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Modernismo

Lista de 20 exercícios de Literatura com gabarito sobre o tema Modernismo com questões do Enem.

Para responder as questões abaixo é necessário o conhecimento sobre os Modernistas, tais como Anita Malfatti, Tarsila do Amaral, Oswald de Andrade, Mário de Andrade, Manuel Bandeira, Carlos Drummond de Andrade, Cecília Meireles, Vinicius de Moraes etc


Você pode conferir as videoaulas, conteúdo de teoria, e mais questões sobre o tema Modernismo.




01. (Enem 2019)

HELOÍSA: Faz versos?

PINOTE: Sendo preciso... Quadrinhas... Acrósticos... Sonetos... Reclames.

HELOÍSA: Futuristas?

PINOTE: Não senhora! Eu já fui futurista. Cheguei a acreditar na independência... Mas foi uma tragédia!

Começaram a me tratar de maluco. A me olhar de esguelha. A não me receber mais. As crianças choravam em casa.

Tenho três filhos. No jornal também não pagavam, devido à crise. Precisei viver de bicos. Ah! Reneguei tudo.

Arranjei aquele instrumento (Mostra a faca) e fiquei passadista.

ANDRADE, O. O rei da vela. São Paulo: Globo, 2003.

O fragmento da peça teatral de Oswald de Andrade ironiza a reação da sociedade brasileira dos anos 1930 diante de determinada vanguarda europeia. Nessa visão, atribui-se ao público leitor uma postura

  1. preconceituosa, ao evitar formas poéticas simplificadas.
  2. conservadora, ao optar por modelos consagrados.
  3. preciosista, ao preferir modelos literários eruditos.
  4. nacionalista, ao negar modelos estrangeiros.

02. (Enem 2019) Uma ouriça

Se o de longe esboça lhe chegar perto,

se fecha (convexo integral de esfera),

se eriça (bélica e multiespinhenta):

e, esfera e espinho, se ouriça à espera.

Mas não passiva (como ouriço na loca);

nem só defensiva (como se eriça o gato);

sim agressiva (como jamais o ouriço),

do agressivo capaz de bote, de salto

(não do salto para trás, como o gato):

daquele capaz de salto para o assalto.

Se o de longe lhe chega em (de longe),

de esfera aos espinhos, ela se desouriça.

Reconverte: o metal hermético e armado

na carne de antes (côncava e propícia),

e as molas felinas (para o assalto),

nas molas em espiral (para o abraço).

MELO NETO, J. C. A educação pela pedra. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1997.

Com apuro formal, o poema tece um conjunto semântico que metaforiza a atitude feminina de

  1. tenacidade transformada em brandura.
  2. obstinação traduzida em isolamento.
  3. inércia provocada pelo desejo platônico.
  4. irreverência cultivada de forma cautelosa.
  5. desconfiança consumada pela intolerância.

3. (Enem PPL 2019) Biografia de Pasárgada

Quando eu tinha meus 15 anos e traduzia na classe de grego do D. Pedro II a Ciropédia fiquei encantado com o nome dessa cidadezinha fundada por Ciro, o Antigo, nas montanhas do sul da Pérsia, para lá passar os verões. A minha imaginação de adolescente começou a trabalhar, e vi Pasárgada e vivi durante alguns anos em Pasárgada.

Mais de vinte anos depois, num momento de profundo desânimo, saltou-me do subconsciente este grito de evasão: “Vou-me embora pra Pasárgada!” Imediatamente senti que era a célula de um poema. Peguei do lápis e do papel, mas o poema não veio. Não pensei mais nisso. Uns cinco anos mais tarde, o mesmo grito de evasão nas mesmas circunstâncias. Desta vez, o poema saiu quase ao correr da pena. Se há belezas em “Vou-me embora pra Pasárgada!”, elas não passam de acidentes. Não construí o poema, ele construiu-se em mim, nos recessos do subconsciente, utilizando as reminiscências da infância — as histórias que Rosa, minha ama-seca mulata, me contava, o sonho jamais realizado de uma bicicleta etc.

