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Sociologia

Simulado de 20 questões de Sociologia Com Gabarito para a UEL, UEM, UENP, UFPR e Unioeste com questões de Vestibulares.


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01. (UEL) Leia o texto a seguir.

A modernidade [...] é um fenômeno de dois gumes. O desenvolvimento das instituições sociais modernas e sua difusão em escala mundial criaram oportunidades bem maiores para os seres humanos gozarem de uma existência segura e gratificante que qualquer tipo de sistema pré- -moderno. Mas a modernidade tem também um lado sombrio.

GIDDENS, A. As consequências da modernidade. São Paulo: Editora Unesp, 1991, 2ª reimpressão, p. 16.

Com base no texto e nos conhecimentos sobre o debate a respeito da modernidade, considere as afirmativas a seguir.

I. Para Marx, a modernidade identificava-se com o capitalismo, o qual continha, em suas origens industriais, dimensões sociais potencialmente revolucionárias.

II. No momento do surgimento do industrialismo, Durkheim identificou o lado sombrio da modernidade com a possibilidade dos fenômenos da anomia social.

III. Weber compreendia o mundo moderno como aquele no qual a racionalização implicava a expansão da burocracia e dos limites que o corpo de funcionários estabelecia à autonomia individual.

IV. Para Giddens, a atual fase da modernidade, ao reduzir as possibilidades de autodestruição social, eliminou a existência da chamada “sociedade de risco”.

Assinale a alternativa correta.

  1. Somente as afirmativas I e II são corretas.
  2. Somente as afirmativas I e IV são corretas.
  3. Somente as afirmativas III e IV são corretas.
  4. Somente as afirmativas I, II e III são corretas.
  5. Somente as afirmativas II, III e IV são corretas.

02. (Unioeste) Embora a disciplina mais conhecida entre as três áreas das Ciências Sociais seja a “Sociologia”, os livros didáticos também trazem algumas contribuições das demais disciplinas – “Antropologia” e “Ciência Política”. Considere as seguintes afirmações e assinale a alternativa INCORRETA.

  1. Buscar regularidades em alguns comportamentos é algo que costuma ser feito pela Sociologia, seja analisando as recorrências de algum fenômeno (por exemplo, o suicídio) em uma mesma sociedade considerando um período; ou comparando sociedades diferentes na mesma época.
  2. Existem fronteiras fixas entre as três áreas de saber: o que é estudado pela Sociologia não poderia ser abordado pela Antropologia e nem pela Ciência Política.
  3. Compreender as diferentes formas como as sociedades humanas interpretaram suas relações com a “natureza” e com os outros “seres humanos” – percebidos como “diferentes” ou “semelhantes” – é algo mais próprio da Antropologia, que busca compreender a alteridade.
  4. Embora existam temas e problemas que são mais pertinentes para uma disciplina do que para outra, alguns temas podem ser estudados pelas três disciplinas.
  5. Os estudos sobre poder, política, Estado, governo e ideologia são mais comuns para a área de Ciência Política, embora alguns desses conceitos possam ser abordados pela Sociologia e pela Antropologia – que inclusive permite “comparar” diferentes culturas a esse respeito.

03. (UEL) Leia o texto a seguir.

A menos que seja um físico, quem anda num bonde não tem ideia de como o carro se movimenta. E não precisa saber. Basta-lhe poder contar com o comportamento do bonde a orientar sua conduta de acordo com sua expectativa; mas nada sabe sobre o que é necessário para produzir o bonde ou movimentá-lo. O selvagem tem um conhecimento incomparavelmente maior sobre suas ferramentas.

WEBER, M. A ciência como vocação. In: GERTH, H.; MILLS, W. Max Weber. Ensaios de Sociologia. Rio de Janeiro: Zahar, 1979. p. 165.

Com base no texto e nos conhecimentos sobre a sociedade moderna, conforme Max Weber, assinale a alternativa correta.

  1. A secularização da vida moderna e o consequente desencantamento do mundo são expressões da racionalização ocidental.
  2. O homem moderno detém menor controle sobre as forças da natureza, em comparação com o domínio que possuía o “selvagem”.
  3. O avanço da racionalidade produz, também, uma maior revitalização da cultura clássica, dado que amplia o alcance das escolhas efetivas disponíveis.
  4. O desencantamento do mundo é um fato social que atua como força coercitiva sobre as vontades individuais, visando à construção da consciência coletiva.
  5. O desencantamento do mundo destitui o Ocidente de um elemento diferenciador em relação ao Oriente: as ações sociais dotadas de sentido.

