Simulado de Português
Simulado com 20 exercícios de Português com gabarito para a Fuvest.
01. (Fuvest 2021) Terça é dia de Veneza revelar as atrações de seu festival anual, cuja 77a edição começa no dia 2 de setembro, com a dramédia “Lacci”, do romano Daniele Luchetti, seguindo até 12/9, com 50 produções internacionais e uma expectativa (extraoficial) de colocar “West Side Story”, de Steven Spielberg, na ribalta.
Rodrigo Fonseca. “À espera dos rugidos de Veneza”. O Estado de S. Paulo. Julho/2020. Adaptado.
Um processo de formação de palavras em língua portuguesa é o cruzamento vocabular, em que são misturadas pelo menos duas palavras na formação de uma terceira. A força expressiva dessa nova palavra resulta da síntese de significados e do inesperado da combinação, como é o caso de “dramédia” no texto.
Ocorre esse mesmo tipo de formação em
- “deleitura” e “namorido”.
- “passatempo” e “microvestido”.
- “hidrelétrica” e “sabiamente”.
- “arenista” e “girassol”.
- “planalto” e “multicor”.
Resposta: A
Resolução: O vocábulo “dramédia” é formado por cruzamento vocabular de “drama” e “comédia”. O mesmo processo ocorre nas palavras “deleitura” (deleite + leitura) e “namorido” (namorado + marido).
02. (Fuvest 2020) Leia o trecho extraído de uma notícia veiculada na internet:
“O carro furou o pneu e bateu no meio fio, então eles foram obrigados a parar. O refém conseguiu acionar a população, que depois pegou dois dos três indivíduos e tentaram linchar eles. O outro conseguiu fugir, mas foi preso momentos depois por uma viatura do 5º BPM”, afirmou o major.
Disponível em https://www.gp1.com.br/.
No português do Brasil, a função sintática do sujeito não possui, necessariamente, uma natureza de agente, ainda que o verbo esteja na voz ativa, tal como encontrado em:
- “O carro furou o pneu”.
- “e bateu no meio fio”.
- “O refém conseguiu acionar a população”.
- “tentaram linchar eles”.
- “afirmou o major”.
Resposta: A
Resolução: A oração que apresenta sujeito sem natureza de agente, apesar de estar na voz ativa, é “o carro furou o pneu”, uma vez que o sujeito “carro” não é o agente da ação do verbo “furar”.
03. (Fuvest 2019) Examine o cartum.
O efeito de humor que se obtém no cartum decorre, principalmente,
- da expressão facial da personagem.
- do uso de uma ferramenta fora de contexto.
- da situação rotineira exposta pela imagem.
- da ambiguidade presente na expressão “quebre a cara”.
- do emprego de linguagem popular.
Resposta: D
Resolução: tirinha de Adão Iturrusgarai constrói o sentido de humor através de quebra de expectativa e da ambi - guidade. A quebra da expectativa ocorre em função da alteração do aviso comum que alerta para o uso de recursos de segurança: “Em caso de emergência, quebre o vidro”, para “em caso de emergência, quebre a cara”. A ambiguidade está na expressão “quebrar a cara”, que denotativamente significa “estraçalhar o rosto” e conotativamente significa “decepcionar-se”.
04. (Fuvest 2018) Examine o cartum.
O efeito de humor presente no cartum decorre, principalmente, da
- semelhança entre a língua de origem e a local.
- falha de comunicação causada pelo uso do aparelho eletrônico.
- falta de habilidade da personagem em operar o localizador geográfico.
- discrepância entre situar-se geograficamente e dominar o idioma local.
- incerteza sobre o nome do ponto turístico onde as personagens se encontram
Resposta: D
Resolução: Os personagens do cartum encontram-se em Paris, o que se comprova pela presença da Torre Eiffel ao fundo. Ao usarem o GPS, percebem que essa tecnologia não resolve a falta de domínio do idioma local.
