Idade Média

Lista de 08 exercícios de História com gabarito sobre o tema Idade Média com questões da Fuvest.




01. (Mackenzie 2019) Leia o documento abaixo:

“É permitido a qualquer, sem punição, auxiliar o seu senhor, se alguém o ataca, e obedecer-lhe em todos os casos legítimos, exceto no roubo, no assassinato e naquelas coisas que não são consentidas a ninguém, sendo reconhecidas como infames pelas leis. O senhor deve proceder da mesma maneira com o conselho e a ajuda; e deve ir em auxilio do seu homem em todas as vicissitudes, sem malícia. É permitido a todo o senhor convocar o seu homem que deve estar à sua direita no tribunal; e mesmo que seja residente no mais distante mansus de quem o protege, deverá ir ao pleito se o seu senhor o convocar”

(Pedrero-Sanchez, M. Guadalupe. História da Idade Média: textos e testemunhos. São Paulo: Unesp, 1999, p. 95)

O trecho acima foi extraído de um documento inglês do século XI e diz respeito a uma típica relação feudal.

A relação em evidência é a

  1. Vassalagem: relação recíproca entre senhores em que fica acordado a proteção por parte do Suserano e o trabalho nos campos por parte do Vassalo.
  2. Servidão: relação vertical entre senhores e camponeses que, uma vez presos à terra, não podem abandonar suas obrigações nos feudos.
  3. Vassalagem: relação horizontal entre senhores a qual cria uma teia de alianças políticas e uma maior descentralização do poder.
  4. Servidão: relação entre senhores e servos a qual estabelece um acordo de proteção e ajuda econômica em troca de terras para o plantio.
  5. Vassalagem e Servidão: relações equivalentes entre nobres e servos em que os vassalos asseguram o trabalho nas terras senhoriais.

02. (Mackenzie 2018) “Em terras alemãs em lugares afastados, onde a vida permanecia rude e isolada, os monges não só pregavam o cristianismo, mas também foram importantes para levar os avanços agrícolas para a região das florestas. Nas matas fechadas, abriam clareiras, drenavam pântanos e introduziram novas lavouras. As poucas escolas que existiram na Idade Média eram dirigidas e mantidas pelos monges. Alguns monastérios serviam também de hospitais e hospedarias”.

Adaptado de: Wallbank, T. W. e outros. History and Life. 4ªed. Illinois: Scott Foresman, 1993.

De acordo com o texto, é correto afirmar que, durante a alta Idade Média europeia, a atividade dos monastérios

  1. redimensionava o princípio de “ora et labora” (reza e trabalha), já que os monges se dedicavam apenas aos trabalhos braçais.
  2. seguia o princípio de “ora et labora” (reza e trabalha), pois os monges dedicavam-se a uma vida reclusa e trabalhos exclusivamente intelectuais.
  3. redimensionava o princípio tradicional de “ora et labora” (reza e trabalha), pois exercia importante ligação com o cotidiano de comunidades próximas.
  4. conflitava com o princípio papal de “ora et labora” (reza e trabalha), ao valorizar a prática do trabalho, em detrimento das orações diárias.
  5. contribuiu para o surgimento de uma mentalidade que, ligada às atividades comerciais urbanas, promoveu contestações ao poder papal sobre os europeus.

03. (Mackenzie 2016) Ao analisar a estrutura do trabalho, durante a Alta Idade Média, Leo Huberman afirmou:

“O camponês era, então, um escravo? Na verdade, chamava-se de ‘servos’ a maioria dos arrendatários, da palavra latina servus, que significa ‘escravo’. Mas eles não eram escravos, no sentido que atribuímos à palavra, quando a empregamos”.

