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Filosofia Contemporânea

Simulado de 20 questões de Filosofia Com Gabarito para a UEL, UEM, UENP, UFPR e Unioeste com questões de Vestibulares.


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01. (UFPR) Eis como ainda no início do século XVII se descrevia a figura ideal do soldado. O soldado é antes de tudo alguém que se reconhece de longe; que leva os sinais naturais de seu vigor e coragem, as marcas também de seu orgulho: seu corpo é o brasão de sua força e de sua valentia. [...] Na segunda metade do século XVIII, o soldado tornou-se algo que se fabrica; de uma massa informe, de um corpo inapto, fez-se a máquina de que se precisa; corrigiram-se aos poucos as posturas; lentamente uma coação calculada percorre cada parte do corpo, se assenhoreia dele, dobra o conjunto, torna-o perpetuamente disponível e se prolonga, em silêncio, no automatismo dos hábitos.

(FOUCAULT, Michel. Os corpos dóceis. In: FOUCAULT, Michel. Vigiar e Punir. Petrópolis: Vozes, 1999, p. 162.)

Levando em conta essa passagem e a obra em que está inserida, é correto afirmar que, para Michel Foucault, instituições como escolas, quartéis, hospitais e prisões são exemplos de espaços em que, a partir do século XVIII, os indivíduos:

  1. são educados de modo a se tornarem autônomos.
  2. aprendem a conviver uns com os outros.
  3. encontram as condições de segurança e bem-estar.
  4. se tornam mais vigorosos e valentes.
  5. se fazem objeto do poder disciplinar.

02. (UEL) Leia o texto a seguir.

À medida que as obras de arte se emancipam do seu uso cultual, aumentam as ocasiões para que elas sejam expostas. A exponibilidade de um busto [...] é maior que de uma estátua divina, que tem sua sede fixa no interior do templo. [...] a preponderância absoluta conferida hoje a seu valor de exposição atribui-lhe funções inteiramente novas, entre as quais a “artística”, a única de que temos consciência, talvez se revele mais tarde como rudimentar.

BENJAMIN, Walter. “A obra de arte na era da sua reprodutibilidade técnica (Primeira versão)”. In: Obras escolhidas I. Trad. Sérgio Paulo Rouanet, 8ª ed. São Paulo: Brasiliense, 2012. p. 187-188.

Com base no texto e nos conhecimentos sobre a teoria benjaminiana da reprodutibilidade técnica e do valor cultual e de exposição da obra de arte, assinale a alternativa correta.

  1. O valor de exposição da obra de arte reforça os laços sociais, na medida em que a exposição intensifica a coesão social, possibilitando, democraticamente, o acesso à obra.
  2. A mudança do valor de culto para o valor da exposição da obra de arte revela transformações nas quais esta passa a ser concebida a partir da esfera pública.
  3. O valor de culto da obra de arte expressa a gradativa desvinculação entre o humano e o sagrado, considerando que a obra substitui a relação direta do humano com o sagrado.
  4. O valor material atribuído a uma obra de arte é constituído pela persistência de um valor de culto na exposição, evidenciado na “aura” que paira sobre as grandes obras, as chamadas obras clássicas.
  5. O elemento comum entre o valor de culto e o valor de exposição da obra de arte é o reconhecimento de que a função “artística” é a sua dimensão mais importante.

03. (Unioeste) O filósofo francês, Michel Foucault, ao iniciar os estudos sobre arquitetura hospitalar na segunda metade do século XVIII, percebeu que grande parte dos projetos arquitetônicos tinham como característica uma centralização do olhar voltada para indivíduos, corpos e coisas. Segundo Foucault, os modelos arquitetônicos seguiam os princípios formulados por Jeremy Bentham em sua obra “O Panopticon”, publicada no final do século XVIII. Foucault encontrou o mesmo princípio do panopticon na arquitetura das escolas, nos hospitais e, sobretudo, nos grandes projetos prisionais do início do século XIX. Em 1975, ele retoma o tema em sua obra “Vigiar e Punir”, quando se refere ao tema da tecnologia de poder e o da vigilância no sistema prisional. Sobre o panopticon, é CORRETO afirmar.

