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Diário

Lista de 07 exercícios de Português com gabarito sobre o tema Diário com questões de Vestibulares.


Você pode conferir as videoaulas, conteúdo de teoria, e mais questões sobre o tema aqui.




01. (UFT) Leia o fragmento para responder a QUESTÃO

3 DE MAIO... Fui na feira da Rua Carlos de Campos, catar qualquer coisa. Ganhei bastante verdura. Mas ficou sem efeito, porque eu não tenho gordura. Os meninos estão nervosos por não ter o que comer.

6 DE MAIO [...] ...O que eu aviso aos pretendentes a politica, é que o povo não tolera a fome.

É preciso conhecer a fome para saber descrevê-la

9 DE MAIO... Eu cato papel, mas não gosto. Então eu penso: Faz de conta que eu estou sonhando.

10 DE MAIO... [...] O tenente interessou-se pela educação dos meus filhos. Disse-me que a favela é um ambiente propenso, que as pessoas tem mais possibilidades de delinquir do que tornar-se util a patria e ao país. Pensei: Se ele sabe disto, porque não faz um relatorio e envia para os politicos? O senhor Janio Quadros, o Kubstchek e o Dr. Adhemar de Barros? Agora falar para mim, que sou uma pobre lixeira. Não posso resolver nem as minhas dificuldades.

... O Brasil precisa ser dirigido por uma pessoa que já passou fome. A fome também é professora.

Quem passa fome aprende a pensar no proximo, e nas crianças.

16 DE MAIO Eu amanheci nervosa. Porque eu queria ficar em casa, mas eu não tinha nada para comer

... Eu não ia comer porque o pão era pouco. Será que é só eu que levo esta vida? O que posso esperar do futuro? Um leito em Campos do Jordão. Eu quando estou com fome quero matar o Janio, quero enforcar o Adhemar e queimar o Juscelino. As dificuldades corta o afeto do povo pelos politicos.

Fonte: JESUS, Carolina Maria de. Quarto de despejo: diário de uma favelada. Rio de Janeiro: Francisco Alves, 1983, p. 25-29. (fragmento).

Assinale a alternativa CORRETA.

No fragmento de Quarto de despejo, Carolina Maria de Jesus apresenta um olhar

  1. submisso ao discurso dos homens da lei sobre a propensão para o crime, das pessoas da favela.
  2. crítico com relação à problemática da fome e à falta de atenção dos políticos para com a população pobre.
  3. otimista quanto à possibilidade de mudança de sua vida e de sua família.
  4. culpado por não conseguir comida suficiente para si e seus filhos.

02. (UEA) O escritor Mário de Andrade fez uma viagem em comitiva à Amazônia e escreveu um diário sobre o périplo, que durou de 13 de maio a 15 de agosto de 1927. Leia alguns trechos desse diário.

Belém, 19 de maio.

Depois do jantar, sem que fazer, fomos todos ao cinema ver a fita importante que os jornais e as pessoas anunciavam, William Fairbanks em Não percas tempo, filme horrível.

Manaus, 7 de junho.

De-noite, sem que fazer, fomos ao cinema. Levavam com grande barulho de anúncio William Fairbanks em Não percas tempo.

Iquitos, 25 de junho.

Me esqueci de contar: ontem, passeando, passamos pelo cinema local que com grande estardalhaço anunciava último dia do grande filme Não percas tempo com William Fairbanks. É que o filme ia e vinha no navio conosco...

(Mário de Andrade. O turista aprendiz, 2002. Adaptado.)

De Belém a Iquitos, no Peru, Mário de Andrade refere-se

  1. ao isolamento cultural do espaço florestal, que resulta da dificuldade de deslocamento na região.
  2. à influência da cultura norte-americana, que está presente no cotidiano de diferentes cidades interligadas pelo transporte fluvial.
  3. aos interesses econômicos internacionais, que exploram a lucrativa indústria do entretenimento na região.
  4. ao processo de urbanização, que deriva dos incentivos estatais ao desenvolvimento industrial na região.
  5. à permanência da economia extrativista, que extrapola as fronteiras políticas dos países da região.