04. (UFPR) O texto a seguir é referência para a questão.

Sobre a questão do etnocentrismo, Roque de Barros Laraia escreve que “o fato de o indivíduo ver o mundo através de sua cultura tem como consequência a propensão em considerar o seu modo de vida mais correto e o mais natural. Tal tendência, denominada etnocentrismo, é responsável em seus casos extremos pela ocorrência de numerosos conflitos sociais. O etnocentrismo, de fato, é um fenômeno universal. É comum a crença de que a própria sociedade é o centro da humanidade, ou mesmo sua única expressão. [...] A dicotomia ‘nós e os outros’ expressa em níveis diferentes essa tendência. Dentro de uma mesma sociedade, a divisão ocorre sob a mesma forma de parentes e não parentes. Os primeiros são melhores por definição e recebem um tratamento diferenciado. [...] Comportamentos etnocêntricos resultam também em apreciações negativas dos padrões culturais de povos diferentes. Práticas de outros sistemas culturais são catalogadas como absurdas, deprimentes e imorais”.

(LARAIA, Roque de Barros. Cultura: um conceito antropológico. Rio de Janeiro: Zahar, 2001, p. 73-74.)

Em resumo, Laraia tenta nos mostrar que:

  1. o etnocentrismo é um conceito amplamente difundido nas ciências humanas, mas incapaz de explicar de forma pormenorizada a construção das identidades nacionais, das práticas culturais e as relações formadas pelo “estranhamento” do contato entre diferentes grupos sociais. Afinal, quem dispõe dos instrumentos de análise pode escolher, conforme seus critérios próprios, como catalogar o outro.
  2. a cultura tem um papel fundamental na elaboração de visões de mundo, e que o problema maior em considerar o etnocentrismo está no fato de que esse conceito não possui uma perspectiva cultural, mas apenas política, muito embora o autor não deixe claro essa contradição, já que ele próprio é etnocêntrico.
  3. um dos pontos centrais que define o etnocentrismo, conceito amplamente difundido nos estudos antropológicos, é compreender como determinadas práticas culturais constituídas pelo “estranhamento” se tornam elementos fundamentais na construção das identidades de grupo, comunitárias, societárias e nacionais. Identidades que, por sua vez, estruturamse por distinção, em que o observador assume para si e seu grupo a centralidade cognitiva.
  4. para entendermos o real significado do etnocentrismo nas culturas ocidentais, será necessário pressupor que a dicotomia entre o “nós e os outros” é um aspecto que deve ser superado por todos que desejam construir uma visão genuinamente etnocêntrica.
  5. não há problema em observar, agir e interagir a partir da seus próprios referenciais culturais. O conceito de etnocentrismo possui certa legitimidade, pois resguarda na centralidade cultural aquilo que uma raça tem de mais puro quando confrontada com outra.

05. (UEL) Leia o texto a seguir.

O prefixo “des” indica anomalia. “Desemprego” é o nome de uma condição claramente temporária e anormal, e, assim, a natureza transitória e curável da doença é patente. A noção de “desemprego” herdou sua carga semântica da auto consciência de uma sociedade que costumava classificar seus integrantes, antes de tudo, como produtores, e que também acreditava no pleno emprego não apenas como condição desejável e atingível, mas também como seu derradeiro destino. Uma sociedade que, portanto, classificava o emprego como uma chave – a chave – para a solução dos problemas ao mesmo tempo da identidade pessoal socialmente aceitável, da posição social segura, da sobrevivência individual e coletiva, da ordem social e da reprodução sistêmica.

BAUMAN, Z. Vidas despedaçadas. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 2005. p. 19.

Com base no texto e nos conhecimentos sobre as transformações mais recentes quanto ao tema desemprego no capitalismo, considere as afirmativas a seguir.

I. A tendência no capitalismo globalizado é tornar os postos de trabalho mais flexíveis para atender necessidades das grandes corporações, levando a questionamentos do modelo taylorista-fordista.

II. A perda de identidade em relação ao emprego no capitalismo contemporâneo confirma o fato de que a categoria trabalho deixou de ser essencial para a produção e reprodução da vida social.

III. As políticas antissindicais que acompanham as práticas neoliberais apresentam como resultado a supressão das crises econômicas globais com o restabelecimento do pleno emprego.

IV. O desemprego, no capitalismo globalizado, tem a longa duração como seu traço característico, enquanto avança o emprego precário e de alta rotatividade, como nos call centers.