  1. O princípio arquitetônico prisional do panopticon segue a lógica da masmorra, cuja função é trancar e privar o preso da luz solar.
  2. No princípio arquitetônico prisional do panopticon, as celas não são trancadas e permitem ao preso a liberdade de contato com outros presos sem que seja vigiado.
  3. O princípio do panopticon é baseado na privacidade do preso e na invisibilidade de suas ações. O detento nunca é vigiado em sua cela.
  4. O modelo arquitetônico prisional do panopticon necessita de muitos vigilantes e o custo do sistema é muito alto para ser mantido pelo Estado.
  5. O modelo arquitetônico prisional do panopticon foi pensado como um espaço fechado em forma de círculo, com uma torre no centro. Todos os movimentos das celas são controlados e registrados por um sistema de vigilância ininterrupto.

04. (UEL) Texto III

A sociedade contemporânea convive com os riscos produzidos por ela mesma e com a frustração de, muitas vezes, não saber distinguir entre catástrofes que possuem causas essencialmente naturais e aquelas ocasionadas a partir da relação que o homem trava com a natureza. Os custos ambientais e humanos do desenvolvimento da técnica, da ciência e da indústria passam a ser questionados a partir de desastres contemporâneos como AIDS, Chernobyl, aquecimento global, contaminação da água e de alimentos pelos agrotóxicos, entre outros.

(Adaptado de: LIMA, M. L. M. A ciência, a crise ambiental e a sociedade de risco. Senatus. v.4. n.1. nov. 2005. p.42-47.)

Leia o texto a seguir.

O mito converte-se em esclarecimento e a natureza em mera objetividade. O preço que os homens pagam pelo aumento de seu poder é a alienação daquilo sobre o que exercem o poder. O esclarecimento comporta-se com as coisas como o ditador se comporta com os homens. Este os conhece na medida em que pode manipulá-los. O homem de ciência conhece as coisas na medida em que pode fazê-las. É assim que seu em-si torna para ele. Nessa metamorfose, a essência das coisas revela-se como sempre a mesma, como substrato de dominação.

(ADORNO; HORKHEIMER. Dialética do Esclarecimento. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 1985. p.21.)

O uso da razão para fins irracionais criou, principalmente no século XX, uma desconfiança crônica a respeito da sua natureza e dos seus usos. Com base nos conhecimentos sobre a racionalidade instrumental presente no texto, assinale a alternativa correta.

  1. Tanto a dominação da natureza quanto a alienação do homem são o preço inevitável a ser pago pela razão, pois o conhecimento ocorre quando o mundo e o homem se tornam objetos.
  2. O esclarecimento, na medida em que efetiva a superação do mito, atualiza a essência e o próprio destino do homem, que consiste em transformar a natureza, produzindo objetos que tornam a vida mais confortável.
  3. Mito e razão são forças primitivas antagônicas de natureza distinta: o mito caracteriza-se pela imaginação, fantasia e falta de objetividade; já a razão, pela objetividade, por cujos processos de formalização a certeza é instituída.
  4. Dada a dimensão puramente formal da ciência, os aspectos práticos do mundo da vida lhe são alheios, razão pela qual os usos com vistas à dominação são estranhos à sua essência, resultando na dominação de um mau uso prático.
  5. A instrumentalização da razão e a objetivação da natureza são dois momentos de um mesmo processo, cujo resultado consiste em conceber o homem e o mundo como objetos disponíveis à manipulação e ao exercício de poder.

05. (Unioeste) “É espantoso de ver-se quantas e quantas disputas filosóficas dão em nada no momento em que a submetemos ao simples teste de traçar uma consequência concreta. Não pode haver nenhuma diferença em alguma parte que não faça uma diferença em outra parte – nenhuma diferença em matéria de verdade abstrata que não se expresse em uma diferença em fato concreto e em conduta consequente derivada desse fato e imposta sobre alguém, alguma coisa, em alguma parte e em algum tempo. Toda a função da filosofia deve ser a de achar que diferença definitiva fará para mim e você, em instantes definidos de nossa vida, se essa fórmula do mundo ou aquela outra seja a verdadeira.”

