tudo

[20] mais, para deixar à tona as agitações e o resto, e o resto do

resto, que é o fastio e a saciedade: tal foi o livro daquele

prólogo.

Machado de Assis, Memórias póstumas de Brás Cubas.

Considerado no contexto de Memórias póstumas de Brás Cubas, o “livro” dos amores de Brás Cubas e Virgília, apresentado no breve capítulo aqui reproduzido, configura uma

  1. demonstração da tese naturalista que postula o fundamento biológico das relações amorosas.
  2. versão mais intensa e prolongada da típica sequência de animação e enfado, característica da trajetória de Brás Cubas.
  3. incorporação, ao romance realista, dos triângulos amorosos, cuja criação se dera durante o período romântico.
  4. manifestação da liberdade que a condição de defunto-autor dava a Brás Cubas, permitindo-lhe tratar de assuntos proibidos em sua época.
  5. crítica à devassidão que grassava entre as famílias da elite do Império, em particular, na Corte.

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