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Esaú e Jacó

Lista de 15 exercícios de Literatura com gabarito sobre o tema Machado de Assis: Esaú e Jacó com questões de Vestibulares.


Você pode conferir as videoaulas, conteúdo de teoria, e mais questões sobre o tema Esaú e Jacó.




01. (ACAFE) Sobre a obra Esaú e Jacó, de Machado de Assis, preencha com V a(s) afirmação(ões) verdadeira(s) e com F a(s) falsa(s) e assinale a alternativa com a sequência correta.

( ) O livro foi publicado em 1904 e a ação se desenvolve durante o período da Proclamação da República.

( ) Os protagonistas Pedro e Paulo viviam em constante antagonismo, como se observa na seguinte cena: “Iam descendo pela Rua da Carioca. [...] Pedro viu um retrato pendurado de Luís XVI, entrou e comprou-o por oitocentos réis; era uma simples gravura atada ao mostrador por um barbante. Paulo quis ter igual fortuna, adequada às opiniões, e descobriu um Robespierre”.

( ) O personagem José Dias é um agregado que "amava os superlativos", "ria largo, se era preciso, de um grande riso sem vontade, mas comunicativo... nos lances graves, gravíssimo", "como o tempo adquiriu curta autoridade na famí- lia, certa audiência, ao menos; não abusava, e sabia opinar obedecendo", "as cortesias que fizesse vinham antes do cálculo que da índole".

( ) Toda a história se desenvolve de maneira cronológica; somente aqui e ali o narrador suspende essa sequência para se referir brevemente ao pretérito, com a intenção de explicar alguns pontos não compreensíveis da narrativa. Por exemplo, em dado momento ele revela o passado do barbeiro no Navio Negreiro.

( ) O conselheiro Aires é mais um grande personagem da galeria machadiana, que reaparecerá como memorialista na obra Memorial de Aires, próximo e último romance do autor: velho diplomata aposentado, de hábitos discretos e gosto requintado, amante de citações eruditas, muitas vezes interpreta o pensamento do próprio romancista.

  1. V - F - F - V - V
  2. V - V - F - F - V
  3. F - V - F - F - V
  4. F - F - V - F - F

02. (UFAL) Machado de Assis é autor de textos consagrados na tradição literária brasileira. Entre seus romances, destacam-se: Memórias póstumas de Brás Cubas, Quincas Borba, Dom Casmurro, Memorial de Aires e Esaú e Jacó.

Sobre este último, do qual foi transcrito abaixo um fragmento, é correto afirmar:

“Tudo esperavam, menos os dois gêmeos, e nem por ser o espanto grande, foi menor o amor. Entende-se isto sem ser preciso insistir, assim como se entende que a mãe desse aos dois filhos aquele pão inteiro e dividido do poeta; eu acrescento que o pai fazia a mesma coisa. Viveu os primeiros tempos a contemplar os meninos, a compará-los, a medi-los, a pesá-los. Tinham o mesmo peso e cresciam por igual medida. A mudança ia-se fazendo por um só teor. O rosto comprido, cabelos castanhos, dedos finos e tais que, cruzados os da mão direita de um com os da esquerda de outro, não se podia saber que eram de duas pessoas. Viriam a ter gênio diferente, mas por ora eram os mesmos estranhões. Começaram a sorrir no mesmo dia. O mesmo dia os viu batizar.”

ASSIS, Joaquim Maria Machado de. Esaú e Jacó. São Paulo: FDT, 2011, p. 34.

  1. tem como personagens centrais Esaú e Jacó, dois irmãos que mantêm uma relação de competição durante toda a narrativa, na vida política e na vida amorosa.
  2. o título remete à história bíblica de Esaú e Jacó, duas personagens que têm uma convivência tensa e conflituosa, como ocorre, no romance, na relação entre os irmãos Pedro e Paulo, personagens centrais.
  3. narra a história de Paulo, que, ao longo do romance, busca descobrir se sua esposa, Capitu, foi de fato infiel, traindo-o com seu melhor amigo, Escobar.
  4. é narrado em primeira pessoa por Jacó, irmão de Esaú, após a sua morte, daí o epíteto de Autor Defunto, uma vez que este se tornou escritor após falecer.
  5. tem como personagens centrais Pedro e Paulo, dois irmãos que lutam pelo amor da mesma mulher, Marcela, uma prostituta muito famosa naquela época.