03. (UFGD) Um diário digital é uma ferramenta que permite participação em uma situação comunicativa perfazendo-se de uma interação demarcada entre o eu e a sua subjetividade. Por meio dessa ferramenta, podem ser registradas as impressões acerca do mundo, as ideias, os sentimentos e os desabafos. A partir do uso contínuo de um diário digital, podem ser extraídos alguns benefícios muito úteis pelos seus usuários, como, por exemplo, a obtenção de clareza nos pensamentos e nas ideias; a definição de metas e a manutenção do foco em atingi-las; auxílio no processo de abstração, sonhar e ser criativo, uma vez que se está escrevendo para si mesmo.

De acordo com isso, a respeito de um diário digital, afirma-se corretamente que

  1. a linguagem, nesse gênero, costuma seguir um padrão rígido, podendo ser expressa apenas por meio da formalidade.
  2. possui uma estrutura bem definida em que o emprego dos tempos verbais deve permanecer no presente.
  3. a estrutura textual possui pronomes pessoais expressos em primeira e terceira pessoas do singular e do plural.
  4. pode ser interpretado como um importante e valoroso documento histórico, podendo conter o registro de fatos marcantes.
  5. representa um documento que pode ser compartilhado tanto pelo dono quanto por outros usuários, que fazem parte do círculo de amizades, permitindo dessa forma uma edição coletiva.

04. (PUC-RS) INSTRUÇÃO: Para responder à questão, leia o trecho do diário de viagem de Mário de Andrade, retirado de O turista aprendiz.

“Durante esta viagem pela Amazônia, muito resolvido a... escrever um livro modernista, provavelmente mais resolvido a escrever que a viajar, tomei muitas notas como vai se ver. Notas rápidas, telegráficas muitas vezes. Algumas porém se alongaram mais pacientemente, sugeridas pelos descansos forçados do vaticano de fundo chato, vencendo difícil a torrente do rio. Mas quase tudo anotado sem nenhuma intenção da obra-de-arte, reservada pra elaborações futuras, nem com a menor intenção de dar a conhecer aos outros a terra viajada. E a elaboração definitiva nunca realizei. Fiz algumas tentativas, fiz. Mas parava logo no princípio, nem sabia bem porque, desagradado. Decerto já devia me desgostar naquele tempo o personalismo do que anotava. Se gostei e gozei muito pelo Amazonas, a verdade é que vivi metido comigo por todo esse caminho largo de água.”

Com base no excerto e em seu contexto, preencha os parênteses com V para verdadeiro ou F para falso.

( ) O diário de viagem é uma modalidade de narrativa que relata não só os acontecimentos transcorridos durante o percurso, mas também os sentimentos do sujeito viajante.

( ) As anotações do diário acompanhavam a rotina do barco: às vezes eram breves, outras mais longas em função das paradas e do movimento da embarcação nas águas do rio.

( ) O narrador se assume como um tipo especial de viajante porque não se integra à paisagem e ao ambiente da Amazônia, uma vez que a viagem que empreende é de ordem subjetiva.

( ) Mário de Andrade se identifica como um turista aprendiz porque fez muitas anotações, escreveu um livro sobre a viagem, corrigiu os originais e experimentou um personalismo exacerbado.

A sequência correta de preenchimento dos parênteses, de cima para baixo, é:

  1. V – V – V – F
  2. V – F – V – F
  3. V – F – F – F
  4. F – V – F – V
  5. F – F – V – V

05. (PUC-Campinas) O que se transcreve abaixo é trecho inicial do romance Diário da queda, do escritor gaúcho Michel Laub, em capítulo intitulado “Algumas coisas que sei sobre o meu avô”.

1

[1] Meu avô não gostava de falar do passado. O que

não é de estranhar, ao menos em relação ao que

interessa: o fato de ele ser judeu, de ter chegado ao

Brasil num daqueles navios apinhados, o gado para

[5] quem a história parece ter acabado aos vinte anos, ou

trinta, ou quarenta, não importa, e resta apenas um tipo

de lembrança que vem e volta e pode ser uma prisão

ainda pior que aquela onde você esteve.