BANDEIRA, M. Itinerário de Pasárgada. São Paulo: Global, 2012.

O texto é um depoimento de Manuel Bandeira a respeito da criação de um de seus poemas mais conhecidos.

De acordo com esse depoimento, o fazer poético em

“Vou-me embora pra Pasárgada!”

  1. acontece de maneira progressiva, natural e pouco intencional.
  2. decorre de uma inspiração fulminante, num momento de extrema emoção.
  3. ratifica as informações do senso comum de que Pasárgada é a representação de um lugar utópico.
  4. resulta das mais fortes lembranças da juventude do poeta e de seu envolvimento com a literatura grega.
  5. remete a um tempo da vida de Manuel Bandeira marcado por desigualdades sociais e econômicas.

4. (Enem PPL 2019) Canção

No desequilíbrio dos mares,

as proas giram sozinhas…

Numa das naves que afundaram

é que certamente tu vinhas.

Eu te esperei todos os séculos

sem desespero e sem desgosto,

e morri de infinitas mortes

guardando sempre o mesmo rosto.

Quando as ondas te carregaram

meus olhos, entre águas e areias,

cegaram como os das estátuas,

a tudo quanto existe alheias.

Minhas mãos pararam sobre o ar

e endureceram junto ao vento,

e perderam a cor que tinham

e a lembrança do movimento.

E o sorriso que eu te levava

desprendeu-se e caiu de mim:

e só talvez ele ainda viva

dentro destas águas sem fim.

MEIRELES, C. In: SECCHIN, A. C. (Org.). Obra completa. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2001.

Na composição do poema, o tom elegíaco e solene manifesta uma concepção de lirismo fundada na

  1. contradição entre a vontade da espera pelo ser amado e o desejo de fuga.
  2. expressão do desencanto diante da impossibilidade da realização amorosa.
  3. associação de imagens díspares indicativas de esperança no amor futuro.
  4. recusa à aceitação da impermanência do sentimento pela pessoa amada.
  5. consciência da inutilidade do amor em relação à inevitabilidade da morte.

5. (Enem PPL 2019) O mato do Mutúm é um enorme mundo preto, que nasce dos buracões e sobe a serra. O guará-lobo trota a vago no campo. As pessôas mais velhas são inimigas dos meninos. Soltam e estumam cachorros, para ir matar os bichinhos assustados — o tatú que se agarra no chão dando guinchos suplicantes, os macacos que fazem artes, o coelho que mesmo até quando dorme todo-tempo sonha que está sendo perseguido. O tatú levanta as mãozinhas cruzadas, ele não sabe — e os cachorros estão rasgando o sangue dele, e ele pega a sororocar. O tamanduá. Tamanduá passeia no cerrado, na beira do capoeirão. Ele conhece as árvores, abraça as árvores. Nenhum nem pode rezar, triste é o gemido deles campeando socôrro. Todo choro suplicando por socôrro é feito para Nossa Senhora, como quem diz a salve-rainha. Tem uma Nossa Senhora velhinha. Os homens, pé-ante-pé, indo a peitavento, cercaram o casal de tamanduás, encantoados contra o barranco, o casal de tamanduás estavam dormindo. Os homens empurraram com a vara de ferrão, com pancada bruta, o tamanduá que se acordava. Deu som surdo, no corpo do bicho, quando bateram, o tamanduá caiu pra lá, como um colchão velho.

ROSA, G. Noites do sertão (Corpo de baile). Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2016.

Na obra de Guimarães Rosa, destaca-se o aspecto afetivo no contorno da paisagem dos sertões mineiros.