Assinale a alternativa correta.

  1. Somente as afirmativas I e II são corretas.
  2. Somente as afirmativas I e IV são corretas.
  3. Somente as afirmativas III e IV são corretas.
  4. Somente as afirmativas I, II e III são corretas.
  5. Somente as afirmativas II, III e IV são corretas.

06. (UFPR) O texto a seguir é referência para a questão.

No livro Mulheres, raça e classe, Angela Davis perfaz um caminho histórico e social da luta das mulheres nos Estados Unidos e como diferentes movimentos e campanhas possibilitaram a construção dos direitos e das pautas políticas de gênero naquele país. Numa das passagens da obra, em que aborda as campanhas pelo direito ao aborto, Davis afirma que “o controle de natalidade – escolha individual, métodos contraceptivos seguros, bem como abortos, quando necessário – é um pré-requisito fundamental para a emancipação das mulheres. [...] E se a campanha pelo direito ao aborto do início dos anos 1970 precisava ser lembrada de que mulheres de minorias étnicas queriam desesperadamente escapar dos charlatões de fundo de quintal, também deveria ter percebido que essas mesmas mulheres não estavam dispostas a expressar sentimentos pró-aborto. Elas eram a favor do direito ao aborto, o que não significava que fossem defensoras do aborto. Quando números tão grandes de mulheres negras e latinas recorrem a abortos, as histórias que relatam não são tanto sobre o desejo de ficar livres da gravidez, mas sobre as condições sociais miseráveis que as levam a desistir de trazer novas vidas ao mundo”.

(DAVIS, Angela. Mulheres, raça e classe. São Paulo: Boitempo, 2016, p. 219-220.)

Com base no texto, é correto concluir que:

  1. o feminismo e as pautas antiaborto foram fundamentais para se pensarem novas políticas públicas de controle de natalidade nos Estados Unidos. Ao mesmo tempo, a legislação moderna também propiciou que os movimentos das mulheres em busca de emancipação social fossem protegidos pelo Estado.
  2. a despeito dos movimentos organizados que buscavam constituir a emancipação social das mulheres, a grande questão de fundo era e continua sendo não colocar-se contra ou a favor do aborto, mas de possibilitar que o direito ao aborto fosse extensivo às mulheres em condições de vulnerabilidade social, a ponto de as impedir de “trazer novas vidas ao mundo”.
  3. as campanhas pró-aborto receberam apoio amplo da sociedade norte-americana e a sua prática obteve repercussão, já que até mesmo as mulheres de minorias étnicas conquistaram esse direito, adotando o aborto como método contraceptivo mais eficaz.
  4. Angela Davis remete a um aspecto preciso na formação social norte-americana: as mulheres sempre tiveram os mesmos direitos que os homens e nunca houve qualquer forma de distinção por gênero nos Estados Unidos, já que a constituição daquele país é respeitada e protege a todos e todas de forma equânime.
  5. embora o livro Mulheres, raça e classe tenha pertinência ao tratar de temas sobre a formação das minorias de gênero, raça e classe e, sobretudo nos Estado Unidos, é uma obra que repercute de forma instigante os temas presentes na década de 1970, tendo pouca relação com o contexto atual de luta por direito das mulheres no cenário global.

07. (UEL) Escândalos recentes sobre a exposição de dados dos usuários do Facebook alimentaram os debates sobre a privacidade nas redes sociais, um tema que se conecta com a questão do poder e suscita preocupações sobre o quanto as pessoas e suas relações tornam-se expostas ou protegidas com o uso das novas tecnologias de informação.

Com base nos conhecimentos sociológicos sobre redes sociais e sociedade contemporânea, assinale a alternativa correta.

  1. A revolução tecnológica atual originou-se da resistência social à reestruturação global do capitalismo e moldou- -se pela lógica da liberdade em oposição aos interesses mercantis.
  2. O novo das redes sociais é que, diferentemente das mídias tradicionais, são empreendimentos anticapitalistas por não cobrarem dos usuários o acesso aos serviços de informação.
  3. As interações via redes sociais tornam mais fluidas as fronteiras entre as esferas pública e privada no mundo contemporâneo.
  4. A força política das fake news, nas recentes eleições presidenciais nos EUA, teve como motor a ausência de medidas estatais e privadas para regular os termos de uso das redes sociais.
  5. Os sistemas de comunicações digitais, ao criarem novos espaços de diálogo sobre os problemas sociais, retiram do Estado sua principal função: o uso do monopólio legítimo da violência.