William James

O autor desse trecho pretendeu apresentar um método para terminar discussões metafísicas que, de outro modo, seriam intermináveis. Ele se refere a tal método como

  1. o método positivista, pois importa-lhe salientar aquilo que é passível de tratamento científico.
  2. o método pragmático, pois importa-lhe salientar o efeito prático de nossas concepções.
  3. o método absolutista, pois importa-lhe salientar a diferença absoluta entre concepções.
  4. o método racionalista, pois importa-lhe salientar os modos razoáveis de discutir.
  5. o método empirista, pois importa-lhe salientar a base empírica de nossas concepções.

06. (UEL) Leia o texto a seguir.

A utilização da Internet ampliou e fragmentou, simultaneamente, os nexos de comunicação. Isto impacta no modo como o diálogo é construído entre os indivíduos numa sociedade democrática.

(Adaptado de: HABERMAS, J. O caos da esfera pública. Folha de São Paulo, 13 ago. 2006, Caderno Mais!, p.4-5.)

A partir dos conhecimentos sobre a ação comunicativa em Habermas, considere as afirmativas a seguir.

I. A manipulação das opiniões impede o consenso ao usar os interlocutores como meios e desconsiderar o ser humano como fim em si mesmo.

II. A validade do que é decidido consensualmente assenta-se na negociação em que os interlocutores se instrumentalizam reciprocamente em prol de interesses particulares.

III. Como regra do discurso que busca o entendimento, devem-se excluir os interlocutores que, de algum modo, são afetados pela norma em questão.

IV. O projeto emancipatório dos indivíduos é construído a partir do diálogo e da argumentação que prima pelo entendimento mútuo.

Assinale a alternativa correta.

  1. Somente as afirmativas I e II são corretas.
  2. Somente as afirmativas I e IV são corretas.
  3. Somente as afirmativas III e IV são corretas.
  4. Somente as afirmativas I, II e III são corretas.
  5. Somente as afirmativas II, III e IV são corretas.

07. (Unioeste) “Que significa dizer que a existência precede a essência? Significa que o homem primeiro existe, se encontra, surge no mundo, e que se define depois. O homem, tal como o existencialista o concebe, se não é definível, é porque de início ele não é nada. Ele só será em seguida, e será como se tiver feito. Assim, não há natureza humana, pois não há Deus para concebê-la. O homem é não apenas tal como ele se concebe, mas como ele se quer, e como ele se concebe depois da existência, como ele se quer depois desse impulso para a existência, o homem nada mais é do que aquilo que ele faz de si mesmo. Tal é o primeiro princípio do existencialismo. É também o que se chama a subjetividade, e que nos reprovam sob esse mesmo nome (…).

“Mas, se verdadeiramente a existência precede a essência, o homem é responsável por aquilo que ele é.

Assim, o primeiro passo do existencialismo é colocar todo homem de posse daquilo que ele é e fazer cair sobre ele a responsabilidade total por sua existência. E, quando nós dizemos que o homem é responsável por si mesmo, não queremos dizer que o homem é responsável por sua estrita individualidade, mas que ele é responsável por todos os homens”

(SARTRE. O existencialismo é um humanismo. In: SEED-PR. Antologia de textos filosóficos: 619-620).

Considerando os excertos da obra O existencialismo é um humanismo, assinale a alternativa que está de acordo com o pensamento de Sartre.

  1. O homem ao nascer já se encontra determinado e nada poderá fazer para mudar essa condição, que é própria da natureza humana.
  2. O homem é livre. Ele faz suas próprias escolhas e, ao fazê-las, torna-se o principal responsável por elas e por suas consequências para si mesmo e para os demais.
  3. As escolhas do indivíduo nada têm a ver com os demais e em nada interferem na relação com esses, ou seja, não é possível responsabilizar o sujeito por suas escolhas e pelo modo como afetam os demais.
  4. A razão para a existência do homem é a busca de bens materiais. Quanto mais o sujeito possuir, mais livre poderá ser considerado.
  5. Sartre é um defensor do existencialismo cristão e defende que a essência do homem está em Deus.