Nesse fragmento, o narrador empresta à cena uma expressividade apoiada na

  1. plasticidade de cores e sons dos elementos nativos.
  2. dinâmica do ataque e da fuga na luta pela sobrevivência.
  3. religiosidade na contemplação do sertanejo e de seus costumes.
  4. correspondência entre práticas e tradições e a hostilidade do campo.
  5. humanização da presa em contraste com o desdém e a ferocidade do homem.

06. (Enem 2018) O trabalho não era penoso: colar rótulos, meter vidros em caixas, etiqueta-las, selá-las, envolve-las em papel celofane, branco, verde, azul, conforme o produto, separá-las em dúzias... Era fastidioso. Para passar mais rapidamente as oito horas havia o remédio: conversar. Era proibido, mas quem ia atrás de proibições? O patrão vinha? Vinha o encarregado do serviço? Calavam o bico, aplicavam-se ao trabalho. Mal viravam as costas, voltavam a taramelar. As mãos não paravam, as línguas não paravam. Nessas conversas intermináveis, de linguagem solta e assuntos crus, Leniza se completou. Isabela, Afonsina, Idália, Jurete, Deolinda – foram mestras. O mundo acabou de se desvendar. Leniza perdeu o tom ingênuo que ainda podia ter. Ganhou um jogar de corpo que convida, um quebrar de olhos que promete tudo, à toa, gratuitamente. Modificou-se o timbre de sua voz. Ficou mais quente. A própria inteligência se transformou. Tornou-se mais aguda, mais trepidante.

REBELO, M. A estrela sobe. Rio de Janeiro: José Olympio, 2009.

O romance, de 1939, traz à cena tipos e situações que espelham o Rio de Janeiro daquela década. No fragmento, o narrador delineia esse contexto centrado no

  1. julgamento da mulher fora do espaço doméstico.
  2. relato sobre as condições de trabalho no Estado Novo.
  3. destaque a grupos populares na condição de protagonistas.
  4. processo de inclusão do palavrão nos hábitos de linguagem.
  5. vínculo entre as transformações urbanas e os papéis femininos.

7. (Enem PPL 2018) Uma das funções da bra de arte é epresentar o contexto sociocultural ao qual ela pertence. Produzida na primeira metade do século XX, a Estrada de Ferro Central do Brasil evidencia o processo de modernização pela:

Uma das funções da obra de arte é epresentar o contexto sociocultural ao qual ela pertence. Produzida na primeira metade do século XX, a Estrada de Ferro Central do Brasil evidencia o processo de modernização pela:

  1. verticalização do espaço.
  2. desconstrução da forma.
  3. sobreposição de elementos.
  4. valorização da naturez.
  5. abstração do tema.

8. (Enem PPL 2017) O exercício da crônica

Escrever prosa é uma arte ingrata. Eu digo prosa fiada, como faz um cronista; não a prosa de um ficcionista, na qual este é levado meio a tapas pelas personagens e situações que, azar dele, criou porque quis. Com um prosador do cotidiano, a coisa fia mais fino. Senta-se diante de sua máquina, acende um cigarro, olha através da janela e busca fundo em sua imaginação um fato qualquer, de preferência colhido no noticiário matutino, ou da véspera, em que, com as suas artimanhas peculiares, possa injetar um sangue novo.

(MORAES, V. Para viver um grande amor: crônicas e poemas. São Paulo: Cia. das Letras, 1991)

Nesse trecho, Vinicius de Moraes exercita a crônica para pensá-la como gênero e prática. Do ponto de vista dele, cabe ao cronista:

  1. criar fatos com a imaginação.
  2. reproduzir as notícias dos jornais.
  3. escrever em linguagem coloquial.
  4. construir personagens verossímeis.
  5. ressignificar o cotidiano pela escrita.

09. (Enem 2017)

O farrista

Quando o almirante Cabral

Pôs as patas no Brasil

O anjo da guarda dos índios

Estava passeando em Paris.

Quando ele voltou de viagem

O holandês já está aqui.

O anjo respira alegre:

“Não faz mal, isto é boa gente,

Vou arejar outra vez.”

