A imagem de Tiradentes — a quem Cecília Meireles qualificou “o Alferes imortal, radiosa expressão dos mais altos sonhos desta cidade, do Brasil e do próprio mundo”, em palestra feita em Ouro Preto

Questão 70


Alferes, Ouro Preto em sombras

Espera pelo batizado,

Ainda que tarde sobre a morte da sonhador

Ainda que tarde sobre as bocas da traidor.

Raios de sol brilharão nos sinos:

Dez vias dar.

Ai Marília, os liras e o amar

Não posso mais sufocar

E a minha voz irá

Pra muita além do desterro e do sal,

Maior que a voz do rei.

(Aldir Blanc e João Bosco, trecho da canção “Alferes”, de 1973.)

A imagem de Tiradentes — a quem Cecília Meireles qualificou “o Alferes imortal, radiosa expressão dos mais altos sonhos desta cidade, do Brasil e do próprio mundo”, em palestra feita em Ouro Preto — torna a aparecer como símbolo da luta pela liberdade em vários momentos da cultura nacional, Os versos do letrista Aldir Blanc evocam, em novo contexto, o mártir sonhador para resistir ao discurso

  1. da doutrina revolucionária de ligas politicamente engajadas.
  2. da historiografia, que minimizou a importância de Tiradentes.
  3. de autoritarismo e opressão, próprio da ditadura militar.
  4. dos poetas árcades, que se dedicavam às suas liras amorosas.
  5. da tirania portuguesa sobre os mineradores no ciclo do ouro.