08. (UEL) Leia o texto a seguir.

O modo de comportamento perceptivo, através do qual se prepara o esquecer e o rápido recordar da música de massas, é a desconcentração. Se os produtos normalizados e irremediavelmente semelhantes entre si, exceto certas particularidades surpreendentes, não permitem uma audição concentrada, sem se tornarem insuportáveis para os ouvintes, estes, por sua vez, já não são absolutamente capazes de uma audição concentrada. Não conseguem manter a tensão de uma concentração atenta, e por isso se entregam resignadamente àquilo que acontece e flui acima deles, e com o qual fazem amizade somente porque já o ouvem sem atenção excessiva.

(ADORNO, T. W. O fetichismo na música e a regressão da audição. In: Adorno et all. Textos escolhidos. São Paulo: Abril Cultural, 1978, p.190. Coleção Os Pensadores.)

As redes sociais têm divulgado músicas de fácil memorização e com forte apelo à cultura de massa.

A respeito do tema da regressão da audição na Indústria Cultural e da relação entre arte e sociedade em Adorno, assinale a alternativa correta.

  1. A impossibilidade de uma audição concentrada e de uma concentração atenta relaciona-se ao fato de que a música tornou-se um produto de consumo, encobrindo seu poder crítico.
  2. A música representa um domínio particular, quase autônomo, das produções sociais, pois se baseia no livre jogo da imaginação, o que impossibilita estabelecer um vínculo entre arte e sociedade.
  3. A música de massa caracteriza-se pela capacidade de manifestar criticamente conteúdos racionais expressos no modo típico do comportamento perceptivo inato às massas.
  4. A tensão resultante da concentração requerida para a apreciação da música é uma exigência extramusical, pois nossa sensibilidade é naturalmente mais próxima da desconcentração.
  5. Audição concentrada significa a capacidade de apreender e de repetir os elementos que constituem a música, sendo a facilidade da repetição o que concede poder crítico à música.

09. (UENP) Walter Benjamin, filósofo da Escola de Frankfurt, quando discute a obra de arte e sua aura, afirma:

Poder-se-ia defini-la como a única aparição de uma realidade longínqua, por mais próxima que esteja. Num fim de tarde de verão, caso se siga com os olhos uma linha de montanhas ao longo do horizonte ou a de um galho, cuja sombra pousa sobre o nosso estado contemplativo, sente-se a aura destas montanhas, desse galho. Tal evocação permite entender, sem dificuldades, os fatores sociais que provocaram a decadência atual da aura. Liga-se ela a duas circunstâncias, uma e outra correlatas com o papel crescente desempenhado pelas massas na vida presente. Encontramos hoje, com efeito, dentro das massas, duas tendências igualmente fortes: exigem, de um lado, que as coisas se lhe tornem, tanto humana como espacialmente, “mais próximas”, de outro lado, acolhendo as reproduções, tendem a depreciar o caráter daquilo que é dado apenas uma vez.

(BENJAMIN, W. A obra de arte na era de sua reprodutibilidade técnica. São Paulo: Abril Cultural, 1975. p.15.)

Com base no texto, assinale a alternativa correta.

  1. A discussão sobre arte e aura, no referido texto, se refere a um problema religioso.
  2. A aura não significa a singularidade da obra de arte.
  3. A obra de arte possui aura porque possui as seguintes características: é única, irrepetível, duradoura.
  4. O declínio da aura não tem relação com as transformações sociais e econômicas.
  5. Com o aumento da produção e apropriação artística, aumentou-se também o valor da aura na obra de arte.

10. (UEL) Elaborada nos anos de 1980, em um contexto de preocupações com o meio ambiente e o risco nuclear, a Ética do Discurso buscou reorientar as teorias deontológicas que a antecederam. Um exemplo está contido no texto a seguir.

De maior gravidade são as consequências que um conceito restrito de moral comporta para as questões da ética do meio ambiente. O modelo antropocêntrico parece trazer uma espécie de cegueira às teorias do tipo kantiano, no que diz respeito às questões da responsabilidade moral do homem pelo seu meio ambiente.