08. (Unioeste) Analise a afirmação abaixo:

Definir a diferença entre partes avançadas e atrasadas, desenvolvidas e não desenvolvidas do mundo, é um exercício complexo e frustrante, pois tais classificações são por natureza estáticas e simples, e a realidade que deveria se adequar a elas não era nenhuma das duas coisas.

HOBSBAWM, E. J. A Era dos Impérios. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1988, p. 46.

A menção do autor se remete às justificativas, muitas vezes apontadas, sobre a ocupação imperialista na África e Ásia nos séculos XIX e XX. Sua indicação sugere certa complexidade a esse processo. Portanto, permite que façamos as seguintes afirmações, EXCETO:

  1. O apartheid na África do Sul foi uma proposta de superação da segregação e a supremacia holandesa e inglesa. Após 70 anos do início dessa prática, a população sul-africana se tornou exemplo mundial na construção de um país após domínios estrangeiros.
  2. A experiência do Timor Leste é significativa para observarmos a dificuldade de garantir a autonomia de uma nação. Pois, essa região permaneceu como território português até meados da década de 1970 e, após isso, os timorenses lutaram contra o domínio da Indonésia até início do séc. XXI, dizimando grande parte da população.
  3. A morte de Gandhi, há 70 anos, – após a independência e perda de territórios indianos na constituição de outros países – é expressão da luta estabelecida pela independência e, também, os limites dessa conquista.
  4. A Guerra Fria impulsionou determinadas ações para a independência, as quais foram promovidas tanto pelos Estados Unidos quanto pela União Soviética. Entretanto, a Conferência de Bandung, em meados do séc. XX, procurava garantir o não-alinhamento e preservar interesses das nações afro-asiáticas.
  5. A tensão vivenciada frente ao grande número de civis mortos e os abusos cometidos tanto na ocupação estrangeira quanto no processo de independência causaram imensos problemas para a reestruturação dessas nações, uma vez que todos eles estenderam esses conflitos às guerras civis estabelecidas posteriormente.

09. (UFPR) Na Seção II (Das Atribuições do Congresso Nacional), que integra o Título IV (Da Organização dos Poderes), da Constituição da República Federativa do Brasil, 1988, o artigo 48 traz a seguinte redação em seu caput:

Art. 48. Cabe ao Congresso Nacional, com a sanção do Presidente da República, não exigida esta para o especificado nos arts. 49, 51 e 52, dispor sobre todas as matérias de competência da União, especialmente sobre:

I - sistema tributário, arrecadação e distribuição de rendas;

II - plano plurianual, diretrizes orçamentárias, orçamento anual, operações de crédito, dívida pública e emissões de curso forçado;

III - fixação e modificação do efetivo das Forças Armadas;

IV - planos e programas nacionais, regionais e setoriais de desenvolvimento;

V - limites do território nacional, espaço aéreo e marinho e bens do domínio da União; [...]

Com base no caput desse artigo, considere as seguintes afirmativas:

1. A sanção do Presidente da República às matérias de competência da União, especificadas nesse artigo, deve ser entendida como o veto presidencial.

2. O Congresso Nacional pode dispor sobre matérias de competência da União, como as especificadas nos incisos do art. 48, condicionado à apreciação do Presidente da República.

3. Esse artigo especifica matérias sobre as quais o Congresso Nacional pode dispor sem necessidade de apreciação pelo Presidente da República.

Está/Estão de acordo com o disposto no artigo 48:

  1. a afirmativa 1 apenas.
  2. a afirmativa 2 apenas.
  3. as afirmativas 1 e 2 apenas.
  4. as afirmativas 2 e 3 apenas.
  5. as afirmativas 1, 2 e 3.

10. (Unioeste) Considerando-se o trecho citado, extraído da conferência intitulada A Política como Vocação, proferida pelo cientista social alemão Max Weber (1864-1920) em 1919, indique qual das alternativas está CORRETA.

“Desde que existem os Estados constitucionais e mesmo desde que existem as democracias, o “demagogo” tem sido o chefe político típico do Ocidente” (WEBER, Max. Ciência e Política – duas vocações. São Paulo: Cultrix, 2006. p. 79).