03. (ACAFE) Em relação à obra Esaú e Jacó, de Machado de Assis, marque com V as citações verdadeiras e com F as falsas.

( ) Tinha-me lembrado a definição que José Dias dera deles, “olhos de cigana oblíqua e dissimulada”.

( ) "Confeitaria do Custódio". Muita gente certamente lhe não conhecia a casa por outra designação. Um nome, o próprio nome do dono, não tinha significação política ou figuração histórica, ódio nem amor, nada que chamasse a atenção dos dois regimes, e conseguintemente que pusesse em perigo os seus pastéis de Santa Clara, menos ainda a vida do proprietário e dos empregados. Por que é que não adotava esse alvitre? Gastava alguma coisa com a troca de uma palavra por outra, Custódio em vez de Império, mas as revoluções trazem sempre despesas.

( ) Aires quis aquietar-lhe o coração. Nada se mudaria; o regime, sim, era possível, mas também se muda de roupa sem trocar de pele. Comércio é preciso. Os bancos são indispensáveis. No sábado, ou quando muito na segunda-feira, tudo voltaria ao que era na véspera, menos a constituição.

( ) Entre a morte de Quincas Borba e a minha, mediaram os sucessos narrados na primeira parte do livro. O principal deles foi a invenção do emplasto Brás Cubas, que morreu comigo, por causa da moléstia que apanhei.

A sequência correta é:

  1. F - V - F - V
  2. V - F - V - F
  3. F - V - V - F
  4. V - F - F - V

04. (UFVJM) Sobre o romance de Machado de Assis, "Esaú e Jacó", ASSINALE a alternativa correta.

  1. Pedro estudou Direito em SP, era republicano, arrojado e impetuoso.
  2. Paulo estudou Medicina no RJ, era monarquista, dissimulado e cauteloso.
  3. A ação do romance decorre em plena época da Proclamação da República e expressa o pensamento do autor sobre a realidade.
  4. A ação do romance decorre no período da chegada da família real portuguesa ao Brasil e expressa o que o autor observa nessa realidade.

05. (PUC-Campinas) Se há muito riso quando um partido sobe, também há muita lágrima do outro que desce, e do riso e da lágrima se faz o primeiro dia da situação, como no Gênesis. [...] Os liberais foram chamados ao poder, que os conservadores tiveram de deixar. Não é mister dizer que o abatimento de Batista era enorme.

Batista passeava, as mãos nas costas, os olhos no chão, suspirando, sem prever o tempo em que os conservadores tornariam ao poder. Os liberais estavam fortes e resolutos. D. Cláudia levantou-se da cadeira, rápida, e disparou esta pergunta ao marido:

− Mas, Batista, você o que é que espera mais dos conservadores?

Batista parou com um ar digno e respondeu com simplicidade:

− Espero que subam.

(Adaptado de Machado de Assis. Esaú e Jacó. Rio de Janeiro: Nova Aguillar, v.I. p. 1003)

Num conto intitulado “Um homem célebre”, o protagonista é um frustrado compositor de música popular, que desejaria ser um Beethoven ou Mozart. Várias de suas polcas levam títulos que constituem referências ao sobe e desce dos partidos políticos. Com isso, o narrador machadiano sugere que o compositor e o político da época têm em comum:

  1. a leveza, a graça e a agilidade das respectivas inspirações.
  2. o caráter irredutível dos valores inegociáveis.
  3. a inconstância e a efemeridade do que trazem.
  4. a aspiração solene que desemboca em tragédia.
  5. o elemento dramático que impulsiona as ações humanas.

06. (ACAFE) Considerando o contexto social e histórico, os personagens, a linguagem e outros elementos relacionados aos estilo, assinale a citação extraída da obra Esaú e Jacó, de Machado de Assis.