(HABERMAS, Jurgen. Comentários à Ética do Discurso. Trad. de Gilda Lopes Encarnação. Lisboa: Instituto Piaget, 1999, p.212.)

Com base no texto e nos conhecimentos sobre a Ética do Discurso, é correto afirmar que a ética

  1. abrange as ações isoladas das pessoas visando adequar-se às mudanças climáticas e às catástrofes naturais.
  2. corresponde à maneira como o homem deseja construir e realizar plenamente a sua existência no planeta.
  3. compreende a atitude conservacionista que o sistema econômico adota em relação ao ambiente.
  4. implica a instrumentalização dos recursos tecnológicos em benefício da redução da poluição.
  5. refere-se à atitude de retorno do homem à vida natural, observando as leis da natureza e sua regularidade.

11. (UENP) Leia o texto a seguir.

Que significará, aqui, o dizer-se que a existência precede a essência? Significa que o homem primeiramente existe, se descobre, surge no mundo; e que só depois se define. O homem, tal como o concebe o existencialista, se não é definível, é porque primeiramente não é nada. Só depois será alguma coisa e tal como a si próprio se fizer. Assim, não há natureza humana, visto que não há Deus para a conceber. O homem é, não apenas como ele se concebe, mas como ele quer que seja, como ele se concebe depois da existência, como ele se deseja após este impulso para a existência; o homem não é mais que o que ele faz. Tal é o primeiro princípio do existencialismo.

(SARTRE, J. P. O existencialismo é um humanismo. São Paulo: Abril Cultural, 1973. p.12.)

Segundo o conhecimento sobre as ideias de Sartre, assinale a alternativa correta.

  1. A essência humana é que define a sua existência.
  2. Deus não existe e, por isso, a liberdade é absoluta.
  3. Deus existe e por isso temos liberdade.
  4. O existencialismo centraliza sua filosofia na religiosidade.
  5. O ser humano é definido antes do seu nascimento.

12. (UEL) No final do século XX, com a disseminação da Internet, o acesso à informação passa a ser instantâneo. Com isso, novas perspectivas se abrem para o debate político, sobretudo para a atuação dos cidadãos na esfera pública.

Tendo presente a concepção de esfera pública nos escritos recentes de Habermas, analise as afirmativas a seguir:

I. A esfera pública constitui um espaço no qual os problemas da sociedade são recebidos, discutidos e problematizados, e o sistema político recepciona e sistematiza de forma especializada aqueles que considera mais importantes.

II. Pelo fato de estar vinculada à sociedade civil, a esfera pública exime-se de efetuar mediações envolvendo o sistema político e o mundo da vida.

III. Por funcionar como uma estrutura normativa, a esfera pública efetiva-se como um sistema institucionalizado que estabelece papéis e competências para a participação na sociedade.

IV. A esfera pública consiste numa rede que permite que certos temas, idéias e posicionamentos sejam debatidos, tendo como referência o agir voltado para o entendimento.

Assinale a alternativa correta.

  1. Somente as afirmativas I e III são corretas.
  2. Somente as afirmativas I e IV são corretas.
  3. Somente as afirmativas II e IV são corretas.
  4. Somente as afirmativas I, II e III são corretas.
  5. Somente as afirmativas II, III e IV são corretas.

13. (Unioeste) “Ciência é um conjunto de descrições, interpretações, teorias, leis, modelos, etc., visando ao conhecimento de uma parcela da realidade, em contínua ampliação e renovação, que resulta da aplicação deliberada de uma metodologia especial (metodologia científica).”

Newton Freire-Maia

“O que distingue a atitude científica da atitude costumeira ou do senso comum? Antes de qualquer coisa, a ciência desconfia da veracidade de nossas certezas, de nossa adesão imediata às coisas, da ausência de crítica e da falta de curiosidade. Por isso, ali onde vemos coisas, fatos e acontecimentos, a atitude científica vê problemas e obstáculos, aparências que precisam ser explicadas e, em certos casos, afastadas. Sob quase todos os aspectos, podemos dizer que o conhecimento científico opõe-se ponto por ponto às características do senso comum.”

