A Legião Estrangeira, Clarice Lispector
Lista de 09 exercícios de Literatura com gabarito sobre o tema A Legião Estrangeira, Clarice Lispector com questões de Vestibulares.
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01. (UEMS) Num determinado trecho do conto Legião estrangeira, de Clarice Lispector, a narradora diz a respeito da personagem Ofélia: “Diante de meus olhos fascinados, ali diante de mim, como um ectoplasma, ela estava se transformando em criança”. Sobre esse trecho, é correto afirmar que:
- Ofélia, a mãe da protagonista, comportava-se de modo infantil em sua própria festa de aniversário.
- Ofélia era uma criança que agia como adulto. Mas, ao descobrir que havia um pintinho na casa da protagonista, finalmente se revelou como uma criança, manifestando o desejo de brincar com o animalzinho.
- Ofélia era a cachorra da protagonista. Mas seu comportamento, às vezes, parecia tão humano que ela podia ser considerada a criança da casa.
- A narradora fala em “ectoplasma”, referindo-se ao desejo de Ofélia de se tornar cientista quando crescesse.
- A protagonista adquire um pintinho, para realizar experiências científicas. Por isso, fala em “ectoplasma” que, segundo o dicionário Aurélio, é a “parte periférica do citoplasma”.
02. (PUC-PR) Considerando a leitura de contos de Clarice Lispector que tematizam as relações entre pessoas de idades diferentes, relacione as colunas:
1. “O grande passeio”
2. “A legião estrangeira”
3. “Macacos”
4. “Uma estória de tanto amor”
( ) A narradora tenta mostrar a Ofélia que é possível matar por amor, mesmo sem sabê-lo.
( ) A relação entre mãe e filho se torna mais intensa após o convívio de ambos com Lisette.
( ) A partir da história de Mocinha, é tematizada a rejeição sofrida pelos idosos.
( ) Uma menina é convencida a comer a galinha que havia sido criada em sua casa; para sua mãe, essa seria uma forma de trazer o animal que se ama para dentro de si.
A sequência correta é:
- 1, 2, 3, 4
- 2, 3, 4, 1
- 3, 2, 4, 1
- 2, 4, 3, 1
- 2, 3, 1, 4
Leia o fragmento e observe a imagem a seguir para responder às questões 3 e 4.
A estrada era mais bonita que o Rio de Janeiro, e subia muito. Mocinha sentou-se numa pedra que havia junto de uma árvore, para poder apreciar. O céu estava altíssimo, sem nenhuma nuvem. E tinha muito passarinho que voava do abismo para a estrada. A estrada branca de sol se estendia sobre um abismo verde. Então, como estava cansada, a velha encostou a cabeça no tronco da árvore e morreu.
LISPECTOR, Clarice. Viagem a Petrópolis. In: A legião estrangeira. Rio de Janeiro: Rocco, 1999. p. 51.
DA VINCI, Leonardo. Anatomia – Desenho de feto no útero.
Disponível em: https://www.ebay.com/itm/Da-Vinci-Anatomy-Drawings-Fetus-in-Utero-Art-Print-/191954119588?_ul=BR. Acesso em: 26 abr. 2019.
03. (UEG) Instaura-se, entre o fragmento e o desenho apresentados, um diálogo pautado por
- antítese, já que momentos opostos da existência humana são contrapostos.
- crítica social, já que o descaso com a vida humana é tematizado de modo sutil.
- metáfora, na medida em que vida e morte aludem à ideia de pecado e redenção.
- misticismo, já que se apropriam do metafísico como expressão artística.
- sincronia, na medida em que pertencem a contextos históricos distintos.
04. (UEG) O fragmento pertence ao Modernismo brasileiro, ao passo que o desenho se filia ao Renascimento, pois
- retrata, implicitamente, que a vida rural é saudável, evidenciando a pertinência de fugere urbem.
- tematiza o dilema de uma consciência dividida entre o prazer carnal e o imperativo espiritual.
- é tributário de um procedimento valorativo do uso da razão, da ciência e da natureza.
- sobrepõe o dever religioso à satisfação da curiosidade humana, considerada fonte de pecado.
- veicula a ideia de que se deve viver com plenitude, instaurando o que se denomina carpe diem.
05. (Unilago) Leia o texto a seguir, extraído do conto “Legião estrangeira”, e responda à questão.
Foi quando me pareceu que de repente tudo parara. Sentindo falta do suplício, olhei-a enevoada.
Ofélia
Maria estava de cabeça a prumo, com os cachos inteiramente imobilizados.
– Que é isso, disse.
– Isso o quê?
– Isso! disse inflexível.
– Isso?
Ficaríamos indefinidamente numa roda de “isso”, não fosse a força excepcional daquela criança, que, sem uma palavra, apenas com a extrema autoridade do olhar, me obrigasse a ouvir o que ela própria ouvia. No silêncio da atenção a que ela me forçara, ouvi finalmente o fraco piar do pinto na cozinha.
– É o pinto.
– Pinto? disse desconfiadíssima.