05. (Fuvest 2017) A adoção do cardápio indígena introduziu nas cozinhas e zonas de serviço das moradas brasileiras equipamentos desconhecidos no Reino. Instalou nos alpendres roceiros a prensa de espremer mandioca ralada para farinha. Nos inventários paulistas é comum a menção de tal fato. No inventário de Pedro Nunes, por exemplo, efetuado em 1623, fala-se num sítio nas bandas do Ipiranga “com seu alpendre e duas camarinhas no dito alpendre com a prensa no dito sítio” que deveria comprimir nos tipitis toda a massa proveniente do mandiocal também inventariado. Mas a farinha não exigia somente a prensa – pedia, também, raladores, cochos de lavagem e forno ou fogão. Era normal, então, a casa de fazer farinha, no quintal, ao lado dos telheiros e próxima à cozinha.
Carlos A. C. Lemos, Cozinhas, etc.
Além de “tipitis”, constituem contribuição indígena para a língua portuguesa do Brasil as seguintes palavras empregadas no texto:
- “cardápio” e “roceiros”.
- “alpendre” e “fogão”.
- “mandioca” e “Ipiranga”.
- “sítio” e “forno”.
- “prensa” e “quintal”.
Resposta: C
Resolução: São palavras de origem indígena “mandioca”, que significa “casa de Mani (mani + oca) e “Ipiranga”, “água vermelha” (y + pyrang).
06. (Fuvest 2021)
O efeito de humor presente nas falas das personagens decorre
- da quebra de expectativa gerada pela polissemia.
- da ambiguidade causada pela antonímia.
- do contraste provocado pela fonética.
- do contraste introduzido pela neologia.
- do estranhamento devido à morfologia.
Resposta: A
Resolução: O que provoca o humor da tirinha é a polissemia do verbo “tomar”, que, na pergunta do menino, refere-se à ingestão de medicamentos, mas Mafalda interpreta o verbo como “valer-se do distanciamento social” para sentir-se bem
07. (Fuvest 2020) TEXTO PARA A QUESTÃO
Uma planta é perturbada na sua sesta* pelo exército que a pisa.
Mas mais frágil fica a bota.
Gonçalo M. Tavares, 1: poemas.
*sesta: repouso após o almoço.
O ditado popular que se relaciona melhor com o poema é:
- Para bom entendedor, meia palavra basta.
- Água mole em pedra dura tanto bate até que fura.
- Quem com ferro fere, com ferro será ferido.
- Um dia é da caça, o outro é do caçador.
- Uma andorinha só não faz verão.
Resposta: B
Resolução: No poema, a planta, que sofre a agressão, não se enfraquece, ao contrário, é a bota quem perde força a cada ofensiva, assim, chega-se ao provérbio expresso na alternativa b, o qual demonstra que a resiliência vence até mesmo elementos mais vigorosos.
08. (Fuvest 2019) Examine o anúncio.
No contexto do anúncio, a frase “A diferença tem que ser só uma letra” pressupõe a
- necessidade de leis de proteção para todos que trabalham.
- existência de desigualdade entre homens e mulheres no mercado de trabalho.
- permanência de preconceito racial na contratação de mulheres para determinadas profissões.
- importância de campanhas dirigidas para a mulher trabalhadora.
- discriminação de gênero que se manifesta na própria linguagem.
Resposta: B
Resolução: A campanha do MPT-RS reforça, por meio da expressão “tem que”, a necessidade da igualdade de tratamento e remuneração entre homens e mulheres. Como argumento, reforça que a única distinção entre os trabalhadores e trabalhadoras deve ser a desinência de gênero.
09. (Fuvest 2018) A operação era um pouco dolorosa e não durava mais que um minuto, mas era traumática. Seu significado simbólico estava claro para todos: este é um sinal indelével, daqui não sairão mais; esta é amarca que se imprime nos escravos e nos animais destinados ao matadouro, e vocês se tornaram isso. Vocês não têmmais nome: este é o seu nome. A violência da tatuagem era gratuita, um fim em si mesmo, pura ofensa: não bastavam os três números de pano costurados nas calças, no casaco e no agasalho de inverno?