Marilena Chauí

Considerando os textos acima, em que são apresentadas uma definição de ciência e uma distinção entre ciência e senso comum, é CORRETO afirmar que

  1. tanto o senso comum quanto a ciência desenvolvem metodologias específicas para tratar com a realidade ou com os fatos.
  2. o senso comum tem papel fundamental na elaboração de teorias científicas, pois é a partir das observações empíricas, base do senso comum, que a ciência interpreta a realidade.
  3. por ser caracterizada como interpretação ou modelo, a ciência entende que os fatos ou objetos científicos são dados empíricos espontâneos de nossa experiência cotidiana.
  4. todo fenômeno estudado e compreendido pela ciência é passível de ser controlado, verificado, interpretado e pode ser retificado e corrigido por novas elaborações.
  5. ao constatar que existem problemas e obstáculos em nossa experiência cotidiana, a ciência dificulta nossa compreensão do mundo.

14. (UEL) Leia o texto a seguir:

A ideia de progresso manifesta-se inicialmente, à época do Renascimento, como consciência de ruptura. [...] No século XVIII tal ideia associa-se à consciência do caráter progressivo da civilização, e é assim que a encontramos em Voltaire. Tal como para Bacon, no início do século XVII, o progresso também é uma espécie de objeto de fé para os iluministas. [...] A certeza do progresso permite encarar o futuro com otimismo.

(Adaptado de: FALCON, F. J. C. Iluminismo. 2. ed. São Paulo: Ática, 1989, p. 61-2.)

Na primeira metade do século XX, a ideia de progresso também se transformou em objeto de análise do grupo de pesquisadores do Instituto de Pesquisa Social vinculado à Universidade de Frankfurt.

Tendo como referência a obra de Adorno e Horkheimer, é correto afirmar:

  1. Por serem herdeiros do pensamento hegeliano, os autores entendem que a superação do modelo de racionalidade inerente aos conflitos do século XX depende do justo equilíbrio entre uso público e uso privado da razão.
  2. A despeito da Segunda Guerra, a finalidade do iluminismo de libertar os homens do medo, da magia e do mito e torná-los senhores autônomos e livres mediante o uso da ciência e da técnica, foi atingido.
  3. Os autores propõem como alternativa às catástrofes da primeira metade do século XX um novo entendimento da noção de progresso tendo como referência o conceito de racionalidade comunicativa.
  4. Como demonstra a análise feita pelos autores no texto “O autor como produtor”, o ideal de progresso consolidado ao longo da modernidade foi rompido com as guerras do século XX.
  5. Em obras como a Dialética do Esclarecimento, os autores questionam a compreensão da noção de progresso consolidada ao longo da trajetória da razão por estar vinculada a um modelo de racionalidade de cunho instrumental.

15. (Unioeste) Em seu artigo Max Horkheimer: teoria crítica e materialismo interdisciplinar (2011), o filósofo Luís Sérgio Repa afirma que a teoria crítica procurou reintegrar a razão pelas promessas não cumpridas pelo Iluminismo. Entre os pensadores ligados a Escola de Frankfurt, Max Horkheimer se destacou por ter sistematizado e teorizado a teoria crítica, além de ter formulado um programa de pesquisa. Entre os principais fundamentos teóricos da teoria crítica frankfurtiana, assinale a alternativa correta.

  1. O grande mérito da teoria crítica foi separar teoria e prática e de considerar a realidade social distante do seu devir histórico.
  2. A teoria crítica faz uma crítica das noções de teoria e práxis, suprimindo a separação entre o ser e o dever, tão caras ao marxismo e ao ativismo político.
  3. Segundo a teoria crítica de Horkheimer, o pesquisador é neutro em relação à sociedade que estuda e critica, ou seja, a teoria critica separa o sujeito do objeto do conhecimento.
  4. A teoria crítica tem como principal característica não se preocupar com os problemas sociais do tempo presente e por demonstrar desinteresse pela emancipação humana diante das estruturas econômicas, políticas e culturais de seu tempo.
  5. A ideia de emancipação humana e de um comportamento critico em relação à sociedade e à cultura contemporânea não é uma preocupação da teoria critica, pois ela não anseia uma sociedade emancipada por um interesse universalista.

