Brasil Império

Lista de 11 exercícios de História com gabarito sobre o tema Brasil Império com questões da Fuvest.




01. (Mackenzie 2018) “(...). Conquistar a emancipação definitiva e real da nação, ampliar o significado dos princípios constitucionais foi tarefa delegada aos pósteres”.

COSTA, Emília Viotti da. Da monarquia à república: momentos decisivos. São Paulo; Livraria Editora Ciências Humanas, 1979. P.50.

A análise acima, da historiadora Emília Viotti da Costa, refere-se à proclamação da independência do Brasil, em 7 de setembro de 1822. A análise da autora, a respeito do fato histórico, aponta que

  1. apesar dos integrantes da elite nacional terem alcançado seu objetivo: o de romper com os estatutos do plano colonial, no que diz respeito às restrições à liberdade de comércio, e à conquista da autonomia administrativa, a estrutura social do país, porém, não foi alterada.
  2. a independência do Brasil foi um fato isolado, no contexto americano de luta pela emancipação das metrópoles. Isso se deu porque era a única colônia de língua portuguesa, e porque adotava, como regime de trabalho, a escravidão africana.
  3. caberia, às futuras gerações de brasileiros, o esforço no sentido de impor seus valores para Portugal, rompendo, definitivamente, os impasses econômicos impostos à Colônia pela metrópole portuguesa desde o início da colonização.
  4. apesar de alguns setores da elite nacional possuírem interesses semelhantes à burguesia mercantil lusitana e, portanto, afastando-se do processo emancipatório nacional, com a eminente vinda de tropas portuguesas para o país, passaram a apoiar a ideia de independência.
  5. assim como Portugal passava por um processo de reestruturação, após a Revolução Liberal do Porto; no Brasil, esse movimento emancipatório apenas havia começado e só fora concluído, com a subida antecipada ao trono, de D. Pedro II, em 1840.

02. (Mackenzie 2018) “A cena de uma rua é, a um só tempo, a mesma de todo o quarteirão. Os pés de chumbo (portugueses) deixam que a cabralhada (brasileiros) se aproxime o mais possível. E inesperadamente, de todas as portas, chovem garrafas inteiras e aos pedaços sobre os invasores. O sangue espirra, testas, cabeças, canelas... Gritos, gemidos, uivos, guinchos.

É inverossímil.

E a raça toda, de cacete em punho, vai malhando... E os corpos a cair ensanguentados sobre os cacos navalhantes das garrafas. ”

(Correia, V.,1933, p.42) O episódio, descrito acima, relata o enfrentamento entre portugueses e brasileiros, em 13/03/1831, no Rio de Janeiro, conhecido como Noite das Garrafadas. Essa manifestação assemelhava-se às lutas liberais travadas na Europa, após as decisões tomadas pelo Congresso de Viena. A respeito dessa insatisfação popular, presente tanto na Europa, após 1815, quanto nos conflitos nacionais, durante o I Reinado, é correto afirmar que

  1. D. Pedro II adota a mesma política praticada por monarcas europeus; quando, ao outorgar uma carta constitucional, contrariou os interesses, tanto da classe oligárquica, fiel ao trono, quanto das classes populares, as quais permaneceram sem direito ao voto.
  2. o governo brasileiro também se utilizou de empréstimos junto à Inglaterra, aumentando a dívida externa e fortalecendo a economia inglesa, a fim de sanar o déficit orçamentário e suprir os gastos militares em campanhas contra os levantes populares.
  3. D. Pedro I, buscando recuperar sua popularidade, iniciou uma série de visitas às províncias revoltosas do país, adotando a mesma estratégia diplomática que alguns regentes europeus, nessa época, praticaram, sem contudo, lograrem nenhum sucesso político.
  4. as guerras travadas contra o exército napoleônico, na Europa, e o envolvimento do Brasil, na Guerra da Cisplatina, provocaram, em ambos os casos, a enorme insatisfação popular e revolta, diante do elevado número de combatentes mortos.
  5. a retomada de políticas absolutistas, como o estabelecimento do Poder Moderador, no Brasil, dando plenos poderes a D. Pedro I e, na Europa, a dura repressão contra as ideias liberais, deflagradas pela Revolução Francesa, ocasionaram uma enorme insatisfação popular.