2

[1] Nos cadernos do meu avô não há qualquer

menção a essa viagem. Não sei onde ele embarcou, se

ele arrumou algum documento antes de sair, se tinha

dinheiro ou alguma indicação sobre o que encontraria

[5] no Brasil. Não sei quantos dias durou a travessia, se

ventou ou não, se houve uma tempestade de

madrugada [...].

(São Paulo: Companhia das Letras, 2011. p. 8)

No fragmento,

  1. o narrador constrói a trama entrelaçando uma série de suposições sobre o avô, visto nunca ter tido possibilidade de obter qualquer informação concreta sobre esse seu antepassado.
  2. o comentário sobre as fontes das informações exemplifica o fato de que o tipo de narrador desse texto só pode contar aquilo que vê, aquilo de que ouviu falar ou aquilo a que teve acesso por registros escritos.
  3. o relato é feito por um narrador em primeira pessoa que, mesmo focalizando a figura de um ascendente tão próximo, não manifesta nenhum tipo de disposição emocional ou comentário sobre o que conta.
  4. notam-se características típicas de um diário, escrito em que se registram os acontecimentos de cada dia: ênfase nas sensações daquele que conta suas experiências e rigor no que se refere a apresentar os fatos na ordem cronológica em que se dão.
  5. o protagonista tem sua história relatada por um descendente, que a retrata sob a perspectiva de uma vida singular: o narrador concentra-se nas minúcias do cotidiano da personagem, do qual se evitam os comentários generalizantes.

06. (Mackenzie) Diário de bordo

Ontem, o tempo mudou, o navio balançou um pouco [...]. Acordei

às 9h, tomei café na suíte e voltei a dormir, até o meio-dia – acho

que nunca fiz isso na vida. Almoçamos no restaurante, evitando o

self-service, que devia estar uma bagunça, pois continua chovendo e

[5] ventando, os passageiros sem muito o que fazer a não ser enfrentar

a comida que rola sem parar.

Depois do almoço [...] apesar do vento e da chuva fininha,

consegui ver a passagem pelo Peloponeso, a guerra de Tucídides e,

logo após, a ilha de Ítaca, onde Penélope fiava e confiava em Ulisses,

[10] que retornaria de sua viagem absurda.

Penso no valor da palavra escrita. Ítaca, Peloponeso, toda a

Grécia clássica, nada seriam se não fossem os poemas e relatos

que historicizaram seus heróis, seus deuses, suas tragédias e seus

filósofos.

[15] O mesmo aconteceu com os judeus, que viveram numa terra

de pedras e desertos, mas deixaram livros que formaram o Velho

Testamento, base de toda a cultura ocidental.

Nas ilhas Papuas ou na América, onde floresceram civilizações

como a asteca, a inca e a maia, na certa haveria heróis, deuses,

[20] guerreiros e pensadores que ficaram isolados do fluxo cultural, sem

testemunhos escritos que superassem o tempo.

Gregos e judeus nos legaram palavras escritas que permaneceram

e formaram o imaginário do Ocidente. Olhando-se, agora, a mesma

paisagem, o cenário dos deuses e heróis, nada de espetacular ou

[25] de notável aqui teria se passado se não fossem os textos que nos

chegaram, que foram estudados, interpretados, parafraseados e

adaptados de acordo com as sucessivas camadas do tempo e da

civilização.

Carlos Heitor Cony

É correto afirmar que o objetivo principal do texto é

  1. apresentar a colaboração do turismo para o conhecimento da cultura clássica.
  2. questionar a importância da tradição religiosa de base judaico-cristã, tendo em vista os processos de colonização em que esteve envolvida.
  3. promover a valorização das civilizações que geralmente são caracterizadas como primitivas.
  4. provocar uma reflexão sobre o poder da palavra escrita e sua permanência ao longo dos tempos.
  5. demonstrar a fragilidade de povos que se organizaram em torno de mitos literários.