Primo Levi. Os afogados e os sobreviventes. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1990.
Está de acordo com o texto a seguinte afirmação:
- A tatuagem era uma forma de tortura e uma mensagem não verbal, que inscrevia a condenação no corpo do prisioneiro.
- O uso de tatuagens era perturbador apenas para ciganos e judeus ortodoxos, pois violava o código moral e as leis religiosas dessas comunidades.
- O recurso de tatuar o prisioneiro, além de impor um sofrimento físico e moral, discriminava o tipo de remuneração.
- O emprego das tatuagens funcionava como um código estético e de classificação dos prisioneiros nos campos de concentração.
- A tatuagem, assim como o trabalho voluntário, não tinham finalidade produtiva,mas contribuíam para o entendimento entre os prisioneiros.
Resposta: A
Resolução: O texto descreve uma prática utilizada nos campos de concentração nazistas não apenas para identificar os prisioneiros, mas também para humilhá-los e desper - sonalizá-los, dentro de um processo cujo objetivo era a destruição psíquica dos encarcerados.
10. (Fuvest 2017) A adoção do cardápio indígena introduziu nas cozinhas e zonas de serviço das moradas brasileiras equipamentos desconhecidos no Reino. Instalou nos alpendres roceiros a prensa de espremer mandioca ralada para farinha. Nos inventários paulistas é comum a menção de tal fato. No inventário de Pedro Nunes, por exemplo, efetuado em 1623, fala-se num sítio nas bandas do Ipiranga “com seu alpendre e duas camarinhas no dito alpendre com a prensa no dito sítio” que deveria comprimir nos tipitis toda a massa proveniente do mandiocal também inventariado. Mas a farinha não exigia somente a prensa – pedia, também, raladores, cochos de lavagem e forno ou fogão. Era normal, então, a casa de fazer farinha, no quintal, ao lado dos telheiros e próxima à cozinha.
Carlos A. C. Lemos, Cozinhas, etc.
Traduz corretamente uma relação espacial expressa no texto o que se encontra em:
- A prensa é paralela aos tipitis.
- A casa de fazer farinha é adjacente aos telheiros.
- As duas camarinhas são transversais à cozinha.
- O alpendre é perpendicular às zonas de serviço.
- O mandiocal e o Ipiranga são equidistantes do sítio.
Resposta: B
Resolução: O trecho que faz referência ao espaço no fragmento é “casa de fazer farinha, no quintal, ao lado dos telheiros”, considerando que adjacente significa “posto ao lado de, contíguo, que está situado nas proximidades”.
11. (Fuvest 2021) TEXTO PARA A QUESTÃO
Uma última gargalhada estrondosa. E depois, o silêncio. O palhaço
jazia imóvel no chão. Mas seu rosto continua sorrindo, para
sempre. Porque a carreira original do Coringa era para durar
apenas 30 páginas. O tempo de envenenar Gotham, sequestrar
[05] Robin, enfiar um par de sopapos no Homem-Morcego e disparar
o primeiro “vou te matar” da sua relação. Na briga final do
Batman nº 1, o “horripilante bufão” sofria um final digno de sua
desumana ironia: ao tropeçar, cravava sua própria adaga no
peito. Assim decidiram e desenharam seus pais, os artistas Bill
[10] Finger, Bob Kane e Jerry Robinson. Entretanto, o criminoso
mostrou, já em sua primeira aventura, um enorme talento para
se rebelar contra a ordem estabelecida. Seu carisma seduziu a
editora DC Comics, que impôs o acréscimo de um quadrinho. Já
dentro da ambulância, vinha à tona “um dado desconcertante”.
[15] E então um médico sentenciava: “Continua vivo. E vai
sobreviver!”.
Tommaso Koch. “O Coringa completa 80 anos e na Espanha ganha duas HQs, que inspiram debates filosóficos sobre a liberdade”. El País. Junho/2020.