03. (Mackenzie 2016) O período das regências constitui momento crucial do processo de construção da nação brasileira. Por sua pluralidade e ensaísmo [foi] um grande laboratório político e social, no qual as mais diversas e originais fórmulas políticas foram elaboradas e diferentes experiências testadas, abarcando amplo leque de estratos sociais. O mosaico regencial não se reduz, portanto, a mera fase de transição, tampouco a uma aberração histórica anárquica, nem mesmo a simples ‘experiência republicana’”.

Marcello Basile. “O laboratório da nação: A era regencial *1831-1840). In: Keila Grinberg e Ricardo Salles. O Brasil Imperial. Volume II – 1831-1870. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2009, p.97

Assinale a alternativa que contenha elementos característicos do Período Regencial (1831-1840).

  1. Suspensão do Poder Moderador, causando oposição de setores políticos conservadores; surgimento do abolicionismo radical, contribuindo para revoltas de escravos na Bahia; fundação do Partido Republicano que, aliado às Forças Armadas, acirrou a oposição ao Império.
  2. Intensa oposição à antecipação da maioridade de D. Pedro II, visto com uma ameaça aos interesses das camadas populares; profundas diferenças ideológicas entre as facções políticas das elites, levando a confrontos armados; anulação da Constituição de 1824.
  3. Surgimento de diferentes projetos políticos, como a defesa do republicanismo; mobilização do exército contra a ascensão política das camadas populares; aprofundamento das desigualdades sociais, em virtude da alta inflação e da especulação financeira.
  4. Disputa pelo governo regencial, representada pela falta de unidade da elite política regencial e pela vacância do trono; formação de facções políticas distintas, portadoras de diferentes projetos; ativa mobilização popular, com revoltas em diversas províncias.
  5. Eclosão de diversas revoltas sociais e políticas, em províncias do Norte e Nordeste; surgimento de facções políticas, com projetos de governo diferentes; movimento em torno da antecipação da maioridade de D. Pedro II, como forma de garantir o atendimento de reivindicações populares.

04. (Mackenzie 2015) A maior das guerras que a América Latina conheceu no século XIX foi a Guerra do Paraguai (1864-1870). Em 1865, os governos do Brasil, Argentina e Uruguai criaram a Tríplice Aliança contra o governo do presidente paraguaio Solano López. Sobre esse conflito considere as afirmativas dadas.

I. A questão fundamental era a liberalização da bacia do Rio da Prata para o comércio internacional, o que beneficiaria especialmente aos interesses ingleses na região.

II. A expansão da economia paraguaia exigia que o país pudesse exercer controle sobre a navegação dos rios platinos. Com uma indústria florescente, o Paraguai necessitava escoar suas mercadorias através do estuário do Prata.

III. Os países integrantes da Tríplice Aliança foram financiados pelo capital inglês e, portanto, não tiveram suas economias prejudicadas pelo confronto armado.

Assinale

  1. se somente a afirmativa I estiver correta.
  2. se somente a afirmativa II estiver correta.
  3. se somente a afirmativa III estiver correta.
  4. se somente as afirmativas I e II estiverem corretas.
  5. se somente as afirmativas II e III estiverem corretas.

05. (Mackenzie 2014) “A partir de hoje, 15 de novembro de 1889, o Brasil entra em nova fase, pois pode-se considerar finda a Monarquia, passando o regime francamente democrático com todas as consequências da Liberdade”

Assim se referiu a manchete do jornal carioca Gazeta da Tarde, anunciando a Proclamação da República no Brasil. Pode-se dizer que tal ato

  1. reforçou as posições conservadoras dos positivistas brasileiros, o que facilitou a ascensão do exército, como liderança do movimento, e auxiliou na decretação de um Estado em bases religiosas e federalistas.
  2. resultou da conjugação de variados fatores, destacando as insatisfações de grupos militares, camadas médias urbanas e setores latifundiários com os rumos políticos e sociais do Império no Brasil.
  3. colocou fim à longa crise do Segundo Reinado, contribuindo para a emergência do populismo enquanto prática política manipuladora, voltada para a satisfação dos anseios de camadas trabalhadoras urbanas.
  4. rompeu com a legalidade da sucessão ao trono, uma vez que impediu a ascensão da princesa Isabel, como governante, causando, por sua vez, revoltas populares por todo o país.
  5. corroborou a busca pela modernização política do Brasil e mostrou-se decisivo para a elaboração de políticas governamentais de inserção dos ex-escravos no mercado de trabalho livre.