O anjo transpôs a barra,

Diz adeus a Pernambuco,

Faz barulho, vuco-vuco,

Tal e qual o zepelim

Mas deu um vento no anjo,

Ele perdeu a memória...

E não voltou nunca mais.

MENDES, M. História do Brasil. Rio de Janeiro: Nova Fronteira , 1992.

A obra de Murilo Mendes situa-se na fase inicial do Modernismo, cujas propostas estéticas transparecem, no poema, por um eu lírico que

  1. configura um ideal de nacionalidade pela integração regional.
  2. remonta ao colonialismo assente sob um viés iconoclasta.
  3. repercute as manifestações do sincretismo religioso.
  4. descreve a gênese da formação do povo brasileiro.
  5. promove inovações no repertório linguístico.

10. (Enem PPL 2016)

Anoitecer

A Dolores

É a hora em que o sino toca,

mas aqui não há sinos;

há somente buzinas,

sirenes roucas, apitos

aflitos, pungentes, trágicos

uivando escuro segredo;

desta hora tenho medo.

[...]

É a hora do descanso,

mas o descanso vem tarde,

o corpo não pede sono,

depois de tanto rodar;

pede paz — morte — mergulho

no poço mais ermo e quedo;

desta hora tenho medo.

Hora de delicadeza,

agasalho, sombra, silêncio.

Haverá disso no mundo?

É antes a hora dos corvos,

bicando em mim, meu passado,

meu futuro, meu degredo;

desta hora, sim, tenho medo.

ANDRADE, C. D. A rosa do povo. Rio de Janeiro: Record, 2005 (fragmento).

Com base no contexto da Segunda Guerra Mundial, o livro A rosa do povo revela desdobramentos da visão poética. No fragmento, a expressividade lírica demonstra um(a)

  1. defesa da esperança como forma de superação das atrocidades da guerra.
  2. desejo de resistência às formas de opressão e medo produzidas pela guerra.
  3. olhar pessimista das instituições humanas e sociais submetidas ao conflito armado.
  4. exortação à solidariedade para a reconstrução dos espaços urbanos bombardeados.
  5. espírito de contestação capaz de subverter a condição de vítima dos povos afetados.

11. (Enem PPL 2016)

A partida de trem

Marcava seis horas da manhã. Angela Pralini pagou o táxi e pegou sua pequena valise. Dona Maria Rita de Alvarenga Chagas Souza Melo desceu do Opala da filha e encaminharam-se para os trilhos. A velha bem-vestida e com joias. Das rugas que a disfarçavam saía a forma pura de um nariz perdido na idade, e de uma boca que outrora devia ter sido cheia e sensível. Mas que importa? Chega-se a um certo ponto — e o que foi não importa. Começa uma nova raça. Uma velha não pode comunicar-se. Recebeu o beijo gelado de sua filha que foi embora antes do trem partir. Ajudara-a antes a subir no vagão. Sem que neste houvesse um centro, ela se colocara do lado. Quando a locomotiva se pôs em movimento, surpreendeu-se um pouco: não esperava que o trem seguisse nessa direção e sentara-se de costas para o caminho.

Angela Pralini percebeu-lhe o movimento e perguntou:

— A senhora deseja trocar de lugar comigo?

Dona Maria Rita se espantou com a delicadeza, disse que não, obrigada, para ela dava no mesmo. Mas parecia ter-se perturbado. Passou a mão sobre o camafeu filigranado de ouro, espetado no peito, passou a mão no briche. Seca. Ofendida? Perguntou afinal a Angela Pralini:

— É por causa de mim que a senhorita deseja trocar de lugar?

LISPECTOR, C. Onde estivestes de noite. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1980 (fragmento).