  1. “Um dia pareceu à mãe que a filha andava nervosa. Interrogou-a e apenas descobriu que Flora padecia de vertigens e esquecimentos. Foi justamente um dia em que Aires lá apareceu de visita, com recados de Natividade. A mãe falou-lhe primeiro e confiou-lhe os seus sustos. Pediu-lhe que a interrogasse também. Aires fez de médico, e, quando a moça apareceu e a mãe os deixou na sala, cuidou de a interrogar cautelosamente.”
  2. “Tudo ele contou pro homem e depois abriu asa rumo de Lisboa. E o homem sou eu, minha gente, e eu fiquei pra vos contar a história. Por isso que vim aqui. Me acocorei em riba destas folhas,catei meus carrapatos, ponteei na violinha e em toque rasgado botei a boca no mundo cantando na fala impura as frases e os casos de Macunaíma, herói de nossa gente.”
  3. “Não se lembrava de Fabiano. Tinha havido um desastre, mas Baleia não atribuía a esse desastre a impotência em que se achava nem percebia que estava livre de responsabilidades. Uma angústia apertou-lhe o pequeno coração. Precisava vigiar as cabras: àquela hora cheiros de suçuarana deviam andar pelas ribanceiras, rondar as moitas afastadas.”
  4. “Escobar e a mulher viviam felizes; tinham uma filhinha. Em tempo ouvi falar de uma aventurado marido, negócio de teatro, não sei que atriz ou bailarina, mas se foi certo, não deu escândalo…”

07. (UFVJM) Estas afirmativas foram feitas considerando as obras ‘Antologia Poética’, de Olavo Bilac, e ‘Esaú e Jacó’, de Machado de Assis.

I. Esaú e Jacó é um romance realista e sua narração é digressiva, afasta-se por uns instantes da linha narrativa básica, e também metalinguística, onde o narrador-personagem comenta o próprio método compositivo.

II. Na obra Antologia Poética é possível analisar que a poesia não se aprofunda em uma visão de vida, mas com sentimentos postos em rimas, ela soa musical aos ouvidos quando falada e possui um rico vocabulário. Bilac exaltou uma arte fria, contra o transe e a emotividade, valorizou o trabalho formal e o culto ao estilo.

III. O caráter e a psicologia complexa das personagens, na obra de Machado de Assis, evidenciam certas características do nosso psiquismo, como o amor, o ciúme, o jogo da verdade e da mentira, as oscilações entre o bem e o mal, que nos aproximam como seres humanos, apesar da época em que foi escrita.

Com base nessas afirmações ASSINALE a alternativa correta.

  1. As afirmativas I e II estão erradas.
  2. As afirmativas I e III estão corretas.
  3. As afirmativas II e III estão erradas.
  4. As afirmativas I, II e III estão corretas.

08. (UFRGS) Assinale a alternativa que preenche corretamente as lacunas do enunciado abaixo, na ordem em que aparecem.

A concepção de leitor referida no romance Esaú e Jacó corresponde a ........ que só se interessa ........ e que, por isso, ........ às digressões do narrador que, por sua vez, ........ essa concepção de leitor.

  1. realismo, na qual se destaca a ironia que consagrou o autor – se alia – respeita
  2. uma mulher – pelo triângulo amoroso entre Pedro, Paulo e Flora – se alia – respeita
  3. uma mulher – pelas carreiras políticas de Pedro e Paulo – resiste – respeita
  4. um homem – pelas carreiras políticas de Pedro e Paulo – se alia – ironiza
  5. uma mulher – pelo triângulo amoroso entre Pedro, Paulo e Flora – resiste – ironiza

09. (UFRGS) Considere as seguintes afirmações sobre Esaú e Jacó, de Machado de Assis.

I - Pedro e Paulo, os filhos gêmeos do casal Santos, odeiam-se desde o ventre materno, fato insinuado pela cabocla do morro do Castelo e percebido por sua mãe, Natividade, o que caracteriza uma disposição hereditária que alinha o romance com a tendência naturalista e determinista da época.

II - Os longos trechos digressivos da narrativa estão em sintonia com as intervenções do Conselheiro Aires e marcados por comentários repletos de ironia, erudição e humor; comentários que podem incidir inclusive sobre as expectativas do público leitor, como fica claro no capítulo XXVII, De uma reflexão intempestiva.

III - O Conselheiro Aires mantém uma relação polida com o banqueir o Santos, a quem considera intelectualmente limitado e moralmente condenável, embora Aires reconheça sua dedicação à família, que o leva a tentar amenizar a hostilidade entre os filhos e a auxiliar com estímulos financeiros os parentes pobres.

Quais estão corretas?

  1. Apenas I.
  2. Apenas II.
  3. Apenas I e II.
  4. Apenas II e III.
  5. I, II e III.

10. (UFRGS) Considere o seguinte trecho de Esaú e Jacó.