No fragmento “ao tropeçar, cravava sua própria adaga no peito.” (L. 8-9), a oração em negrito abrange, simultaneamente, as noções de
- proporção e explicação.
- causa e proporção.
- tempo e consequência.
- explicação e consequência.
- tempo e causa.
Resposta: E
Resolução: “Ao tropeçar” é oração adverbial reduzida, que indica simultaneamente tempo e causa, visto que a oração seguinte é consequência do tropeço e justifica “o final digno de sua desumana ironia”: o Coringa morre no momento do tombo e em razão dele.
12. (Fuvest 2020) O Twitter é uma das redes sociais mais importantes no Brasil e no mundo. (...) Um estudo identificou que as fake news são 70% mais propensas a serem retweetadas do que fatos verdadeiros. (...) Outra conclusão importante do trabalho diz respeito aos famosos bots: ao contrário do que muitos pensam, esses robôs não são os grandes responsáveis por disseminar notícias falsas. Nem mesmo comparando com outros robozinhos: tanto os que espalham informações mentirosas quanto aqueles que divulgam dados verdadeiros alcançaram o mesmo número de pessoas.
Super Interessante, “No Twitter, fake news se espalham 6 vezes mais rápido que notícias verdadeiras”. Maio/2019.
No período “Nem mesmo comparando com outros robozinhos: tanto os que espalham informações mentirosas quanto aqueles que divulgam dados verdadeiros alcançaram o mesmo número de pessoas.”, os dois‐pontos são utilizados para introduzir uma
- conclusão.
- concessão.
- explicação.
- contradição.
- condição.
Resposta: C
Resolução: Os dois pontos no trecho em questão introduzem uma explicação sobre a informação dada anteriormente (“esses robôs não são os grandes responsáveis por disseminar notícias falsas. Nem mesmo comparando com outros robozinhos”), pois ambos espalham não só dados falsos, como também verdadeiros, que chegam ao mesmo número de pessoas.
13. (Fuvest 2019) I.
Diante da dificuldade, municípios de diferentes regiões do país realizaram um segundo “dia D” neste sábado. O primeiro ocorreu em 18 de agosto. A adesão, no entanto ainda ficou abaixo do esperado. Agora, a recomendação é que estados e municípios façam busca ativa para garantir que todo o público‐alvo da campanha seja vacinado.
Folha de S. Paulo. São Paulo. 03/09/2018.
II.
Pensar sobre a vaga, buscar conhecer a empresa e o que ela busca já faz de você alguém especial. Muitos que procuram o balcão de emprego não compreendem que os detalhes são fundamentais para conseguir a recolocação. Agora, não pense que você vai conseguir na primeira investida, a busca por um novo emprego requer paciência e persistência, tenha você 20 anos ou 50.
Balcão de Emprego. Disponível em: https://empregabrasil.com.br/
O termo “Agora” pode ser substituído, respectivamente, em I e II e sem prejuízo de sentidos nos dois textos, por
- Neste momento; Por conseguinte.
- Neste ínterim; De fato.
- Portanto; Ademais.
- Todavia; Então.
- Doravante; Mas.
Resposta: E
Resolução: No texto I, o advérbio “agora” expressa a ideia de que, como a campanha de vacinação não atingiu a adesão esperada, a estratégia deveria ser outra. Portanto, “agora” pode ser substituído por “doravante”, no sentido de “de agora em diante”, “a partir deste momento” “daqui para frente”.
Já no texto II, “agora” marca uma oposição aos períodos anteriores, em que se menciona a necessidade de conhecer a empresa na qual se pretende trabalhar, mas alerta para a perseverança indispensável à obtenção do emprego. Logo, “agora” pode ser substituído por uma conjunção adversativa, como: mas, porém, contudo, entre outras.
14. (Fuvest 2018) Examine esta propaganda
Por ser empregado tanto na linguagem formal quanto na linguagem informal, o termo “legal” pode ser lido, no contexto da propaganda, respectivamente, nos seguintes sentidos:
- lícito e bom.