  1. O demagogo, escolhido por eleições diretas ou indiretas, exerce os principais cargos de liderança política nas democracias ocidentais.
  2. O demagogo, ao fazer uso de argumentos sofistas, está excluído da vida política das democracias ocidentais.
  3. O demagogo, da mesma forma que os funcionários públicos, está subordinado à liderança religiosa nas democracias ocidentais.
  4. O demagogo, desde que existem as democracias constitucionais no ocidente, não exerce nenhum papel significativo de liderança política.
  5. O demagogo, na medida em que se constituíram as democracias no Ocidente, foi substituído como líder político pela figura do profeta messiânico.

11. (UFPR) O romance Nove noites apresenta o antropólogo Buel Quain como um aluno da antropóloga estadunidense Ruth Benedict. Ambos são personagens reais e atuaram, efetivamente, como pesquisadores da área. A tentativa de representar aspectos ligados aos povos indígenas retoma uma temática da Literatura Brasileira presente, ao menos, desde a poesia de Gonçalves Dias e de outros indianistas anteriores e posteriores a ele. Considerando isso, leia o trecho abaixo, extraído de um ensaio de Ruth Benedict, originalmente publicado em 1934:

Nem a razão para usar as sociedades primitivas para discutir as formas sociais tem necessária relação com uma volta romântica ao primitivo. Essa razão não existe com o espírito de poetizar os povos mais simples. Existem muitos modos pelos quais a cultura de um ou outro povo nos atrai fortemente nesta era de padrões heterogêneos e de tumulto mecânico confuso. Mas não é por meio de um regresso aos ideais preservados para nós pelos povos primitivos que a nossa sociedade poderá curar-se de suas moléstias. O utopismo romântico que se dirige aos primitivos mais simples, por mais atraente que seja, às vezes tanto pode ser no estudo etnológico, um empecilho como um auxílio.

(BENEDICT, Ruth: “A ciência do costume”. PIERSON, Donald. 1970. Estudos de organização social: leituras de sociologia e antropologia social. Tomo II. Tradução de Olga Dória. São Paulo: Martins. p. 497-513.)

Considerando a leitura integral de Nove Noites e a leitura do trecho extraído da obra da antropóloga, assinale a alternativa em que a representação dos “povos primitivos” é condicionada pelo que a autora denomina de “utopismo romântico”, ou, segundo definição dela mesma, o “espírito de poetizar os povos mais simples”.

  1. “Não entendia o que dera na cabeça dos índios para se instalarem lá, o que me parecia de uma burrice incrível, se não um masoquismo e mesmo uma espécie de suicídio”.
  2. “São órfãos da civilização. Estão abandonados. Precisam de alianças no mundo dos brancos, um mundo que eles tentam entender com esforço e em geral em vão. [...] Há quem tire de letra. Não foi o meu caso. Não sou antropólogo e não tenho uma boa alma. Fiquei cheio”.
  3. “Os índios costumavam beber aquelas águas, pescar e a se banhar nelas, até o dia em que começaram a cair doentes, um depois do outro, e foram morrendo sem explicação. [...] Com o tempo descobriram a causa do envenenamento do rio Vermelho. Um hospital, construído rio acima, [...] estava despejando o lixo hospitalar naquelas águas”.
  4. “Tanto os brasileiros como os índios que tenho visto são crianças mimadas que berram se não obtêm o que desejam e nunca mantêm as suas promessas, uma vez que você lhe dá as costas. O clima é anárquico e nada agradável”.
  5. “Na primeira noite, ele me falou de uma ilha no Pacífico, onde os índios são negros. Me falou do tempo que passou entre esses índios e de uma aldeia, que chamou de Nakoroka, onde cada um decide o que quer ser, pode escolher sua irmã, seu primo, sua família, e também sua casta, seu lugar em relação aos outros [...] o sonho de aventura do menino antropólogo”.

12. (Unioeste) A obra “Punir os Pobres: a nova gestão da miséria nos Estados Unidos” (2009), do sociólogo francês Löic Wacquant, é reveladora sobre o modelo de gestão pública de segurança criminal nos Estados Unidos, e por extensão a sua disseminação nos países da União Europeia. O autor examina a ascensão do Estado Penal e a criminalização da pobreza como resposta à diminuição das despesas do Estado nas áreas social e urbana. Sobre a obra de Wacquant, Punir os Pobres, é INCORRETO afirmar.