– Comprei um pinto, respondi resignada.
– Pinto! repetiu como se eu a tivesse insultado.
– Pinto.
E nisso ficaríamos. Não fosse certa coisa que vi e que antes nunca vira. O que era? Mas, o que fosse, não estava mais ali. Um pinto faiscara um segundo em seus olhos e neles submergira para nunca ter existido. E a sombra se fizera. Uma sombra profunda cobrindo a terra. Do instante em que involuntariamente sua boca estremecendo quase pensara “eu também quero”, desse instante a escuridão se adensara no fundo dos olhos num desejo retrátil que, se tocassem, mais se fecharia como folha de dormideira. E que recuava diante do impossível, o impossível que se aproximara e, em tentação, fora quase dela: o escuro dos olhos vacilou como um ouro.
(LISPECTOR, C. Felicidade Clandestina. Rio de Janeiro: Rocco, 1998. p.72-73.)
Alguns elementos são constantes na produção de Clarice Lispector.
Com base na leitura do texto e nos conhecimentos sobre esses elementos, considere as afirmativas a seguir.
I. A produção da autora ficou marcada pela representação de personagens que compõem a alta burguesia, tanto urbana quanto rural.
II. A obra da autora é declaradamente uma retomada dos valores estéticos preconizados pelo Naturalismo, com uma clara hierarquia entre a fala do narrador e a das personagens.
III. A obra da autora aborda constantemente o cotidiano feminino, apresentando a mulher em seu ambiente familiar com aprofundamento da questão psicológica.
IV. Um dos elementos mais marcantes da obra da autora é a presença de revelações íntimas, em que as personagens são confrontadas com uma nova consciência de si mesmas. Assinale a alternativa correta.
- Somente as afirmativas I e II são corretas.
- Somente as afirmativas I e IV são corretas.
- Somente as afirmativas III e IV são corretas.
- Somente as afirmativas I, II e III são corretas.
- Somente as afirmativas II, III e IV são corretas.
06. (ENEM PPL) Qualquer que tivesse sido o seu trabalho anterior, ele o abandonara, mudara de profissão e passara pesadamente a ensinar no curso primário: era tudo o que sabíamos dele.
O professor era gordo, grande e silencioso, de ombros contraídos. Em vez de nó na garganta, tinha ombros contraídos. Usava paletó curto demais, óculos sem aro, com um fio de ouro encimando o nariz grosso e romano. E eu era atraída por ele. Não amor, mas atraída pelo seu silêncio e pela controlada impaciência que ele tinha em nos ensinar e que, ofendida, eu adivinhara. Passei a me comportar mal na sala. Falava muito alto, mexia com os colegas, interrompia a lição com piadinhas, até que ele dizia, vermelho:
— Cale-se ou expulso a senhora da sala.
Ferida, triunfante, eu respondia em desafio: pode me mandar! Ele não mandava, senão estaria me obedecendo. Mas eu o exasperava tanto que se tornara doloroso para mim ser objeto do ódio daquele homem que de certo modo eu amava. Não o amava como a mulher que eu seria um dia, amava-o como uma criança que tenta desastradamente proteger um adulto, com a cólera de quem ainda não foi covarde e vê um homem forte de ombros tão curvos.
LISPECTOR, C. Os desastres de Sofia. In: A legião estrangeira. São Paulo: Ática, 1997.
Entre os elementos constitutivos dos gêneros está a sua própria estrutura composicional, que pode apresentar um ou mais tipos textuais, considerando-se o objetivo do autor. Nesse fragmento, a sequência textual que caracteriza o gênero conto é a
- expositiva, em que se apresentam as razões da atitude provocativa da aluna.
- injuntiva, em que se busca demonstrar uma ordem dada pelo professor à aluna.
- descritiva, em que se constrói a imagem do professor com base nos sentidos da narradora.
- argumentativa, em que se defende a opinião da enunciadora sobre o personagem-professor.
- narrativa, em que se contam fatos ocorridos com o professor e a aluna em certo tempo e lugar.
07. (UEA) Leia o trecho do conto “Os desastres de Sofia”, de Clarice Lispector.
Qualquer que tivesse sido o seu trabalho anterior, ele o abandonara, mudara de profissão, e passara pesadamente a ensinar no curso primário: era tudo o que sabíamos dele.
O professor era gordo, grande e silencioso, de ombros contraídos. Em vez de nó na garganta, tinha ombros contraídos. Usava paletó curto demais, óculos sem aro, com um fio de ouro encimando o nariz grosso e romano. E eu era atraída por ele. Não amor, mas atraída pelo seu silêncio e pela controlada impaciência que ele tinha em nos ensinar e que, ofendida, eu adivinhara. Passei a me comportar mal na sala. Falava muito alto, mexia com os colegas, interrompia a lição com piadinhas, até que ele dizia, vermelho:
– Cale-se ou expulso a senhora da sala.
