Noite das Garrafadas (1831)
A Noite das Garrafadas, ocorrida em março de 1831 no Rio de Janeiro, foi um conflito violento entre dois grupos políticos: os portugueses, defensores do imperador Dom Pedro I, e os brasileiros liberais que desejavam maior autonomia e se opunham ao autoritarismo do monarca.
O estopim se deu após manifestações de apoio a Dom Pedro serem recebidas com hostilidade por parte da população, resultando em confrontos nas ruas marcados por agressões com garrafas e pedras — o que deu nome ao episódio. O episódio evidenciou a crescente impopularidade de Dom Pedro I entre os brasileiros, agravando a crise política do Primeiro Reinado e contribuindo diretamente para sua abdicação ao trono, no mês seguinte, em favor de seu filho, Dom Pedro II.
Causas da Noite das Garrafadas (1831)
As causas da Noite das Garrafadas estão ligadas ao crescente descontentamento popular com o governo de Dom Pedro I e ao acirramento das tensões entre brasileiros e portugueses residentes no Brasil. Durante o Primeiro Reinado, muitos brasileiros viam o imperador como autoritário e excessivamente ligado aos interesses portugueses, o que gerava suspeitas sobre sua real intenção de defender a independência e a soberania do país.
A crise econômica, o fechamento da Assembleia Constituinte de 1823, a repressão a movimentos liberais e a perda da Cisplatina também contribuíram para a insatisfação. Além disso, havia uma rivalidade cultural e social entre os brasileiros natos e os imigrantes portugueses que ocupavam muitos cargos importantes no governo. Esse cenário de tensão culminou em confrontos nas ruas do Rio de Janeiro, quando manifestações pró-imperador, organizadas por seus apoiadores portugueses, foram violentamente rechaçadas por brasileiros liberais, desencadeando a Noite das Garrafadas.
Consequências da Noite das Garrafadas (1831)
As consequências da Noite das Garrafadas foram significativas para a história política do Brasil. O episódio expôs de forma clara a impopularidade de Dom Pedro I e a profunda divisão entre brasileiros e portugueses, revelando o desgaste do regime monárquico naquele momento. A violência dos confrontos e a pressão popular intensificaram a crise de legitimidade do imperador, que já enfrentava críticas por sua postura autoritária, a crise econômica e a perda de apoio de setores importantes da sociedade, como os liberais e parte do Exército.
Poucos dias após o conflito, Dom Pedro I abdicou do trono em 7 de abril de 1831, partindo para Portugal e deixando o governo brasileiro nas mãos de uma Regência, já que seu filho, Dom Pedro II, ainda era menor de idade. A abdicação marcou o fim do Primeiro Reinado e deu início ao conturbado período regencial, caracterizado por instabilidade política e disputas pelo poder.