07. (UEMG) Diário alienígena

Continuo sem entender muito bem. Hoje passou por mim um ser de sexo indefinido, que me deixou ainda mais confuso. Seu aspecto era muito estranho. Tinha um rosto delicado, um nariz pequeno, os lábios bem delineados, mas não muito grossos, formando, no conjunto, o que aqui se chama de mulher bonita. Os cabelos, muito escuros e lisos, eram também femininos, compridos, bem tratados e lustrosos. Mas, assim que se fechava em ponta a linha do queixo, dava-se a transformação: o pescoço, largo e musculoso, era estriado de veias, parecendo inflado a ponto de rebentar. O tronco, imenso e forte, abria-se para os lados em braços espetaculares, rígidos, com gigantescos nós de músculos sobrepondo-se uns aos outros e formando uma curva um pouco semelhante à que encontramos em certos primatas. As pernas eram igualmente brutais, levemente arqueadas devido ao volume dos músculos, dando ao andar uma cadência que em tudo se parecia com o dos seres do outro sexo.

Já havia visto algumas criaturas um tanto indefinidas por aqui, mas esta me pareceu um exemplo extremo. Não pude classificá-la. Aliás, tenho tido grande dificuldade para fazer as classificações. Tudo me parece de difícil compreensão. Esse pequeno território que nos serve de amostragem traz incoerências que me deixam atônito. Para dizer a verdade, as contradições são muitas, infinitas, não tendo havido ainda um registro lógico capaz de explicar tantas coisas de que já lhe falei, como as discrepâncias na ocupação do espaço, para dar apenas um exemplo.

Mas a verdade é que, de todos os absurdos a que tenho assistido nesse primeiro contato, nenhum me deixou mais espantado do que o seguinte: como civilização razoavelmente evoluída em termos tecnológicos, eles parecem ter centrado boa parte de sua pesquisa científica na busca do conforto. Inventaram pequenos aparelhos, bastante engenhosos, que lhes facilitam a vida, tornando-os cada vez mais ociosos e aos quais dão nomes variados, como automóveis, computadores, celulares, controle remoto etc. Tudo parece ter sido inventado com um único objetivo: o de leválos a fazer menos esforço físico. Pois muito bem: você acredita que, nas chamadas horas de lazer, eles correm pelas ruas feito loucos, de um lado para o outro, suando em bicas, sem parecer querer chegar a lugar algum? E mais: concentram-se também em locais que chamam de academias e lá se dedicam, sozinhos ou em grupos, às tarefas mais extenuantes e inúteis, muitas vezes atados a aparelhos de tortura, os quais parecem buscar por livre vontade, e não forçados, como já vimos acontecer com outros povos bárbaros. Chegam a caminhar sobre esteiras, sem sair do lugar! Não lhe parece o maior dos absurdos?

Bem, continuarei observando e tentando entender. Espero estar de volta em breve, na paz de nossa querida Andrômeda – e longe deste planeta louco.

SEIXAS, H. In: Novos contos mínimos. Disponível em: <http: //heloisaseixas.com.br/diario-deum-marciano>. Acesso em: 02 out. 2016.

Com a finalidade de explorar determinados efeitos de sentido, o título da crônica faz referência ao gênero textual ‘diário’. Constitui uma característica desse gênero presente no texto

  1. a descrição de fatos e personagens, de forma minuciosa e verossímil, como em “Os cabelos, muito escuros e lisos, eram também femininos, compridos, bem tratados e lustrosos”.
  2. a estrutura narrativa, com sequências temporais e predomínio de verbos no passado, como em “Hoje passou por mim um ser de sexo indefinido, que me deixou ainda mais confuso”.
  3. a identificação dos interlocutores, por meio de vocativos e perguntas retóricas, como em “Chegam a caminhar sobre esteiras, sem sair do lugar! Não lhe parece o maior dos absurdos?”.
  4. o relato de memórias e de ações do dia a dia do autor, de caráter subjetivo e informal, como em “Esse pequeno território que nos serve de amostragem traz incoerências que me deixam atônito”.

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