Ferida, triunfante, eu respondia em desafio: pode me mandar! Ele não mandava, senão estaria me obedecendo. Mas eu o exasperava tanto que se tornara doloroso para mim ser o objeto do ódio daquele homem que de certo modo eu amava. Não o amava como a mulher que eu seria um dia, amava-o como uma criança que tenta desastradamente proteger um adulto, com a cólera de quem ainda não foi covarde e vê um homem forte de ombros tão curvos.
(A legião estrangeira, 1999.)
Nesse trecho, a narradora
- relata situações de sala de aula que tornam evidente sua relação conflituosa com um professor do curso primário.
- expressa sua mágoa pelo fato de, embora tratasse o professor com agressividade, ele reagir com indiferença às provocações.
- recorda a convivência desastrosa com um professor, que a humilhava e a ameaçava sem qualquer justificativa.
- lembra com saudade o período em que se sentiu atraída por um professor, um homem que despertava atenção pela postura e pela elegância.
- rememora de forma distante episódios da infância, quando se divertia ofendendo professores e professoras.
08. (UFSC) Com relação às obras “Relatos escolhidos”, de Silveira de Souza, “A legião estrangeira”, de Clarice Lispector e “Comédias para se ler na escola”, de Luis Fernando Veríssimo, assinale a(s) proposição(ões) CORRETA(S).
- (01) Os três livros de contos apresentam narrativas curtas, cenas do cotidiano, com certa dose de bom humor e crítica social.
- (02) As narrativas de Silveira de Souza refletem o mundo que cerca o homem com seus desencontros; os transtornos que podem ser interpretados pelo insólito; o absurdo ou o mistério que cercam os personagens, a exemplo do despropósito representado pelo crescimento desmedido do braço esquerdo de Noêmia.
- (04) As narrativas de Clarice Lispector apresentam enredo linear, previsível, a exemplo de cenas que mostram a fragilidade dos animais diante do ser humano, o que pode ser observado na morte do pintinho no conto “A legião estrangeira”.
- (08) O humor é matéria-prima de Veríssimo. Porém, suas crônicas não levam somente ao riso, mas também à reflexão sobre os temas do nosso cotidiano, como equívocos, violência e mudança de sentido das coisas da vida.
- (16) No conto “Os pequenos desencontros”, de Silveira de Souza, um casal percebe-se sem saída no meio de uma cidade tumultuada, de gentilezas formais e de sorrisos impessoais, o que demonstra a angústia do homem diante de uma realidade desumana.
- (32) Clarice Lispector, em seus escritos realistas, tenta explicar questões polêmicas, como ocorre no texto intitulado “O ovo e a galinha”, em que responde à tradicional pergunta: “Quem nasceu primeiro, o ovo ou a galinha?”.
09. (UEM) Assinale o que for correto a respeito de A legião estrangeira, de Clarice Lispector.
- 01) No conto “A repartição dos pães”, o narrador em primeira pessoa discorre sobre uma experiência única. Ele fala sobre a situação dos convidados (ele incluído) para um almoço de obrigação no sábado. Embora todos se conheçam, sentem-se estranhos e distantes uns em relação aos outros, cada um fechado em seu próprio mundo. De repente, deparam-se com uma mesa farta e variada, preparada com muito carinho. Os convivas passam a comer dividindo a mesa e, aos poucos, sentem-se como se estivessem em uma reunião de colheita, repartindo o alimento.
- 02) Os contos de Clarice Lispector são marcados por uma apresentação rude e concreta do vazio do cotidiano, em que nada acontece e em que os personagens permanecem sempre os mesmos. A concepção dos personagens não comporta mergulhos introspectivos nem psicologias profundas, pois o estilo da autora é marcado pela descrição crua e direta dos objetos e das ações. Daí a subjetividade ser abafada por uma visão coletiva do ser humano e de seus conflitos, fazendo que ela seja filiada à tradição naturalista da narrativa brasileira.
- 04) No conto “Viagem a Petrópolis”, Mocinha é uma adolescente perdida na cidade grande, sozinha em meio aos arranha-céus, sem qualquer memória ou recordação de seus pais ou parentes. Sem opção, entrega-se à prostituição e sonha tornar-se, um dia, uma respeitável vendedora de roupas em uma loja de departamentos.
- 08) Em “A quinta história”, uma narradora em primeira pessoa nos conta das tentativas infrutíferas de matar algumas baratas que todas as noites aparecem em seu apartamento. Os métodos que usa para exterminá-las são muito variados, porém ela não obtém êxito. Esse processo desgastante se desenvolve até que, em um determinado dia, ela começa a se perguntar se, de fato, queria matá-las, ou se já havia se acostumado e se afeiçoado à sua companhia silenciosa.
- 16) No conto “A legião estrangeira”, a narradora conta como iniciou sua relação de amizade com uma vizinha com idade para ser sua filha. Isso ocorre quando ela recebe um pintinho vivo de presente. A vizinha Ofélia, ainda criança, passa a cuidar do pintinho, dia após dia, impedindo que a narradora se desfaça do animal – que virá a morrer de velhice. Aos poucos elas constroem, sem perceber, uma sólida relação de confiança, de solidariedade e de companheirismo, que se mantém firme por décadas.