16. (UEL) Observe a charge (Figura) a seguir e responda à questão.

A utilização de organismos geneticamente modificados, já presente em alimentos como soja e milho, remete para a questão dos limites éticos da pesquisa.

Tendo presente a obra de Jürgen Habermas, é correto afirmar.

  1. O debate sobre as conseqüências éticas da ciência, especialmente da biotecnologia, deve ocorrer a posteriori para não atrapalhar um possível progresso resultante das novas descobertas científicas.
  2. A pesquisa com seres humanos, sobretudo quando envolve a possibilidade futura de intervenções terapêuticas e de aperfeiçoamento, requer que se faça uma clara distinção entre eugenia positiva e negativa.
  3. Para que a ciência progrida e as pesquisas avancem na direção de novas descobertas, a ciência necessita estar sintonizada com o princípio da neutralidade científica.
  4. Diante da inserção dos laboratórios de pesquisa na lógica de mercado, caso seja possível alterar geneticamente características dos bebês, caberá aos pais estabelecer limites éticos para as possibilidades oferecidas.
  5. O ritmo lento da produção legislativa frente à rapidez das novas descobertas científicas torna sem sentido estabelecer limites ético-normativos para questões que envolvem a ciência.

17. (Unioeste) “O legado ético de Aristipo se mostra em sua relação com o dinheiro: recusa tudo o que amarra, obriga ou entrava. O amor pelo dinheiro, assim como a simulação de pobreza, ocupa o espírito com tarefas inúteis. Esses falsos desígnios consomem uma energia útil para realizar outros trabalhos. (...) Nem monge beneditino nem libertino depravado, mas filósofo radioso e solar: equivale a dizer homem livre, capaz de desfrutar de um momento feliz quando não é à custa de um desprazer futuro”.

Michel Onfray

Com base na citação acima e em seus conhecimentos, assinale a alternativa correta.

  1. Segundo Onfray, a filosofia de Aristipo visa uma ética do descontentamento que implica a clara opção por uma vida em plena liberdade.
  2. Segundo Onfray, Aristipo foi um filósofo imoral. Sua concepção ética não é compatível com a vida em sociedade.
  3. Segundo Onfray, Aristipo foi um epistemólogo que pretendeu libertar o homem de suas amarras teóricas e assim viver conforme sua intuição.
  4. Segundo Onfray, a particular relação com o dinheiro mostra uma tese universal: manter distância dos excessos sem se abster dos prazeres.
  5. Segundo Onfray, Aristipo foi um extremista que, apesar de ter uma concepção moral radical, contribui adequadamente para a vida em sociedade.

18. (UEL) Leia os Textos V e VI e responda a questão.

Texto V

Eis aqui, portanto, o princípio de quando se decidiu fazer o homem, e quando se buscou o que devia entrar na carne do homem.

Havia alimentos de todos os tipos. Os animais ensinaram o caminho. E moendo então as espigas amarelas e as espigas brancas, Ixmucaná fez nove bebidas, e destas provieram a força do homem. Isto fizeram os progenitores, Tepeu e Gucumatz, assim chamados.

A seguir decidiram sobre a criação e formação de nossa primeira mãe e pai. De milho amarelo e de milho branco foi feita sua carne; de massa de milho foram feitos seus braços e as pernas do homem. Unicamente massa de milho entrou na carne de nossos pais.

(Adaptado: SUESS, P. Popol Vuh: Mito dos Quiché da Guatemala sobre sua origem do milho e a criação do mundo. In: A conquista espiritual da América Espanhola: 200 documentos – século XVI. Petrópolis: Vozes, 1992, p. 32-33.)

Texto VI

“Se você é o que você come, e consome comida industrializada, você é milho”, escreveu Michael Pollan no livro O Dilema do Onívoro, lançado este ano no Brasil. Ele estima que 25% da comida industrializada nos EUA contenha milho de alguma forma: do refrigerante, passando pelo Ketchup, até as batatas fritas de uma importante cadeia de fast food – isso se não contarmos vacas e galinhas que são alimentadas quase exclusivamente com o grão.