Leo Huberman. História da riqueza do homem. 21ª ed. Rio de Janeiro: Editora Guanabara, 1986, p.06

Considerando os trabalhadores durante o período considerado, a distinção principal, notada pelo autor, decorre

  1. da obtenção de proteção, oferecida pelo senhor aos seus servos que, em troca, prestavam o juramento de fidelidade ao dono da terra, dentro das relações de suserania e vassalagem.
  2. das especificidades do trabalho naquele período, em que os servos deviam obrigações ao senhor da propriedade, não podendo ser vendidos ou trocados, já que estavam vinculados à terra.
  3. das formas diferentes de se lidar com a mão de obra, já que, na Idade Média, o servo podia ser vendido ou trocado a qualquer momento, condição inexistente com os escravos.
  4. da concepção diferenciada sobre o tratamento dado aos trabalhadores, mais amena em relação aos servos, e de extrema crueldade em relação aos escravos e suas respectivas famílias.
  5. dos diferentes vínculos estabelecidos entre o trabalhador e o senhor da terra: o escravo estava preso ao seu proprietário, já os servos eram homens livres, que podiam escolher a proteção de um senhor menos cruel.

04. (Mackenzie 2015) As Cruzadas, durante a Idade Média, representaram uma forma de solução para os problemas decorrentes do início da desestruturação do regime feudal.

A expressão “Cruzada” “derivou-se do fato de seus integrantes considerarem-se soldados de Cristo”. Tais expedições constituíram-se em

  1. empreendimentos de caráter militar, voltadas contra os inimigos da Cristandade, sem o apoio formal da Igreja Católica, mas patrocinadas por nobres feudais, que garantiam privilégios materiais aos participantes.
  2. oportunidades oferecidas em uma sociedade fortemente religiosa, mais clerical do que civil, em que o pecado e o crime equivaliam a mesma coisa, ou seja, do cruzado obter a indulgência, ou perdão aos seus pecados.
  3. movimentos nos quais tanto a iniciativa de lutar contra os infiéis quanto a de reconquistar a Terra Santa, partia de muitos indivíduos não combatentes, como mercadores, artesãos, mulheres e crianças, motivados pela fé.
  4. iniciativas militares, cujos recursos materiais para sustentar os cruzados provinham da Igreja Católica, única interessada na reconquista da região.
  5. possibilidades para escapar das dívidas e dos pagamentos dos tributos à Igreja e aos senhores feudais, já que o cruzado, ao participar dessas expedições, conseguia uma moratória estendida para toda sua vida.

05. (Mackenzie 2013) “A Idade Média não existe. Esse episódio de quase mil anos (...) é uma fabricação, uma construção, um mito, quer dizer, um conjunto de representações e de imagens em perpétuo movimento, amplamente difundidas na sociedade, de geração em geração (...)”.

Christian Amalvi. “Idade Média”. In: Jacques Le Goff e Jean-Claude Schmitt. Dicionário Temático do Ocidente Medieval. Bauru, SP: EDUSC, 2006, p.537.

A respeito do tema, considere as seguintes afirmativas:

I. As representações depreciativas do período remontam às tentativas, principalmente de humanistas italianos desde o século XIV, de retornar às fontes da Antiguidade Clássica.

II. O século XVIII, com sua revalorização do racionalismo e antropocentrismo, assiste ao dualismo “obscurantismo” – representado pela Idade Média – e as “Luzes” – representadas pelo Iluminismo.

III. A visão de uma Idade Média plena de cultura e da qual se originou a civilização europeia deve-se, em grande parte, ao século XIX, com o Romantismo.

Assinale

  1. se apenas I estiver correta.
  2. se apenas I e II estiverem corretas.
  3. se apenas II e III estiverem corretas.
  4. se apenas I e III estiverem corretas.
  5. se I, II e III estiverem corretas.

06. (Mackenzie 2012) “Ao lado dos sinos dos conventos e das igrejas, destinados a soar e a impor as horas canônicas dos ofícios religiosos, aparecem os sinos laicos, sobretudo utilizados para a proclamação do tempo do trabalho (início, interrupções e fim). Nas cidades do nordeste da Europa, importante região têxtil, os novos sinos opõem à autoridade dos campanários da igreja a altivez das torres que os desafiam. Em face do tempo da Igreja, afirma-se o tempo do mercador, senhor do processo de trabalho”.