A descoberta de experiências emocionais com base no cotidiano é recorrente na obra de Clarice Lispector. No fragmento, o narrador enfatiza o(a)

  1. comportamento vaidoso de mulheres de condição social privilegiada.
  2. anulação das diferenças sociais no espaço público de uma estação.
  3. incompatibilidade psicológica entre mulheres de gerações diferentes.
  4. constrangimento da aproximação formal de pessoas desconhecidas.
  5. sentimento de solidão alimentado pelo processo de envelhecimento.

12. (Enem PPL 2016)

O bonde abre a viagem,
No banco ninguém,
Estou só, estou sem.
Depois sobe um homem,
No banco sentou,
Companheiro vou.
O bonde está cheio,
De novo porém
Não sou mais ninguém.

(ANDRADE, M, Poesias completas. Belo Horizonte: Wa Rica, 1993)

O desenvolvimento das grandes cidades e a consequente concentração populacional nos centros urbanos geraram mudanças importantes no comportamento dos indivíduos em sociedade. No poema de Mário de Andrade, publicado na década de 1940, a vida na metrópole aparece representada pela contraposição entre:

  1. solidão e a multidão.
  2. a carência e a satisfação.
  3. a mobilidade e a lentidão.
  4. a amizade e a indiferença.
  5. a mudança e a estagnação.

13. (Enem PPL 2016) Poema tirado de uma notícia de jornal

João Gostoso era carregador de feira livre e morava no morro da Babilônia num barracão sem número.
Uma noite ele chegou no bar Vinte de Novembro
Bebeu
Cantou
Dançou
Depois se atirou na lagoa Rodrigo de Freitas e morreu afogado.

(BANDEIRA, M. Estrela da vida inteira: poesias reunidas. Rio de Janeiro: José Olympio, 1980)

No poema de Manuel Bandeira, há uma ressignificação de elementos da função referencial da linguagem pela:

  1. atribuição de título ao texto com base em uma notícia veiculada em jornal.
  2. utilização de frases curtas, características de textos do gênero jornalístico.
  3. indicação de nomes de lugares como garantia da veracidade da cena narrada.
  4. enumeração de ações, com foco nos eventos acontecidos à personagem do texto.
  5. apresentação de elementos próprios da noticia, tais como quem, onde, quando e o quê.

14. (Enem PPL 2016) Descobrimento

Abancado à escrivaninha em São Paulo
Na minha casa da rua Lopes Chaves
De sopetão senti um friúme por dentro.
Fiquei trêmulo, muito comovido
Com o livro palerma olhando pra mim.
Não vê que me lembrei que lá no norte, meu
Deus! Muito
longe de mim,
Na escuridão ativa da noite que caiu,
Um homem pálido, magro de cabelos escorrendo nos olhos
Depois de fazer uma pele com a borracha do dia,
Faz pouco se deitou, está dormindo.
Esse homem é brasileiro que nem eu...

(ANDRADE, M, Poesias completas. São Paulo: Edusp, 1987)

O poema Descobrimento, de Mário de Andrade, marca a postura nacionalista manifestada pelos escritores modernistas. Recuperando o fato histórico do “descobrimento”, a construção poética problematiza a representação nacional a fim de:

  1. resgatar o passado indígena brasileiro.
  2. criticar a colonização portuguesa no Brasil.
  3. defender a diversidade social e cultural brasileira.
  4. promover a integração das diferentes regiões do país.
  5. valorizar a Região Norte, pouco conhecida pelos brasileiros.

15. (Enem PPL 2016) O modernismo brasileiro teve forte influência das vanguardas europeias.

O modernismo brasileiro teve forte influência das vanguardas europeias. A partir da Semana de Arte Moderna, esses conceitos passaram a fazer parte da arte brasileira definitivamente.

Tomando como referência o quadro O mamoeiro, identifica-se que, nas artes plásticas, a:

  1. forma estética ganha linhas retas e valoriza o cotidiano
  2. imagem privilegia uma ação moderna e industrializada.
  3. imagem passa a valer mais que as formas vanguardistas.
  4. natureza passa a ser admirada como um espaço utópico.
  5. forma apresenta contornos e detalhes humanos.