........ não tinha as mesmas expansões. Era alto, e o ar sossegado dava um bom aspecto de governo. Só lhe faltava ação, mas a mulher podia inspirar-lhe; nunca deixou de consultá-la nas crises da presidência. Agora mesmo, se lhe desse ouvidos já teria ido pedir alguma coisa ao governo, mas neste ponto era firme, de uma firmeza que nascia da fraqueza: “Hão de chamar-me, deixa estar”, dizia ele a ........, quando aparecia alguma vaga de governo provincial. Certo é que ele sentia a necessidade de tornar à vida ativa. Nele a Política era menos uma opinião que uma sarna; precisava coçar-se a miúdo e com força.

Assinale a alternativa que preenche correta e respectivamente as lacunas do texto acima.

  1. Gouveia – D. Rita
  2. Nóbrega – D. Rita
  3. Batista – D. Rita
  4. Nóbrega – D. Cláudia
  5. Batista – D. Cláudia

11. (PUC-Campinas) Se há muito riso quando um partido sobe, também há muita lágrima do outro que desce, e do riso e da lágrima se faz o primeiro dia da situação, como no Gênesis. [...] Os liberais foram chamados ao poder, que os conservadores tiveram de deixar. Não é mister dizer que o abatimento de Batista era enorme.

Batista passeava, as mãos nas costas, os olhos no chão, suspirando, sem prever o tempo em que os conservadores tornariam ao poder. Os liberais estavam fortes e resolutos. D. Cláudia levantou-se da cadeira, rápida, e disparou esta pergunta ao marido:

− Mas, Batista, você o que é que espera mais dos conservadores?

Batista parou com um ar digno e respondeu com simplicidade:

− Espero que subam.

(Adaptado de Machado de Assis. Esaú e Jacó. Rio de Janeiro: Nova Aguillar, v.I. p. 1003)

Nota-se, já no primeiro parágrafo do texto, que o narrador de Machado de Assis não hesita em

  1. se valer da Bíblia para emprestar solenidade e respeitabilidade aos temas religiosos, que constituem sua frequente preocupação.
  2. subordinar o ficcional ao documental, razão pela qual Esaú e Jacó constitui um libelo abolicionista.
  3. exibir seu lado ideológico conservador, exaltando o primado dos valores monárquicos sobre os republicanos.
  4. estabelecer íntima e irônica relação entre um evento prosaico e a solenidade de um texto sagrado.
  5. explorar um episódio bíblico para reforçar a solenidade do estilo de narrar e a densidade de suas convicções políticas.

12. (UFRGS) Considere as seguintes afirmações sobre Esaú e Jacó, de Machado de Assis.

I - Os comentários e as digressões do narrador são marcados pela ironia e pelo humor, típicos da obra machadiana madura, o que faz contraste e oposição ao tratamento sério dispensado às ambições políticas do casal Batista.

II - Os gêmeos, Pedro e Paulo, estabelecem os polos do romance, entre os quais oscilará a jovem Flora, que é cortejada pelos dois irmãos: o primeiro, a favor do Império e conservador; o segundo, republicano e inovador.

III - Pedro e Paulo tornam-se deputados e atuam em partidos opostos. Antes da morte de Flora, a filha do casal Batista, eles trocam promessas de conciliação e acordo, as quais, para desespero do Conselheiro Aires, são logo rompidas.

Quais estão corretas?

  1. Apenas I.
  2. Apenas II.
  3. Apenas I e III.
  4. Apenas II e III.
  5. I, II e III.

13. (USF) Considere as afirmações a seguir.

I. Sentimento do mundo, Claro enigma, Alguma poesia e A rosa do povo são as obras de Carlos Drummond de Andrade cujas temáticas se repetem. O poeta, da Segunda Geração do Modernismo brasileiro, registra nas obras citadas todo o desencanto e a desesperança frente a um mundo conturbado por um processo ininterrupto de mudanças. Assim, é factível afirmar que a ausência do lirismo amoroso e a dor da existência em tempos de crise são perceptíveis em toda a produção drummondiana.

II. As obras de Machado de Assis Memórias póstumas de Brás Cubas, Dom Casmurro, Esaú e Jacó e Quincas Borba, embora apresentem temáticas diferenciadas, trazem, em sua constituição, a presença dos inevitáveis triângulos amorosos, uma das características da prosa realista do autor.