- aceito e regulado
- requintado e excepcional
- viável e interessante
- jurídico e autorizado.
Resposta: A
Resolução: A propaganda explora de maneira eficiente a polissemia da palavra “legal”. Em linguagem formal, refere-se à qualidade de estar legalizado, dentro da lei, ou seja, lícito. Em linguagem informal brasileira, refere-se a atributos positivos representados pelo vocábulo “bom”.
15. (Fuvest 2017) Nasceu o dia e expirou.
Já brilha na cabana de Araquém o fogo, companheiro da noite. Correm lentas e silenciosas no azul do céu, as estrelas, filhas da lua, que esperam a volta da mãe ausente.
Martim se embala docemente; e como a alva rede que vai e vem, sua vontade oscila de um a outro pensamento. Lá o espera a virgem loura dos castos afetos; aqui lhe sorri a virgem morena dos ardentes amores
Iracema recostase langue ao punho da rede; seus olhos negros e fúlgidos, ternos olhos de sabiá, buscam o estrangeiro, e lhe entram n’alma. O cristão sorri; a virgem palpita; como o saí, fascinado pela serpente, vai declinando o lascivo talhe, que se debruça enfim sobre o peito do guerreiro.
José de Alencar, Iracema.
É correto afirmar que, no texto, o narrador
- prioriza a ordem direta da frase, como se pode verificar nos dois primeiros parágrafos do texto.
- usa o verbo “correr” (2º parágrafo) com a mesma acepção que se verifica na frase “Travam das armas os rápidos guerreiros, e correm ao campo” (também extraída do romance Iracema).
- recorre à adjetivação de caráter objetivo para tornar a cena mais real.
- emprega, a partir do segundo parágrafo, o presente do indicativo, visando dar maior vivacidade aos fatos narrados, aproximando os do leitor.
- atribui, nos trechos “aqui lhe sorri” e “lhe entram n’alma”, valor possessivo ao pronome “lhe”.
Resposta: D
Resolução: A partir do segundo parágrafo, os verbos estão no presente do modo indicativo (“brilha”, “correm”, “espera”, “embala”, “vai”, “vem”, “sorri”, “recostase” e “buscam”). A escolha desse tempo verbal, chamado presente histórico, dinamiza e presentifica as ações para o leitor.
16. (Fuvest 2021) TEXTO PARA A QUESTÃO
Uma última gargalhada estrondosa. E depois, o silêncio. O palhaço
jazia imóvel no chão. Mas seu rosto continua sorrindo, para
sempre. Porque a carreira original do Coringa era para durar
apenas 30 páginas. O tempo de envenenar Gotham, sequestrar
[05] Robin, enfiar um par de sopapos no Homem-Morcego e disparar
o primeiro “vou te matar” da sua relação. Na briga final do
Batman nº 1, o “horripilante bufão” sofria um final digno de sua
desumana ironia: ao tropeçar, cravava sua própria adaga no
peito. Assim decidiram e desenharam seus pais, os artistas Bill
[10] Finger, Bob Kane e Jerry Robinson. Entretanto, o criminoso
mostrou, já em sua primeira aventura, um enorme talento para
se rebelar contra a ordem estabelecida. Seu carisma seduziu a
editora DC Comics, que impôs o acréscimo de um quadrinho. Já
dentro da ambulância, vinha à tona “um dado desconcertante”.
[15] E então um médico sentenciava: “Continua vivo. E vai
sobreviver!”.
Tommaso Koch. “O Coringa completa 80 anos e na Espanha ganha duas HQs, que inspiram debates filosóficos sobre a liberdade”. El País. Junho/2020.
As vírgulas em “E depois, o silêncio.” (L. 1) e em “Mas seu rosto continua sorrindo, para sempre.” (L.2-3) são usadas, respectivamente, com a mesma finalidade que as vírgulas em
- “Após a queda, tomaram mais cuidado.” e “Quanto mais espaço, mais liberdade”.