16. (Enem PPL 2015) O peru de Natal

O nosso primeiro Natal de família, depois da morte de meu pai acontecida cinco meses antes, foi de consequências decisivas para a felicidade familiar. Nós sempre fôramos familiarmente felizes, nesse sentido muito abstrato da felicidade: gente honesta, sem crimes, lar sem brigas internas nem graves dificuldades econômicas. Mas, devido principalmente à natureza cinzenta de meu pai, ser desprovido de qualquer lirismo, duma exemplaridade incapaz, acolchoado no medíocre, sempre nos faltara aquele aproveitamento da vida, aquele gosto pelas felicidades materiais, um vinho bom, uma estação de águas, aquisição de geladeira, coisas assim. Meu pai fora de um bom errado, quase dramático, o puro-sangue dos desmancha-prazeres.

(ANDRADE, M. In: MORICONI, I. Os cem melhores contos brasileiros do século. São Paulo: Objetiva, 2000)

No fragmento do conto de Mário de Andrade, o tom confessional do narrador em primeira pessoa revela uma concepção das relações humanas marcada por:

  1. distanciamento de estados de espírito acentuado pelo papel das gerações.
  2. relevância dos festejos religiosos em família na sociedade moderna.
  3. preocupação econômica em uma sociedade urbana em crise.
  4. consumo de bens materiais por parte de jovens, adultos e idosos.
  5. pesar e reação de luto diante da morte de um familiar querido.

17. (Enem PPL 2015) Vei, a Sol

Ora o pássaro careceu de fazer necessidade, fez e o herói ficou escorrendo sujeira de urubu. Já era de madrugadinha e o tempo estava inteiramente frio. Macunaíma acordou tremendo, todo lambuzado. Assim mesmo examinou bem a pedra mirim da ilhota para vê si não havia alguma cova com dinheiro enterrado. Não havia não. Nem a correntinha encantada de prata que indica pro escolhido, tesouro de holandês. Havia só as formigas jaquitaguas ruivinhas.

Então passou Caiuanogue, a estrela da manhã. Macunaíma já meio enjoado de tanto viver pediu pra ela que o carregasse pro céu.

Caiuanogue foi se chegando porém o herói fedia muito.

— Vá tomar banho! — ela fez. E foi-se embora.

Assim nasceu a expressão “Vá tomar banho” que os brasileiros empregam se referindo a certos imigrantes europeus.

(ANDRADE, M. Macunaíma: o herói sem nenhum caráter. Rio de Janeiro: Agir, 2008)

O fragmento de texto faz parte do capítulo VII, intitulado “Vei, a Sol”, do livro Macunaíma, de Mário de Andrade, pertencente à primeira fase do Modernismo brasileiro. Considerando a linguagem empregada pelo narrador, é possível identificar:

  1. resquícios do discurso naturalista usado pelos escritores do século XIX.
  2. ausência de linearidade no tratamento do tempo, recurso comum ao texto narrativo da primeira fase modernista.
  3. referência à fauna como meio de denunciar o primitivismo e o atraso de algumas regiões do país.
  4. descrição preconceituosa dos tipos populares brasileiros, representados por Macunaíma e Caiuanogue.
  5. uso da linguagem coloquial e de temáticas do lendário brasileiro como meio de valorização da cultura popular nacional.

18. (Enem 2015) Cântico VI

Tu tens um medo de Acabar.
Não vês que acabas todo o dia.
Que morres no amor.
Na tristeza.
Na dúvida.
No desejo.
Que te renovas todo dia.
No amor.
Na tristeza.
Na dúvida.
No desejo.
Que és sempre outro.
Que és sempre o mesmo.
Que morrerás por idades imensas.
Até não teres medo de morrer.
E então serás eterno.