III. Manuel Antônio de Almeida, autor de Memórias de um sargento de milícias, faz um retrato da população carioca “no tempo do rei”. Registra, com toques de humor e ironia, os costumes e as tradições populares fluminenses, fazendo uso da coloquialidade da língua, um recurso inovador para a época.

Está(ão) correta(s)

  1. I, II e III.
  2. apenas I e II.
  3. apenas III.
  4. apenas II.
  5. apenas II e III.

14. (UFVJM) Considerando as obras Esaú e Jacó, de Machado de Assis, e O Cortiço, de Aluízio Azevedo, pode-se afirmar que:

  1. Esaú e Jacó é um romance realista no qual podemos perceber que não há aprofundamento das características psicológicas das personagens para dar lugar à descrição detalhada e rica dos ambientes.
  2. O determinismo biológico de Darwin pode ser compreendido em O Cortiço na predominância de comportamento e da motivação das personagens, que são movidas pelos instintos e não pela razão, o que por vezes lhes causam certas patologias.
  3. Estas são obras que fazem parte da corrente literária intitulada Romantismo e têm como característica principal a análise social centrada na valorização do coletivo com nítida preferência pelas altas camadas da sociedade, realizando um retrato da mesma .
  4. O que diferencia estas obras é o ponto de observação e análise dos problemas sociais, enquanto Machado de Assis apresenta uma análise exterior justificando o drama das personagens pelos fatores morais e sociais, Aluízio Azevedo opta pela visão interior de conduta social e psicológica das personagens.

15. (FGV-RJ) Texto para a questão

Era a primeira vez que as duas iam ao Morro do Castelo. Começaram de subir pelo lado da Rua do Carmo. Muita gente há no Rio de Janeiro que nunca lá foi, muita haverá morrido, muita mais nascerá e morrerá sem lá pôr os pés. Nem todos podem dizer que conhecem uma cidade inteira. Um velho inglês, que aliás andara terras e terras, confiava-me há muitos anos em Londres que de Londres só conhecia bem o seu clube, e era o que lhe bastava da metrópole e do mundo.

Natividade e Perpétua conheciam outras partes, além de Botafogo, mas o Morro do Castelo, por mais que ouvissem falar dele e da cabocla* que lá reinava em 1871, era-lhes tão estranho e remoto como o clube. O íngreme, o desigual, o mal calçado da ladeira mortificavam os pés às duas pobres donas. Não obstante, continuavam a subir, como se fosse penitência, devagarinho, cara no chão, véu para baixo. A manhã trazia certo movimento; mulheres, homens, crianças que desciam ou subiam, lavadeiras e soldados, algum empregado, algum lojista, algum padre, todos olhavam espantados para elas, que aliás vestiam com grande simplicidade; mas há um donaire** que se não perde, e não era vulgar naquelas alturas. A mesma lentidão do andar, comparada à rapidez das outras pessoas, fazia desconfiar que era a primeira vez que ali iam. Uma crioula perguntou a um sargento: "Você quer ver que elas vão à cabocla?" E ambos pararam a distância, tomados daquele invencível desejo de conhecer a vida alheia, que é muita vez toda a necessidade humana.

Com efeito, as duas senhoras buscavam disfarçadamente o número da casa da cabocla, até que deram com ele. A casa era como as outras, trepada no morro. Subia-se por uma escadinha, estreita, sombria, adequada à aventura.

Machado de Assis, Esaú e Jacó.

* cabocla: vidente, adivinha.

** donaire: elegância.

Considere o texto abaixo e as complementações (I, II e III) que o seguem:

Mesmo à distância de mais de um século (Esaú e Jacó é de 1907), um aspecto que se encontra presente no texto de Machado de Assis e que ainda interessa à atualidade é

I a configuração urbana, topográfica e social, do Rio de Janeiro, entre morro e cidade, com as interações problemáticas entre ambos.

II a combinação de práticas religiosas, às vezes incompatíveis, com as contradições que lhe são inerentes.

III o terror pânico, decorrente da violência urbana, provocado pela aguda desigualdade social.

O referido texto forma uma afirmação correta quando é complementado pelo que está em

  1. I, somente.
  2. II, somente.
  3. II e III, somente.
  4. I, II e III.
  5. I e II, somente.

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