06. (Mackenzie 2013) É necessário que se sustente a fé de sua Igreja. A religião santifica tudo e não destrói coisa alguma, exceto o pecado. [...]. Estas verdades demonstram que casamento é puramente competência da santa Igreja, que só seus ministros têm poder de celebrá-lo [...].

Nesse trecho, Antonio Conselheiro, líder do movimento que levou à Guerra de Canudos (1896-1897),

  1. preparou as bases de uma sociedade religiosa, implantada após sua vitória na referida Guerra.
  2. considerou o protestantismo a única saída para o bem-estar das populações e resolução de seus problemas.
  3. expôs sua insatisfação com uma das medidas implantadas pela recémproclamada república.
  4. criticou o Estado laico, que proibia práticas religiosas – públicas e privadas – como o casamento católico.
  5. resgatou as discussões entre Estado e religião, resolvidas com a oficialização do cristianismo evangélico enquanto religião do Estado brasileiro.

07. (Mackenzie 2011) Fatos e acontecimentos históricos podem ser analisados de muitas maneiras. Refletir, por exemplo, a respeito da formação da nação brasileira entre as décadas de 1830 e 1870, é tentar compreender seus aspectos econômicos, sociais, políticos e culturais. Nesse sentido, a visão conservadora a respeito da História do Brasil considera esse período sob a ótica da “turbulência” – ou “desordem” – e da “calmaria” – ou “ordem”. Mesmo contestada por novos estudos, essa dicotomia tradicional, no período citado, pode ser encontrada analisando-se, respectivamente,

  1. o Período Regencial e o Período Pré-colonial.
  2. o Período Regencial e o Segundo Reinado.
  3. o Segundo Reinado e o Primeiro Reinado.
  4. o Primeiro Reinado e o Período Regencial.
  5. o Período Pré-colonial e o Segundo Reinado.

08. (Mackenzie 2011) No ano de sua independência, o Brasil tinha [...] tudo para dar errado. De cada três brasileiros, dois eram escravos, negros forros, mulatos, índios ou mestiços. Era uma população pobre e carente [...]. O medo de uma rebelião dos cativos assombrava a minoria branca. O analfabetismo era geral. [...]. Os ricos eram poucos e, com raras exceções, ignorantes. O isolamento e as rivalidades entre as províncias prenunciavam uma guerra civil [...].

Laurentino Gomes, 1822

É correto afirmar que a independência do Brasil só não confirmou os temores apresentados no trecho,

  1. porque ao defender a revolução popular de inspiração camponesa, inspirou legisladores como José Bonifácio e Joaquim Nabuco a defenderem a emancipação completa em relação a Portugal.
  2. porque o povo conseguiu entender os anseios de D. Pedro e da elite brasileira, ao pegar em armas e defender até a morte uma independência que parecia condenada em sua própria estrutura.
  3. porque foi realizada à revelia da população pobre – destacadamente de origem africana e indígena – uma vez que suas simpatias pela Revolução Americana ameaçavam os poderes da elite branca.
  4. porque parcelas significativas da elite brasileira se aglutinaram em torno de D. Pedro, a fim de manter as antigas bases de um Brasil colonial na estrutura do novo país que nascia em 1822.
  5. porque foi inspirada pela Revolução Francesa e pelas ideias iluministas, no contexto da crise do Antigo Sistema Colonial, sendo liderada pela elite burguesa contra a tirania representada por D. Pedro.

09. (Mackenzie 2011) “Vale dizer que, naquele momento, não se reconhecia com precisão a data oficial da Independência do Brasil. [...] [Alguns] a situavam na convocação da Assembleia Constituinte no Brasil em junho de 1822. O próprio D. Pedro só em 1823 se referiu ao 7 de setembro. Pesava mais [após a obtenção de apoios locais e da pressão portuguesa contra os interesses brasileiros] o grito, o gesto fundador e seu lema [Independência ou Morte], pois o problema residia na legítima autodeterminação de um povo que estabelece o seu governo e proclama a Independência sob o risco de uma morte patriótica que se sacrifica pelo bem público.

A aclamação no Rio de Janeiro, com a presença efetiva de D. Pedro, ocorreu em 12 de outubro de 1822, depois que o Senado da Câmara do Rio de Janeiro tomou para si a tarefa de congregar as adesões e investir D. Pedro na condição de rei constitucional. Conciliava-se, aí, a data do aniversário do imperador com o descobrimento da América, reforçando seus vínculos. [...]