Dicionário temático do Ocidente Medieval, v.II, p.163

O texto aponta

  1. os erros de certas análises historiográficas a respeito das concepções medievais de tempo e de trabalho. De forma precipitada, tais análises tendem a considerar a Igreja detentora absoluta de tais concepções, durante toda a Idade Média, demonstrando a falta de análises históricas empíricas.
  2. que as estruturas e as mentalidades medievais não sofreram transformações substanciais. De fato, como apontado no texto, as ideias acerca do trabalho e do tempo continuaram as mesmas durante o período, demonstrando que mentalidades não se alteram rapidamente.
  3. para as transformações processadas na Idade Média acerca do papel regulador da Igreja e do mercador. Aquela atenta à nova realidade, adaptando-se cada vez mais; este, senhor do comércio e das mercadorias, demonstra o seu poder ao impor o domínio sobre os sinos e os campanários medievais.
  4. para as transformações processadas no final da Idade Média em relação ao tempo e ao trabalho. De fato, se antes tais conceitos eram regidos e dominados pela Igreja, a partir daquele momento as concepções valorativas acerca deles passam a predominar na transição feudo-capitalista, sobretudo nos ambientes laicos.
  5. que as concepções de tempo e de trabalho se alteraram ao longo do tempo, exceto na Idade Média. De fato, analisado empiricamente, o período é rico em representações a respeito desses conceitos, sempre demonstrando a fragilidade eclesiástica em impor seus conceitos para a população em geral.

07. (Mackenzie 2012) "O ar da cidade torna os homens mais livres"

O provérbio medieval acima denota uma mudança no cenário europeu com o declínio do feudalismo e ressurgimento das cidades. As alterações que ocorreram no final da Idade Média refletiam a nova visão do homem desse tempo perante o mundo. Considerando o provérbio acima e as transformações decorrentes da transição do feudalismo para o capitalismo, é correto afirmar que,

  1. graças ao Renascimento Comercial, verificado na Baixa Idade Média, as cidades medievais ficaram livres do pagamento das antigas taxas e tributos feudais, liberando os ocupantes das cidades de tais encargos monetários.
  2. em virtude das Cruzadas (1096-1270), aumentou o intercâmbio religioso entre Oriente e o Ocidente, ocasionando uma maior tolerância religiosa nas cidades medievais, que passaram a se espelhar no modelo de Jerusalém.
  3. enquanto a vida no campo era marcada por uma estrutura social estratificada, nos novos centros urbanos, o desenvolvimento comercial e artesanal criaram condições para a possibilidade de ascensão social para o homem urbano.
  4. por contar com seu próprio conjunto de leis e jurisprudência, livres da influência dos senhores feudais, as cidades medievais proporcionaram liberdade a todos quantos se sentiam oprimidos pelo modelo social feudal da época.
  5. enquanto fazia parte da condição servil, trabalhar nas terras do senhor e a ele entregar parte da colheita, nas cidades, já no século XII, as relações de trabalho eram totalmente assalariadas.

08. (Mackenzie 2010) “Enfim, em novembro de 1095, (...) o papa Urbano II (...) dirigiu à aristocracia guerreira francesa uma advertência, divulgada, a seguir, por toda a Europa: aqueles que até então tinham vivido como saqueadores, martirizando seus irmãos cristãos, poderiam ir para o Oriente, onde os cristãos encontravam-se ameaçados pelos muçulmanos, e empregar suas energias contra os infiéis. Assim, com o recurso deste expediente destinado a ‘exportar a violência’, foi assentada a primeira pedra no edifício das futuras Cruzadas”.

Jacques Le Goff & Jean-Claude Schmitt. Dicionário Temático do Ocidente Medieval

De acordo com o texto, é correto afirmar que as Cruzadas

  1. foram expedições de caráter essencialmente religioso, conclamando os europeus para um acordo de paz com os “infiéis” no Oriente Médio.
  2. tiveram nas ações militares contra os “infiéis” no Oriente sua característica mais marcante, como maneira de solucionar problemas sociais vividos na Europa.
  3. tiveram a característica de exportar para a América a ideia fixa de converter os indígenas em seguidores fiéis do cristianismo.
  4. analisaram sistematicamente as civilizações do Oriente, com o intuito de preservar sua cultura após a luta contra os “infiéis”.
  5. mesclaram princípios religiosos e militares, buscando, por meio da conversão dos “infiéis” no Oriente, aumentar seguidores do Cristianismo, então ameaçado pela Reforma Religiosa.