  1. A preocupação com a segurança tem relação direta com o fracasso do Estado Neoliberal nas áreas econômica e social.
  2. Wacquant analisa a relação entre o sistema punitivo e a precarização do trabalho assalariado no sistema capitalista.
  3. A expansão do contingente policial da rede judiciária e o aumento da estrutura carcerária têm a função de impor a disciplina no sistema produtivo entre os trabalhadores assalariados.
  4. O encarceramento do operário é uma estratégica do Estado Neoliberal para neutralizar revoltas e impedir que os direitos trabalhistas sejam atendidos pelos patrões.
  5. Wacquant faz uma defesa da política de “tolerância zero”, que incide na perseguição e punição das menores infrações no espaço público.

13. (UFPR) Considere o seguinte excerto da obra O povo brasileiro, do antropólogo Darcy Ribeiro:

A classe dominante empresarial-burocrático-eclesiástica, embora exercendo-se como agente de sua própria prosperidade, atuou também, subsidiariamente, como reitora do processo de formação do povo brasileiro. Somos, tal qual somos, pela forma que ela imprimiu em nós, ao nos configurar, segundo correspondia a sua cultura e a seus interesses. Inclusive, reduzindo o que seria o povo brasileiro, como entidade cívica e política, a uma oferta de mão-de-obra servil. Foi sempre nada menos que prodigiosa a capacidade dessa classe dominante para recrutar, desfazer e reformar gentes aos milhões. Isso foi feito no curso de um empreendimento econômico secular, o mais próspero de seu tempo, em que o objetivo jamais foi criar um povo autônomo, mas cujo resultado principal foi fazer surgir como entidade étnica e configuração cultural um povo novo, destribalizando índios, desafricanizando negros e deseuropeizando brancos. Ao desgarrá-los de suas matrizes, para cruzá-los racialmente e transfigurá-los culturalmente, o que se estava fazendo era gestar a nós brasileiros tal qual fomos e somos em essência. Uma classe dominante de caráter consular-gerencial, socialmente irresponsável, frente a um povo-massa tratado como escravaria, que produz o que não consome e só se exerce culturalmente como uma marginália, fora da civilização letrada em que está imerso.

(RIBEIRO, Darcy. O povo brasileiro: a formação e o sentido do Brasil. São Paulo: Cia das Letras, 1995. p.178-179.)

Levando em consideração a hipótese do autor, em relação à formação da sociedade brasileira, às dinâmicas sociais e às formas de dominação, é correto afirmar:

  1. O fortalecimento das elites empresarial, burocrática e eclesiástica se deu num processo de correlação de forças que visaram, num processo histórico de longa duração, a constituir um domínio econômico, a partir do qual as classes inferiores, por não disporem de poder e capital, foram alijadas do processo de dominação.
  2. A igreja teve papel central na organização da vida colonial e imprimiu um sentido sagrado à dominação por longo tempo. Sua importância em relação à burocracia civil e às elites econômicas no Brasil foi de tal maneira preponderante, que a Inquisição se fez presente como forma de manutenção da ordem e do domínio dos portugueses sobre nativos indígenas e escravos africanos.
  3. As mudanças sociais que ocorreram no Brasil desde sua colonização produziram um tipo de dominação secular, que associou as elites empresarial, burocrática e eclesiástica a um processo civilizacional intimamente associado a um estado de barbárie, em que as camadas subalternas sempre cumpriram um papel marginal no seu processo emancipação e esclarecimento.
  4. O objetivo principal da cúpula patricial, toda ela oriunda da metrópole, era formar uma sociedade que fosse capaz de contribuir com a expansão dos limites territoriais da Coroa Portuguesa. Em contrapartida, essas populações nativas teriam o direito ao reconhecimento da cidadania lusitana.
  5. O autor frisa que, apesar da dominação severa, ainda assim havia algum senso de solidariedade por parte das elites empresarial, burocrática e eclesiástica, sendo esses três grupos sociais responsáveis pela colonização do Brasil e possibilitando que camadas sociais inferiores, o povo, as massas, participassem da construção do país, de sua cultura e de sua unidade como “povo brasileiro”.

14. (Unioeste) Leia atentamente o seguinte parágrafo da introdução do livro Sexo e Temperamento (1979) da antropóloga Margaret Mead: “Quando estudamos as sociedades mais simples, não podemos deixar de nos impressionar com as muitas maneiras como o homem tomou umas poucas sugestões e as traçou em belas e imaginosas texturas sociais que denominamos civilizações. Seu ambiente natural muniu-o de alguns contrastes e periodicidades notáveis: o dia e a noite, a mudança das estações, o incansável crescer e minguar da lua, a desova dos peixes e as épocas de migração dos animais e pássaros. Sua própria natureza física forneceu-lhe outros pontos importantes: idade e sexo, ritmo de nascimento, maturação e velhice e a estrutura do parentesco consanguíneo. Diferenças entre um e outro animal, entre um e outro indivíduo, diferenças em ferocidade ou em mansidão, em coragem ou em esperteza, em riqueza de imaginação ou em perseverante obtusidade – todas proporcionaram sugestões a partir das quais foi possível desenvolver as ideias de categoria e casta, de sacerdócios especiais, do artista e do oráculo”. A partir dessa reflexão, é INCORRETO afirmar.