A coroação de D. Pedro I acontece em 1º de dezembro de 1822, no Rio de Janeiro, depois de várias aclamações, das adesões das Câmaras, do início da guerra de Independência. [...]

SOUZA, I.L.C. A independência do Brasil.

Considerando o texto, e com base em seus conhecimentos, assinale a alternativa correta.

  1. As elites brasileiras passaram por um longo processo de acomodação política, ocasionando conflitos com a metrópole e com o povo brasileiro, excluídos de representação. Em virtude disso, para os populares, somente D. Pedro poderia lhes garantir certos direitos.
  2. A indicação de um descendente da Casa de Bragança para o trono brasileiro revela a intenção de romper, política e economicamente, com as principais monarquias europeias. Assim, tal independência somente seria assegurada e consolidada por Pedro I.
  3. A busca por legitimação da independência promoveu uma série de ritos e celebrações na corte imperial. Em virtude disso, o Império alcançaria seu auge com o governo de D. Pedro I, responsável direto pela independência brasileira, e sua consolidação.
  4. A busca por legitimação – interna e externa – da independência brasileira gerou todo um processo de ritos e celebrações em torno da figura de D. Pedro. Porém, a falta de um projeto efetivo ameaçou a consolidação dessa independência, em seus primeiros anos.
  5. A independência se insere em um contexto maior, de crise do Antigo Sistema Colonial e acomodação política das elites. Assim, a sacralização da figura do imperador demonstrava os anseios populares de que suas condições melhorariam a partir do Império.

10. (Mackenzie 2010) “Ao longo do Império, a economia do país foi se tornando cada vez mais complexa, aprofundando sua inserção no capitalismo, sem contudo perder sua condição de periferia.”

Afonso de Alencastro Graça Filho e Douglas Cole Libby, A economia do império brasileiro.

Corroborando a afirmação acima, considere I, II e III abaixo.

I. O café, apesar de ter recuperado a economia brasileira durante o 2º Reinado, manteve uma estrutura agrícola de Plantation, predominante desde nosso período colonial.

II. Apesar da relativa recuperação de nossa Balança Comercial, o Brasil manteve sua tradicional posição na Divisão Internacional do Trabalho.

III. O surto de industrialização decorrente da assinatura da Tarifa Alves Branco (1844) garantiu nosso superávit primário, com as exportações de bens de consumo não-duráveis.

Assim,

  1. somente I e III estão corretas.
  2. somente II e III estão corretas.
  3. somente I está correta.
  4. I, II e III estão corretas.
  5. somente I e II estão corretas.

11. (Mackenzie 2010) A partir de 1850, a tradicional dependência política e econômica do Brasil com relação à Inglaterra, já não era total, o que levou Dom Pedro II a afirmar que “é política consolidada do Brasil evitar aceitar estipulações de tratados com países estrangeiros mais fortes e que não sejam limítrofes.” Na prática, a maior autonomia nacional perante o capital inglês possibilitou adotarmos uma certa autonomia perante o imperialismo inglês. Tal “política consolidada” foi resultado

  1. da ação de empresários nacionais como Irineu Evangelista de Souza, o Barão de Mauá, que, quebrando a “vocação agrária” do nosso país, passou a investir no setor industrial e financeiro, contando com apoio irrestrito por parte do governo imperial.
  2. da adoção de políticas alfandegárias protecionistas, como a Tarifa Alves Branco, que perdurou até o final do Segundo Reinado, auxiliando no desenvolvimento das nossas indústrias e aumentando a oferta de manufaturados nacionais.
  3. dentre outros fatores, da superação da Inglaterra, nesse período, como principal importadora dos produtos brasileiros, pelos Estados Unidos. Tal fato permitiu que o Brasil adotasse uma política de maior independência com relação aos interesses ingleses.
  4. do aumento da exportação de café que, nessa fase, proporcionou um superávit na balança comercial brasileira, o que nos levou a lançar mão do recurso amplamente até então utilizado pelo nosso governo, de tomar empréstimos junto aos bancos ingleses.
  5. de acordos realizados entre os governos do Brasil e da Inglaterra para resolver as questões relativas ao fim do tráfico negreiro, que atenderam de comum acordo a ambas as partes não gerando qualquer tipo de desgaste político entre as nações amigas.