O milho foi escolhido como bola da vez devido ao seu baixo preço de mercado e também porque os EUA produzem mais da metade do milho distribuído no mundo.

(Adaptado: BURGOS, P. Show do milhão: milho na comida agora vira combustível. Super Interessante. Edição 247, 15 dez. 2007, p. 33.)

De acordo com a crítica à “indústria cultural”, na sociedade capitalista avançada, a produção e a reprodução da cultura se realizam sob a égide da padronização e da racionalidade técnica.

No contexto dessa crítica, considerando o fast food como produto cultural, é correto afirmar:

  1. A padronização dos hábitos e valores alimentares obedece aos ditames da lógica material da sociedade industrializada.
  2. O consumo dos produtos da indústria do fast food e a satisfação dos novos hábitos alimentares contribuem com a emancipação humana.
  3. A homogeneização dos hábitos alimentares reflete a inserção crítica dos indivíduos na cultura de massa.
  4. A racionalidade técnica e a padronização dos valores alimentares permitem ampliar as condições de liberdade e de autonomia dos cidadãos.
  5. A massificação dos produtos alimentares sob os ditames do mercado corresponde à efetiva democratização da sociedade.

19. (Unioeste) “São muito antigas as teorias sobre a localização da mente ou da consciência no corpo. Mesmo a teoria do cérebro como sede da mente tem pelo menos 2.500 anos. Ela remonta aos médicos e filósofos gregos Alcmaeon, Hipócrates e Platão. A opinião atual pode ser agudamente formulada, e de maneira algo chocante, pela conjectura de que o perfeito transplante de um cérebro, caso fosse possível, levaria a uma transferência da mente, do ‘eu’”.

Karl Popper

Com base no texto, assinale a alternativa INCORRETA.

  1. O cérebro é o portador da autoidentidade da pessoa, da sua personalidade e caráter pessoal.
  2. No caso de um transplante bem sucedido do cérebro, a personalidade e o caráter pessoal também seriam transplantados.
  3. No caso de um transplante bem sucedido do cérebro, seria alterada a identidade pessoal do corpo.
  4. A autoidentidade da pessoa, o “eu”, tem o cérebro como sua morada; o “eu” habita o cérebro.
  5. O cérebro não é o portador da autoidentidade da pessoa, assim, um hipotético transplante bem sucedido do cérebro não alteraria o “eu” desse indivíduo.

20. (Unioeste) “Acredito que a função do cientista e do filósofo é solucionar problemas científicos ou filosóficos e não falar sobre o que ele e outros filósofos estão fazendo ou deveriam fazer (...) Quando disse que a indagação sobre o caráter dos problemas filosóficos é mais apropriada do que a pergunta ‘Que é a filosofia?’ quis insinuar uma das razões da futilidade da atual controvérsia a respeito da natureza da filosofia: a crença ingênua de que existe de fato uma entidade que podemos chamar de ‘filosofia’ ou de ‘atividade filosófica’, com uma ‘natureza’, essência ou caráter determinado (...) Na verdade não é possível distinguir disciplinas em função da matéria de que tratam (...) Estudamos problemas, não matérias: problemas que podem ultrapassar as fronteiras de qualquer matéria ou disciplina”.

Karl Popper.

Assinale a alternativa que NÃO corresponde à concepção de filosofia de Karl Popper.

  1. Os problemas filosóficos podem ultrapassar as fronteiras da filosofia e implicar soluções interdisciplinares.
  2. A filosofia e as demais disciplinas têm problemas em comum.
  3. Não existe algo como uma entidade filosófica ou atividade com natureza determinada que possa ser mencionada como resposta à pergunta “Que é a filosofia?”.
  4. Ao filósofo não cabe indicar o que deve ser feito, mas ocupar-se da resolução de problemas.
  5. Antes de solucionar problemas é imprescindível que se determine a essência da filosofia, sua natureza.

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