(MEIRELES. C. Antologia poética, Rio de Janeiro: Record. 1963)

A poesia de Cecília Meireles revela concepções sobre o homem em seu aspecto existencial. Em Cântico VI, o eu lírico exorta seu interlocutor a perceber, como inerente à condição humana,

  1. a sublimação espiritual graças ao poder de se emocionar.
  2. o desalento irremediável em face do cotidiano repetitivo.
  3. o questionamento cético sobre o rumo das atitudes humanas.
  4. a vontade inconsciente de perpetuar-se em estado adolescente.
  5. um receio ancestral de confrontar a imprevisibilidade das coisas.

19. (Enem PPL 2015)

Famigerado

Com arranco, [o sertanejo] calou-se. Como arrependido de ter começado assim, de evidente. Contra que aí estava com o fígado em más margens; pensava, pensava. Cabismeditado. Do que, se resolveu. Levantou as feições. Se é que se riu: aquela crueldade de dentes. Encarar, não me encarava, só se fito à meia esguelha. Latejava-lhe um orgulho indeciso. Redigiu seu monologar.

O que frouxo falava: de outras, diversas pessoas e coisas, da Serra, do São Ão, travados assuntos, insequentes, como dificultação. A conversa era para teias de aranha. Eu tinha de entender-lhe as mínimas entonações, seguir seus propósitos e silêncios. Assim no fechar-se com o jogo, sonso, no me iludir, ele enigmava. E, pá:

— Vosmecê agora me faça a boa obra de querer me ensinar o que é mesmo que é: fasmisgerado... faz-me-gerado... falmisgeraldo... familhas-gerado...?

ROSA, J. G. Primeiras estórias. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1988.

A linguagem peculiar é um dos aspectos que conferem a Guimarães Rosa um lugar de destaque na literatura brasileira. No fragmento lido, a tensão entre a personagem e o narrador se estabelece porque

  1. o narrador se cala, pensa e monologa, tentando assim evitar a perigosa pergunta de seu interlocutor.
  2. o sertanejo emprega um discurso cifrado, com enigmas, como se vê em “a conversa era para teias de aranha”.
  3. entre os dois homens cria-se uma comunicação impossível, decorrente de suas diferenças socioculturais.
  4. a fala do sertanejo é interrompida pelo gesto de impaciência do narrador, decidido a mudar o assunto da conversa.
  5. a palavra desconhecida adquire o poder de gerar conflito e separar as personagens em planos incomunicáveis.

20. (Enem 2014) Camelôs

Abençoado seja o camelô dos brinquedos de tostão:
O que vende balõezinhos de cor
O macaquinho que trepa no coqueiro
O cachorrinho que bate com o rabo
Os homenzinhos que jogam boxe
A perereca verde que de repente dá um pulo que engraçado
E as canetinhas-tinteiro que jamais escreverão coisa alguma.

Alegria das calçadas
Uns falam pelos cotovelos:
− "O cavalheiro chega em casa e diz: Meu filho, vai buscar um pedaço de banana para eu acender o charuto.
Naturalmente o menino pensará: Papai está malu...”

Outros, coitados, têm a língua atada.

Todos porém sabem mexer nos cordéis como o tino ingênuo de demiurgos de inutilidades.
E ensinam no tumulto das ruas os mitos heroicos da meninice...
E dão aos homens que passam preocupados ou tristes uma lição de infância.

(BANDEIRA, M. Estrela da vida inteira. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2007)

Uma das diretrizes do Modernismo foi a percepção de elementos do cotidiano como matéria de inspiração poética. O poema de Manuel Bandeira exemplifica essa tendência e alcança expressividade porque:

  1. realiza um inventário dos elementos lúdicos tradicionais da criança brasileira.
  2. promove um reflexão sobre a realidade de pobreza dos centros urbanos.
  3. traduz em linguagem lírica o mosaico de elementos de significação corriqueira.
  4. introduz a interlocução como mecanismo de construção de uma poética nova.
  5. constata a condição melancólica dos homens distantes da simplicidade infantil

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