- “Aos estrangeiros, ofereceram iguarias.” e “Limpavam a casa, e preparávamos as refeições.”.
- “Colheram trigo e nós, algodão.” e “Eles se encontraram nas férias, mas não viajaram.”.
- “Para meus amigos, o melhor.” e “Organizava tudo, cautelosamente.”.
- “Viu o espetáculo, considerado o maior fenômeno de bilheteria.” e “Conheço muito bem”, afirmou o rapaz.”.
Resposta: D
Resolução: “E depois, o silêncio” é uma frase nominal em que há elipse do verbo, indicada pela vírgula, mesma construção de “Para meus amigos, o melhor”. Já na oração “Mas seu rosto continua sorrindo, para sempre”, a vírgula enfatiza o adjunto adverbial de tempo “para sempre”, uma construção similar à de “organizava tudo, cautelosamente”, em que “cautelosamente” é adjunto adverbial de modo.
17. (Fuvest 2020) De acordo com o historiador Martyn Lyons, “nos temores contemporâneos em relação ao acesso ilimitado a sites perigosos da Internet, e às dificuldades enfrentadas por governos de diversos países no policiamento da distribuição da informação, ouve‐se o eco do pânico causado pela invenção da imprensa”.
Martyn Lyons, A história da leitura de Gutenberg a Bill Gates, RJ: Casa da Palavra, 1999.
Escolha a alternativa que demonstre corretamente os elementos de continuidade e de descontinuidade entre a “revolução do impresso” e a “revolução eletrônica” apontados pelo autor.
- As chamadas “revolução do impresso” e “revolução eletrônica” não somente favoreceram a multiplicação e democratização do acesso à informação como também auxiliaram a formação de um público mais vasto e mais crítico.
- A implementação das novas tecnologias de comunicação eliminou a diferença entre os usuários e os excluídos do universo da cultura escrita, tal como se prometera no início de sua adoção.
- A manutenção de índices elevados de circulação de fake news nas redes sociais demonstra que a “revolução da comunicação” depende de quem domina e de quem usa as tecnologias.
- Diferentemente do Index Librorum Prohibitorum promulgado para a atuação da Inquisição no controle da expansão do Protestantismo durante o século XVI, os atuais marcos regulatórios da Internet limitam‐se ao controle da pornografia.
- O advento da tipografia não foi necessariamente revolucionário, pois não mudou a natureza nem o assunto dos livros; já a tecnologia digital suprimiu todas as formas anteriores de comunicação, da oral à impressa.
Resposta: C
Resolução: A resposta compreende a existência de dois agentes na divulgação das fake news: aqueles que as produzem, quaisquer que sejam seus objetivos, e os que as divulgam, por desconhecimento do tema, por incapacidade de avaliação ou mesmo deliberadamente.
18. (Fuvest 2019) TEXTO PARA A QUESTÃO
O povo que chupa o caju, a manga, o cambucá e a jabuticaba, pode falar uma língua com igual pronúncia e o mesmo espírito do povo que sorve o figo, a pera, o damasco e a nêspera?
José de Alencar. Bênção Paterna. Prefácio a Sonhos d’ouro.
A graciosa ará, sua companheira e amiga, brinca junto dela. Às vezes sobe aos ramos da árvore e de lá chama a virgem pelo nome, outras remexe o uru de palha matizada, onde traz a selvagem seus perfumes, os alvos fios do crautá, as agulhas da juçara com que tece a renda e as tintas de que matiza o algodão.
José de Alencar. Iracema.
Glossário:
“ará”: periquito; “uru”: cesto; “crautá”: espécie de bromélia; “juçara”: tipo de palmeira espinhosa.
No trecho “outras remexe o uru de palha matizada”, a palavra sublinhada expressa ideia de
- concessão.
- finalidade.
- adição.
- tempo.
- consequência.