  1. Os seres humanos não são completamente determinados por fenômenos “naturais”, pois existem sociedades que estabelecem relações distintas com a existência de elementos que não são controlados pela vontade humana ou não podem ser modificados pela técnica ou ciência.
  2. Embora os elementos “naturais” não sejam determinantes para a invenção ou criação de instituições sociais, culturais e políticas, podemos notar que tiveram influência no tipo de relação que os seres humanos estabeleceram entre si e com a “natureza”.
  3. Para as Ciências Sociais em geral e para a Antropologia, em especial, todas as instituições sociais, culturais e políticas são completamente artificiais e não têm nenhuma relação com fenômenos naturais ou com a relação que os seres humanos estabelecem com a “natureza”.
  4. As diferenças entre homens e mulheres que foram atribuídas – durante muito tempo – às diferenças sexuais anatômicas – nascer “macho” ou “fêmea” da espécie humana – vêm sendo ressignificadas atualmente e isso mostra que possuem influência, mas não são determinantes.
  5. Margaret Mead, antropóloga, é um dos exemplos de mulheres que também são consideradas pensadoras importantes para as Ciências Sociais. Outros nomes poderiam ser citados como Simone de Beauvoir e Hannah Arendt, cujas obras auxiliam na compreensão da sociedade.

15. (UEL) Em museus como o Louvre, encontram-se objetos produzidos em diversos e determinados modos de produção: utensílios, esculturas, pinturas, entre outras manifestações.

Com base nos conhecimentos sobre modos de produção, no pensamento de Marx, considere as afirmativas a seguir.

I. O primeiro modo de produção existente na história foi baseado na estrutura homens livres e escravos.

II. Modos de produção específicos produzem superestruturas que mantêm íntima ligação com a infraestrutura.

III. O modo de produção capitalista é a última estrutura produtiva de classes antes do processo de constituição da sociedade comunista.

IV. Os modos de produção possuem leis próprias e existem independentemente das vontades individuais dos homens.

Assinale a alternativa correta.

  1. Somente as afirmativas I e II são corretas.
  2. Somente as afirmativas I e IV são corretas.
  3. Somente as afirmativas III e IV são corretas.
  4. Somente as afirmativas I, II e III são corretas.
  5. Somente as afirmativas II, III e IV são corretas.

16. (UEL) As reflexões liberais tenderam a acentuar, até o século XIX, a compreensão de que o Estado era a expressão da Razão.

Nessa forma de compreensão liberal, é correto afirmar que o Estado

  1. deveria intervir na economia, uma vez que a liberdade de negociar reconduziria a sociedade ao princípio do “homem como lobo do homem”, destacado por Rousseau.
  2. atingiria seu maior grau de eficiência se comandado pelas classes industriais, em detrimento das demais frações que compõem a burguesia, isto é, proprietários de terra e comerciantes.
  3. seria a instância a partir da qual as desigualdades formais entre os indivíduos se transformariam em igualdade real entre os homens.
  4. tenderia a desaparecer, na medida em que o sistema produtivo dividisse as riquezas produzidas pelas classes sociais, como expressão da Razão.
  5. representaria os interesses do conjunto da sociedade, pairando, portanto, acima das classes sociais e de suas demandas específicas.

17. (UEL) Leia o texto a seguir.

Por que só o homem é suscetível de tornar-se imbecil? [...] O verdadeiro fundador da sociedade civil foi o primeiro que, tendo cercado um terreno, lembrou-se de dizer isto é meu e encontrou pessoas suficientemente simples para acreditá-lo.

ROUSSEAU, Jean-Jacques. Discurso sobre a origem e os fundamentos da desigualdade entre os homens. Trad. Lourdes Santos Machado, 3. ed. São Paulo: Abril Cultural, 1983. pp. 243; 259.

Com base nos conhecimentos sobre sociedade civil, propriedade e natureza humana no pensamento de Rousseau, assinale a alternativa correta.

  1. A instauração da propriedade decorre de um ato legítimo da sociedade civil, na medida em que busca atender às necessidades do homem em estado de natureza.
  2. A instauração da propriedade e da sociedade civil cria uma ruptura radical do homem consigo mesmo e de distanciamento da natureza.
  3. A fundação da sociedade civil é legitimada pela racionalidade e pela universalidade do ato de instauração da propriedade privada.
  4. O sentimento mais primitivo do homem, que o leva a instituir a propriedade, é o reconhecimento da necessidade da propriedade para garantir a subsistência.
  5. A sociedade civil e a propriedade são expressões da perfectibilidade humana, ou seja, da sua capacidade de aperfeiçoamento.

18. (Unioeste) O sociólogo Guerreiro Ramos (1915-1982) desempenhou papel importante nas Ciências Sociais, em especial na Sociologia, no início dos anos 1960. Como Sociólogo, lutou a favor da conscientização dos valores da negritude e da criação de uma Sociologia Nacional, comprometida com a modernização do Estado brasileiro. Sobre a Sociologia de Guerreiro Ramos, é CORRETO afirmar.

  1. Para Guerreiro Ramos, a Sociologia é fruto de um processo histórico e requer um compromisso com os problemas sociais e o envolvimento com as condições de vida da população.
  2. As pesquisas sociológicas nos países latino-americanos deveriam colocar em pauta os pequenos problemas da vida social e não os problemas relativos à estrutura social e de caráter global.
  3. No que se refere aos índios e negros, a Sociologia não deveria promover pesquisas que contribuíssem para a integração social desses contingentes humanos na estrutura econômica.
  4. Guerreiro Ramos foi um defensor do Folclore Nacional e foi militante em grupos conservadores que lutavam para preservar o comportamento, os hábitos e a expressão de grupos tradicionais.
  5. Ele defendia a ideia de que os problemas da América Latina deveriam ser buscados nas teorias elaboradas nos países plenamente desenvolvidos.

19. (UEL) Leia o texto a seguir.

A distância entre ricos e pobres tem aumentado na maioria dos países. Estudos do FMI e da OCDE afirmam que isso prejudica o crescimento econômico, mas nem todos os economistas concordam. Economistas não têm a reputação de terem compaixão: seus olhos estão voltados para números, e não para destinos humanos. Assim, a maioria não vê problemas na desigualdade de renda ou de propriedade.

BECKER, A. A desigualdade é boa ou ruim para a economia? noticias.uol.com.br.

As recentes discussões sobre distâncias sociais entre classes, ou estratos de classe, envolvem também definições e explicações sobre a pobreza e a desigualdade.

Com base nos conhecimentos sobre o tema pobreza e desigualdade, assinale a alternativa correta.

  1. Celso Furtado identifica que as origens da desigualdade brasileira decorrem de nossa tradição autocrática, que impediu a formação de uma burguesia autônoma.
  2. Malthus atribui a causa da pobreza à baixa taxa de natalidade, o que reduziria a massa salarial das famílias de baixa renda.
  3. Amartya Sen considera que a eliminação da pobreza depende diretamente do crescimento econômico, pois este assegura benefício a todos os grupos sociais.
  4. Hayek propõe a redução do Estado como meio de gerar maior eficiência econômica, contrapondo-se assim às políticas do Welfare State.
  5. Keynes aponta que a redução dos gastos públicos é uma variável essencial para o estabelecimento do crescimento econômico e do bem-estar social.

20. (Unioeste) A neuroética é uma área de pesquisa interdisciplinar que se concentra nas questões éticas levantadas pelo entendimento cada vez maior acerca do cérebro e de nossa capacidade de monitorá-lo e influenciá-lo bem como examina as questões éticas que emergem do entendimento cada vez mais aprofundado das bases biológicas das ações e das escolhas éticas

(ROSKIES, ADINA, 2016).

Diante dessa definição do campo da neuroética, marque a alternativa que NÃO apresenta um problema especificamente neuroético.

  1. Questões referentes à privacidade, decorrentes de tecnologias capazes de decodificar o conteúdo mental.
  2. A manipulação de consumidores mediante técnicas de neuromarketing que influenciam suas tomadas de decisão
  3. Questões referentes à utilização de seres humanos como cobaias no teste de tecnologias da indústria cosmética
  4. A preservação de identidades pessoais diante de procedimentos de alteração neurológica de memória, humor, desejos ou impulsividade.
  5. Questões referentes à autonomia, decorrentes do desenvolvimento de drogas capazes de levar a comportamentos estereotipados.

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