Resposta: D
Resolução: As expressões “às vezes” e “outras (vezes)” indicam circunstância temporal, em que se descrevem as ações da “graciosa ará” em momentos diferentes.
19. (Fuvest 2018) Este último capítulo é todo de negativas. Não alcancei a celebridade do emplasto, não fui ministro, não fui califa, não conheci o casamento. Verdade é que, ao lado dessas faltas, coube-me a boa fortuna de não comprar o pão com o suor do meu rosto. Mais; não padeci a morte de dona Plácida, nem a semidemência do Quincas Borba. Somadas umas coisas e outras, qualquer pessoa imaginará que não houve míngua nem sobra, e, conseguintemente, que saí quite com a vida. E imaginará mal; porque ao chegar a este outro lado do mistério, achei-me com um pequeno saldo, que é a derradeira negativa deste capítulo de negativas: - Não tive filhos, não transmiti a nenhuma criatura o legado da nossa miséria.
Machado de Assis, Memórias póstumas de Brás Cubas.
Não sei por que até hoje todo o mundo diz que tinha pena dos escravos. Eu não penso assim. Acho que se fosse obrigada a trabalhar o dia inteiro não seria infeliz. Ser obrigada a ficar à toa é que seria castigo para mim. Mamãe às vezes diz que ela até deseja que eu fique preguiçosa; a minha esperteza é que a amofina. Eu então respondo: “Se eu fosse preguiçosa não sei o que seria da senhora, meu pai e meus irmãos, sem uma empregada em casa”
Helena Morley, Minha vida de menina.
Nos dois textos, obtém-se ênfase por meio do emprego de um mesmo recurso expressivo, como se pode verificar nos seguintes trechos:
- “Este último capítulo é todo de negativas” / “Eu não penso assim”.
- “Não alcancei a celebridade do emplasto, não fui ministro, não fui califa, não conheci o casamento” / “Não sei por que até hoje todo o mundo diz que tinha pena dos escravos”.
- “Verdade é que, ao lado dessas faltas, coube-me a boa fortuna de não comprar o pão com o suor do meu rosto” / “Ser obrigada a ficar à toa é que seria castigo para mim”.
- “qualquer pessoa imaginará que não houve míngua nem sobra” / “Mamãe às vezes diz que ela até deseja que eu fique preguiçosa”.
- “Não tive filhos, não transmiti a nenhuma criatura o legado da nossa miséria” / “Acho que se fosse obrigada a trabalhar o dia inteiro não seria infeliz”.
Resposta: C
Resolução: Trata-se da expressão “é que”, presente nos dois trechos, chamada expressão denotativa de realce, ou expletiva, usada como recurso enfático.
20. (Fuvest 2017) Evidentemente, não se pode esperar que Dostoiévski seja traduzido por outro Dostoiévski, mas desde que o tradutor procure penetrar nas peculiaridades da linguagem primeira, apliquese com afinco e faça com que sua criatividade orientada pelo original permita, paradoxalmente, afastarse do texto para ficar mais próximo deste, um passo importante será dado. Deixando de lado a fidelidade mecânica, frase por frase, tratando o original como um conjunto de blocos a serem transpostos, e transgredindo sem receio, quando necessário, as normas do “escrever bem”, o tradutor poderá trazêlo com boa margem de fidelidade para a língua com a qual está trabalhando.
Boris Schnaiderman, Dostoiévski Prosa Poesia
De acordo com o texto, a boa tradução precisa
- evitar a transposição fiel dos conteúdos do texto original.
- desconsiderar as características da linguagem primeira para poder atingir a língua de chegada.
- desviar-se da norma-padrão tanto da língua original quanto da língua de chegada.
- privilegiar a inventividade, ainda que em detrimento das peculiaridades do texto original.
- buscar, na língua de chegada, soluções que correspondam ao texto original.
Resposta: E
Resolução: Segundo o texto de Boris Schnaiderman, uma tradução adequada deve, além de basear-se no texto original, adequar-se ao contexto da língua traduzida.